Coluna Preto no Branco: Curto e Grosso

 

 

Por Max Pereira (@pretono46871088 / @MaxGuaramax2012)

Em 6 de fevereiro do ano passado publiquei aqui nessa coluna o artigo “Curtas e Grossas” e escrevi que, horas antes do Atlético realizar o seu primeiro jogo naquele ano, alguns posts de atleticanos haviam me chamado a atenção:

“Preparem-se a raiva está de volta”

“Hoje começa o sofrimento”

“Galo só me faz sofrer”

“O ano estava ótimo até hoje”

“Já sei que a raiva começa hoje”

“Ah! não Galo, adia mais uma semana a volta aos jogos”

Passado quase um ano e depois de um 2020 absolutamente atípico e terrível em razão da pandemia, pouco ou nada mudou nas redes sociais. Estes posts permanecem absolutamente atuais. E, curioso, as “curtas e grossas” também não são muito diferentes. Senão, vejamos:

 

Balcão de negócios?

Existe risco do trabalho com jovens no Atlético se converter em um balcão de negócios? Em 2019 o Atlético havia divulgado que o time de transição iria excursionar pela Europa. Tão logo a notícia se espalhou uma questão assaltou o espírito de vários atleticanos: Vitrine ambulante? A pandemia, porem, frustrou este projeto.

A base atleticana vem chamando a atenção e faz, de fato, uma boa temporada, mas nem tudo é perfeito. O sub 17 e o sub 20 tiveram vários percalços em razão da pandemia, do entra e sai de jogadores, seja em razão da utilização de vários garotos pelo time de transição ou até mesmo por Sampaoli, seja por contusões e suspensões.

E, não menos importante, a tentativa de implantar o mesmo modelo de jogo do profissional trouxe dificuldades para os treinadores e para os garotos. 2020 foi um ano de captação muito agressiva e interessante. Chegaram à base atleticana jogadores de origem e experiências diversas.

Por outro lado, muitos garotos foram dispensados e, com os remanescentes, o Atlético montou novos grupos, formando uma espécie de legião estrangeira. Tudo isso repercute no desempenho dos times e explica as oscilações. Mas, tem um algo mais que precisa ser observado e trabalhado. Nos itens seguintes pontuaremos algumas das questões que, a meu ver, merecem reflexão e cuidados.

 

 – Vender ou não vender, eis a questão!

A história do Atlético é demarcada por vendas de jovens que acabam por deixar o clube antes de maturarem, como foi feito com Bremer, Alerrandro, Cleiton e muitos outros ao longo dos tempos. Se essa prática não for revista, jamais o clube irá fazer uma nova venda nos valores em que Bernard ou mesmo Jemerson foram negociados, honrosas exceções.

 

– De novo é que se torce o pepino, diziam os antigos.

Muitos artistas famosos explicam os altos e baixos em suas carreiras, os períodos de depressão e de desvarios, confessando a sua dificuldade de lidar com a fama, com o sucesso e com os holofotes. Com o jogador de futebol não é diferente. E, quanto mais jovem e inexperiente pior. Não é surpresa, portanto, ver garotos de potencial enorme e muita qualidade como Wesley, Guilherme Santos Talisson e Kevin carregarem uma “máscara” pesada e apresentarem rendimento irregular.

 

– Caixa Preta:

O torcedor comum sabe que existe um time de transição mas nunca o vê jogar. Isso incomoda e intriga. Há alguns anos já se disputa no Brasil o campeonato brasileiro de aspirantes. Por que o Atlético não participa?

 

– Um time vencedor e campeão começa…

Com uma mescla de jogadores experientes e outros saindo da casca do ovo. Tempo de maturação é essencial para a evolução de qualquer jovem atleta. Vender A apenas porque tem B no forno geralmente é um tiro no pé. Cada um tem o seu tempo próprio de maturação. O tempo passa e isso não muda.

 

– Dívidas, uma panela de pressão.

As dívidas devem ser administradas para não se converterem em uma fonte de pressão insustentável, inviabilizando qualquer projeto. Mas, será que o Atlético está mesmo imunizado quanto a isso?

Uma coisa é certa. O Atlético está mudando. Para o bem ou para o mal, só o tempo dirá. Se continuará sendo uma associação sem fins lucrativos, saneada e bem gerida ou se transformará em algum tipo de clube empresa quem viver, verá.

 

– De repente, mais que de repente…

O Atlético tornou-se o grande leão do mercado. 2020 se foi e não são menores as especulações. Alias, são tantas as “notícias”, que se torna, cada vez mais, necessário que alguém continue a fazer o papel do advogado do diabo. Os R$ 20 milhões de investimentos em reforços previstos no orçamento aprovado em dezembro de 2019 pelo Conselho Deliberativo ficaram apenas no papel logo nos primeiros meses de 2020. Em 2021 não vai ser diferente. As contratações de nível especuladas até o momento indicam que, de fato, algo mudou no clube. Mas as reações e as ondas sobre os negócios do Atlético continuam os mesmos.

 

– Que venham os reforços, mas…

Uma preocupação parece não ter fim. Será que a delicada saúde financeira do clube não será de fato agravada? É bom lembrar que a tão propalada austeridade se transformou em uma peça de ficção. Ah! E é bom não esquecer que, além de contratar, vai ser preciso pagar os salários também. E mais: O Atlético estaria rolando as suas dívidas, renegociando-as ou contraindo novos empréstimos com taxas menores?

 

– Parceiros para que te quero…

Há quase um ano usei uma licença poética para definir o meu estado de espirito em relação ao que acontecia com o Atlético naquela época.  Hoje, vejo que também não mudei. Ainda temo que o seu amor seja volúvel e que possa me deixar sem eira nem beira. Licença poética à parte continuo esperando que a sorte do Atlético seja bem diferente. É que, ao mesmo tempo em que o meu coração atleticano não para de sonhar com os reforços ventilados, o meu cérebro racional sempre vai esperar que os contratos de parceria do Atlético com os investidores interessados não sejam leoninos para o clube e que deles não derivem prejuízos para o clube.

 

– Enfim, mais uma vez curto, grosso e cheio de esperança (do verbo esperançar) renovo os votos de…

Que os projetos do Atlético se realizem, que o clube se reforce como o seu apaixonado torcedor sonha, porém, com responsabilidade, que a Arena MRV se torne uma realidade alvissareira e que o Galo Forte Vingador reencontre o caminho das grandes conquistas.

Ah! E não custa lembrar aos homens que conduzem os destinos do Atlético que nunca se esqueçam de que O QUE COMEÇA ERRADO SÓ PODE ACABAR MAL.