Quem define o perfil dos jogadores contratados pelo Atlético?
Silas Gouveia
Do Fala Galo
19/01/2020 – 12h21
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Desde que iniciou a gestão Sette Câmara, sempre ouvimos falar que o clube procura jogadores com determinados perfis. Com a chegada de Alexandre Galo, este discurso parecia ganhar ainda mais força, embora a prática não combinasse com as falas.
O discurso do mandatário Alvinegro sempre foi o de que o Galo procurava por jogadores jovens, com alguma experiência e, de preferência, com passagens pelas Seleções brasileiras de base. Alexandre Gallo chegava então com um histórico de ter vivenciado as categorias de base da Seleção e, segundo os mais entrosados com o diretor de futebol, ele já possuía uma lista infindável de jovens promessas brasileiras em praticamente todos os clubes brasileiros e também no exterior.
Entretanto, junto com este discurso de jovens promessas, há ainda o outro discurso de austeridade. Juntar estes dois discursos tem sido a grande dor de cabeça da atual gestão e daqueles que dirigem o futebol no Galo. E, obviamente, as práticas eram quase sempre antagônicas às duas falas preponderantes dos dirigentes. Jovens promessas e preço baixo, ou escambo.
Assim presenciamos contratações como Arouca, Di Santo, Samuel Xavier, Lucas Hernández, em contraponto a contratações como Emerson, Guga, Roger Guedes e jair. Não há muita coisa em comum entre estas contratações, a não ser que todas elas foram feitas na atual gestão de Sette Câmara.
Misturamos jovens promessas, com atletas experientes. Atletas sem custos, ou com baixo custo e atletas caros e sem justificativas para sua contratação. Então afinal, quem define o perfil de atletas que o Galo contrata? E qual seria este perfil?
Nas últimas contratações, o perfil físico e de estilo de jogo dos atletas que chegaram até agora e também daqueles cujos nomes vêm sendo especulados, ao menos parecem se encaixar. Jovens, versáteis (executam mais de uma função em campo) e possuem alguma experiência do futebol profissional (exceção ao Mailton que veio da série B). Allan e Arana, caso este último venha mesmo a ser contratado, possuem perfis muito semelhantes sob vários aspectos. Jogaram em times grandes, tiveram experiência nas seleções brasileiras de base e também em clubes do exterior. Outras características comuns a ambos, são versáteis e não demandaram grandes somas de dinheiro para sua aquisição e nem para pagamento de seus salários.
Em sua última entrevista, o treinador Dudamel ao ser questionado se o elenco já estaria completo e se ele havia indicado algum nome para a diretoria, o mesmo respondeu com mais algumas incógnitas. Disse que havia sim conversado sobre alguns nomes com a diretoria e que o ataque do time precisava de um jogador com estilo e porte físico diferente daqueles que hoje temos no plantel. Vale lembrar que os nomes que temos hoje, por exemplo para centroavantes, são Di Santo e Ricardo Oliveira. Neste caso o treinador tem total razão, pois a substituição de um pelo outro em uma partida, é o mesmo daquele ditado popular: “trocar seis, por meia dúzia”!
O restante do elenco, pensando apenas no setor de ataque, temos outras características que também se assemelham. Neste caso, devemos tentar separar aqueles que jogam de fato mais à frente, daqueles que têm uma função mais no meio de campo. Para o setor de ataque o Galo conta este ano com as seguintes peças: Clayton (deve ser emprestado), Dylan Borrero (recém contratado e muito jovem- 18 anos), Edinho, Hyuri e Maicon (se Deus quiser também serão emprestados). Além de serem poucas as peças disponíveis, de fato as características básicas dos que restam são muito semelhantes. Precisamos ter atletas que possam agregar tecnicamente, mas que também possam servir de opção para uma mudança de estilo de jogo em determinadas partidas.
O técnico parece ter feito uma leitura precisa das carências de ataque. Falta agora saber se quem define as contratações, saberá escolher as melhores opções no mercado, sempre seguindo a máxima de jogador jovem, promissor e barato. Mas por mais boa vontade que possamos ter com quem esteja no comando das negociações atuais, é difícil pensar em um nome de um centroavante disponível no mercado, que se encaixe nestas características até então mais claras a todos nós. Difícil encontrar um centroavante jovem, promissor e de baixo custo no mercado. As melhores opções no mercado, no mínimo não são tão jovens e nem tão baratos assim.
Então, de duas uma: Ou quebram um pouco esta regra (perfil de contratações até agora), ou não teremos uma mudança tão significativa em relação às opções que temos hoje disponíveis no plantel do Galo. Será que, quem de fato manda quando o assunto são as contratações, estariam dispostos a investir em um jogador que fuja às características definidas pelos investidores e gastem dinheiro com um atacante mais velho, com muita experiência e que custe um pouco mais caro do que aqueles que estão sendo negociados ultimamente? Seria esta, a posição que eles estariam dispostos a gastar, para trazer o tal jogador “pra vender camisas”?
O tempo vai passando, o campeonato Mineiro já começa nesta semana e o que a torcida percebe é que o time, apesar de ótimas contratações até aqui, ainda não é um time que encha os olhos dos torcedores e, muito menos, os estádios de futebol. Temos um time, até agora, que talvez consiga não passar tanto sufoco como em 2019 e se garanta sem muitos sustos na série A do brasileiro. Nada a mais que isto. Ganhar o Mineiro passou a ser uma obrigação para esta gestão, por tudo o que está envolvido este ano. Rival despencando em dívidas, nível técnico baixíssimo do Mineiro, técnico estrangeiro e de renome no Galo e o final de um mandato do Sette Câmara, que não conseguiu sequer um título do Mineiro em seu mandato até aqui. Ou seja: perder o Mineiro deste ano é caso de impeachment do presidente e demissão sumária de toda equipe que comanda o futebol. Esta é a realidade! Mas o que se sabe é que o presidente planeja conquistar mais um mandato este ano. Então, não há escolha! Vão pra cima!
Entretanto, seguindo a lógica da austeridade e d falta de grana do clube, terão de convencer a quem de fato manda e define o perfil de contratações, que precisam gastar com alguém fora de seu perfil. Ou, gastar aquilo que está previsto no orçamento (20 milhões de reais, ou dois Fred’s) para trazer um único e bom atacante. Convenhamos, não é tanta grana assim.