O Uruguai é logo ali – Por Cris Bastos
Começou a Libertadores para o Galo e aí o coração do atleticano bate diferente. E eu vivi um sonho. Preparei uma mala para quatro dias, com oito camisas do Galo e uma ansiedade que não cabia em mim. Partiu Confins, o Uruguai é logo ali.
Eu comecei a frequentar o Mineirão ainda na adolescência, nascida em uma família de torcedores rivais, sem uma companhia masculina nos anos 90, foi difícil chegar até as arquibancadas. Ainda me recordo da minha primeira vez no Gigante da Pampulha e de lá para cá foram 25 anos. O frio na barriga, o arrepio e toda emoção que sinto a cada jogo, nada mudou. Nos dias de hoje o Galo ainda exerce sobre mim uma explosão de sentimentos inexplicáveis. E chegou a hora de realizar um sonho: viajar para acompanhar o Galo em uma partida fora de BH. Demorou, mas para quem nunca tinha saído de Minas para um jogo de futebol, Deus reservou pra mim um roteiro especial: um jogo de estreia na Libertadores.
Uma conexão em SP e aos poucos já era possível identificar outros atleticanos rumo ao Uruguai. Cada um à sua maneira, mas todos com um orgulho de mostrar a sua atleticanidade a todo momento. Algumas manifestações dentro da aeronave e em instantes já éramos amigos de infância. A todo momento meu coração se alegrava e eu agradecia a Deus por tudo aquilo. Fiz as minhas orações desejando que cada momento vivido ficasse guardado na minha memória para sempre. Pouso feito na manhã e lá estava eu em Montevidéu. Aqueles novos velhos amigos feitos durante o vôo já tinham um plano traçado e certamente a minha estreia seria inesquecível.
A cada dia outros atleticanos iam chegando e Montevidéu foi ficando cada vez mais preta e branca.
Uma família, amigos nunca vistos anteriormente e a semelhança de alma alvinegra transformava nossos encontros em um típico reduto de atleticanos.
Sabe aquela ansiedade que a gente sente em dia de jogo do Galo? Achei que não teria. Pensei que a rotina de uma turista seria capaz de ocupar meus pensamentos e não daria espaço para pensar o dia todo na partida que aconteceria naquela noite. Ledo engano. Contei nos dedos cada hora do dia para chegar nossa estreia. O estádio que aconteceria a partida eu já havia conhecido no primeiro dia da viagem. Se tratando do Galo, todo atleticano é PHD, mas para a gente toda e qualquer disputa do Galo é motivo de vibração e muita torcida.
Saí cedo para o local do jogo e fui viver a minha estreia, torcedores do Danúbio pediam pra tirar foto e isso já me enchia de orgulho. Naquele momento eu representava uma nação, eu era ali a personificação de uma instituição que eu tanto amava. Aquela menina que na década de 90 enfrentava uma série de preconceitos quando frequentava o Mineirão estava em outro país para assistir a uma partida de futebol do seu time de coração.
Um estádio simples, com uma estrutura física até precária, aos meus olhos se transformou em um estádio mais que especial no momento em que nossos atletas entraram em campo. Uma taquicardia tomou conta de mim, não consegui segurar as lágrimas. Jamais vou esquecer tudo aquilo, mesmo que o futebol dentro de campo não tenha sido de encher os olhos. Não saímos com a vitória no placar, mas o que eu vivi e senti naquela noite jamais será esquecido.
Hora de voltar para casa, agora é aqui, estarei no Horto na próxima terça-feira pra fechar o capítulo que começamos a escrever no Uruguai. Que seja um jogo de garra, competitividade e uma boa vitória.
Nós atleticanos torcemos contra o vento. Aqui ou no Uruguai, do Oiapoque ao Chuí, honraremos o nome de Minas e a nossa emoção ao ver aquela camisa em campo será imortal.
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