Coluna do Silas: A visão de quem não quer enxergar…

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Por: Silas Gouveia e Denílson Rocha, do Fala Galo, em Belo Horizonte

Há um dito popular que diz assim: “O pior cego é aquele que não quer enxergar”! Há uma inteligência e perspicácia enorme neste dito, que até mesmo quem não tem muito estudo consegue compreender. Ele transmite uma mensagem simples, rápida e objetiva a todas as pessoas, independentemente de sua escolaridade. Mas para aquele que de fato não quer enxergar, nem isto é compreendido. Há, neste tipo de pessoa, uma desonestidade intelectual – que pode ser entendida como caráter duvidoso, em especial quando falam de um assunto do qual não têm grandes conhecimentos ou que se sujeitam a ser influenciados, sabe-se lá por quem ou por qual interesse.

Para quem não quer enxergar, vale apenas aquilo que ele quer entender ou defender como verdade absoluta, mesmo tendo tudo contra sua retórica, e ainda que não consiga se sustentar ao mínimo confronto de ideias ou de informações. Na falta de argumentos, apela, ofende, grita, dá chilique, aumenta o tom de voz… E quando isto acontece, a desonestidade não pode ser vista apenas como intelectual, mas geral. A falta de caráter prevalece e se sobrepõe à mais simples realidade explícita a qualquer um, mesmo ele.

Para quem não quer enxergar, as divergências políticas ou ideológicas são o pano de fundo para o desenvolvimento de teorias ou retóricas insensatas, o que torna ainda mais nefasto este tipo de postura. Quando faltam justificativas, xinga a mãe, apela para o político de estimação, até lutas sociais legítimas são desgastadas no uso apelativo de quem não tem argumentos. Até chegam ao cúmulo de te chamar de cr****ense (não vamos usar essa palavra de segunda categoria neste espaço tão nobre).

Para quem não quer enxergar, não é possível ver que debater qualquer assunto com entendimento diferente daquele predominante é sempre salutar e desejável. O debate tira do mesmismo, da zona de conforto, da acomodação. O debate de ideias abre novos horizontes, estimula o pensar, traz aprendizado e evolução.

Para quem não quer enxergar, o que se vê em certas pessoas é a distorção dos fatos e realidades em prol daquele interesse escuso e escamoteado de suas palavras, ditas sem o mínimo de pudor ou ressentimentos. A realidade é fluida – obviamente, sempre modulada para atender aos seus interesses e desqualificar qualquer um que ouse confrontá-lo com fatos e dados.

Para quem não quer enxergar, de nada adianta dizer que estaria apenas transmitindo ideias de um grupo de pessoas, pequeno ou grande, visto que simplesmente não se pode comprovar. São achismos ou apenas a manifestação individual travestida de porta-voz. Voz própria ou seria, na verdade, um “boneco de ventríloquo” utilizado como uma marionete direcionada a atingir um adversário (por vezes até imaginário).

Os tempos atuais deram voz a todos. A internet e as redes sociais permitiram que qualquer um de nós fale sobre qualquer assunto, a qualquer hora. Devemos procurar entender o mínimo possível sobre o tema que se pretende dissertar. E devemos questionar se quem está falando conhece minimamente sobre aquele tema. Os especialistas se multiplicaram mesmo sem saber nada. Os entendedores estão a cada clique (e à caça de cliques) mesmo sem conhecer nada. Os influenciadores estão em busca dos que aceitam passivamente seus discursos milagrosos. As mentiras continuam sendo repetidas até serem tratadas como verdades (ou pós-verdades, no jargão pós-moderno). E as fake news viram apenas news.

Por quê? Por quê? Por quê? A criança curiosa reaparecer para questionar, duvidar, buscar esclarecimentos. Me convença!!!! Há controvérsias!!!! O personagem de humor nos dá os ensinamentos. Cuidados… há raposas e urubus em pele de jornalista.