Chegamos ao fundo do poço?

 

Por: Alberto Castelli

 

Antes de mais nada, gostaria de salientar o meu respeito pelas pessoas ligadas à direção do Atlético, afinal, são seres humanos tentando desempenhar da melhor forma possível o seu trabalho, além de serem quase que na sua totalidade atleticanos, salvo alguns casos isolados.

Mesmo assim, venho através desse texto trazer um pouco da minha opinião acerca do atual momento vivido pelo Galo, que não é nada animador.

É claro que toda diretoria se vê obrigada a dar resultado dentro de campo, ainda mais se tratando de um clube grande como o nosso. Há também a questão do estádio que está para sair, mas isso não me impede de dizer que o problema do Galo não é só o comando técnico (treinador).

Se voltarmos um pouco na história, vamos observar que o clube vem cometendo erros de avaliação desde o final de 2015 e início de 2016, quando demitimos um treinador, Levir Culpi, que havia sido campeão da Recopa Sul-Americana e Copa do Brasil 2014 e vice-campeão brasileiro de 2015, interrompendo uma sequência de trabalho sem o menor planejamento para a contratação de um outro treinador com as mesmas características para dar continuidade a um projeto que, na minha opinião, não deveria ter sido interrompido.

Voltando ainda mais atrás, durante a era Cuca, onde tivemos credibilidade e aposta no trabalho após um começo ruim do treinador, a diretoria naquela oportunidade bancou o nome escolhido, e o fruto dessa continuidade acabou sendo o maior título da nossa história: a conquista da Libertadores, em 2013.

Passada essa época, os erros de avaliação e a interrupção de uma continuidade no trabalho começaram a fazer parte das decisões das próximas diretorias. Veja o aproveitamento dos treinadores que passaram pelo Atlético nos últimos anos, sem contar as duas passagens de Levir Culpi:

Autuori – 57%
Diego Aguirre – 67%
Marcelo Oliveira – 49%
Giacomini (passagem rápida)
Róger Machado – 62%
Rogério Micale – 50%
Oswaldo de Oliveira – 55%
Thiago Larghi – 55%

Para avaliar todo esse período, seria necessário uma sequência de textos para respeitar uma ordem cronológica e ir enumerando os fatos um a um, mas se pegarmos um deles como exemplo, além de Levir Culpi que já foi comentado um pouco acima, destacaria Róger Machado, que com 62% de aproveitamento foi mandado embora após ter sido campeão mineiro, figurar como líder geral da Libertadores e ainda ter vencido o jogo de ida da Copa do Brasil naquela oportunidade. Este foi um erro de avaliação grotesco, algo que já havia sido cometido antes como no caso do Marcelo Oliveira, por exemplo, em que você que é atleticano sabe muito bem que o cenário foi praticamente o mesmo quando ocorreu a sua demissão.

Assim estamos hoje em um círculo vicioso, onde a diretoria traz um treinador para arrumar o ataque, outro para arrumar a defesa, um outro para fazer o meio de campo jogar, outro para conter os chamados medalhões, mais um para valorizar a base. Sendo assim, não há uma filosofia real de trabalho, não há um planejamento traçado, nem tempo para o cumprimento dessas metas que, na verdade, nem existem no Atlético.
Nos últimos anos ocorreram muitos erros de avaliação constantemente, erros estes que fazem com que hoje o problema do clube não seja só treinador, mas sim um comando estrutural de ideias e ações que possam dar credibilidade e respaldo aos funcionários do Atlético de uma maneira geral, para que os mesmos possam vir a desempenhar da melhor forma o seu trabalho.

Depois que você compreende que o buraco é mais embaixo, fica mais fácil entender porque, por exemplo, o jovem zagueiro Igor Rabello, que é muito bom jogador e fez uma excelente temporada no Botafogo, aqui não rende o mesmo futebol. Ou mesmo o porquê de um jogador do nível do Fred, que não conseguiu desempenhar um bom futebol quando aqui esteve, hoje está “arrebentando” no rival. Há também muitos outros exemplos de grandes jogadores que por aqui já passaram e ainda passam que não conseguem mostrar em campo o que têm de melhor, e assim seguimos improvisando as decisões e o preenchimento de cargos dentro do clube que, na grande maioria das vezes, vêm sendo ocupados por pessoas que não estão devidamente habilitadas para a função como o que aconteceu por tanto tempo no departamento de futebol do clube.

Se chegamos ao fundo do poço? Talvez em termos de resultados já estejamos quase lá. Talvez falte apenas mais um rebaixamento, como o que ocorreu em 2005, para completar os muitos fracassos que a atual diretoria vem acumulando.

Espera-se que os erros sejam assimilados, as metas traçadas e os responsáveis por conduzir o clube possam trilhar caminhos que efetivamente tirem o Galo desse buraco no qual se meteu, voltando o quanto antes a figurar entre os grandes do país, brigando de igual para igual por títulos.

Reage, Galo!

 

 

Revisado: Jéssica Silva

 

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