Foto: Flickr oficial do Atlético
Max Pereira
22/10/2020 – 08h14
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No futebol não se ganha jogo com frases feitas, mas que o Atlético tem que se cuidar em mais de uma frente se quiser sagrar-se campeão brasileiro na atual temporada é mais obvio do que a própria obviedade,
Que o Atlético, como muitos atleticanos defendem, tem que fazer a parte dele dentro de campo é claro como água. Que o Glorioso, por vezes, também deixa a desejar e deixa para trás pontos em jogos onde, teoricamente, teria a obrigação de ganhá-los, como aconteceu diante do Botafogo, do Fortaleza e do Fluminense, é fato corriqueiro na historia do clube. Mas, que o Atlético tem que cuidar dos bastidores para não ser atropelado pelo extracampo como já o foi varias vezes no passado, também me parece óbvio e ululante. Um olho no gato e outro peixe.
Tem razão aquele torcedor que alerta para que o atleticano não entre na pilha dos segmentos da imprensa que claramente mostram que não querem ver o Galo campeão. Fechado com o Galo e focado no time sim, mas sempre de olho no extracampo, pois este não é ficção. Os adversários não descansam nunca.
Parece claro, mas muitos não percebem que um erro contra o Galo pode, por vezes, não beneficiar apenas o adversário daquele jogo e, sim, favorecer a outro(s) clube(s). E um erro a favor do Atlético nunca tem perdão.
O São Paulo, por exemplo, foi à CBF debater possíveis erros de arbitragem a seu desfavor e conseguiu alterar o arbitro que seria o responsável pelo VAR no seu jogo contra o Grêmio, realizado sábado passado, 17/10. Um precedente muito perigoso.
Além disso, tentou substituir Rafael Traci, arbitro que comandou o VAR no seu jogo contra o Atlético e que estava escalado para apitar o seu duelo contra o tricolor gaúcho. Não conseguiu, porque o incidente contra o Galo ocorreu há mais de um mês e o árbitro já teria recebido as punições devidas pelo erro cometido a desfavor do tricolor paulista. A pergunta que não quer calar: Como pau que dá em Chico deveria dar em Francisco, os árbitros que cometeram erros em outros jogos contra outros clubes também já foram punidos?
Mal o jogo do Morumbi acabou o Grêmio, escudado nas decisões claramente polêmicas do VAR, botou a boca no trombone pedindo a anulação da partida. É o chamado efeito dominó.
Em 23 de maio passado no artigo “FUTEBOL BRASILEIRO: UMA REALIDADE EM CONTÍNUA…” discorri sobre como o Atlético perdeu para o sistema e ao lembrar que o futebol é um negócio multibilionário, mostrei que o esporte bretão se transformou em um sistema complexo e muito perverso para vários clubes.
Assim, e sem surpresa alguma, é fácil perceber que o lado comercial tem um papel fundamental na gestão do futebol e no trato das entidades envolvidas. Não à toa, a “briga” contra os clubes de São Paulo e Rio de janeiro, pela ordem os dois maiores mercados publicitários do país, é muitas vezes inglória, não só para o Atlético, como para outros clubes, com exceções pontuais, de outros estados. Sem falar que o Rio de Janeiro ainda é o centro histórico e lúdico do futebol no Brasil e sede do comando do esporte no país.
E não é por outra razão que as grandes redes de televisão, sediadas nesses dois estados, privilegiam em seus programas os clubes do eixo, justamente aqueles que lhes oferecem os melhores índices de audiência. Isso também explica porque as receitas de clubes como Flamengo e Corínthians, detentores das duas maiores torcidas do país, sempre foram muito superiores a de outros grandes do futebol brasileiro como o próprio Atlético.
Alguém ainda duvida que o maior ou menor envolvimento de parceiros se orienta pelo lado comercial, tendo o retorno como a principal alavanca do investimento?
Isso tudo por si só torna desproporcionais as disputas. Para minimizar as distorções muitos defendem o “fair play” financeiro. Mas, a verdade é que outros tantos ainda fazem vistas grossas em relação a essas distorções. E aí, haveria prática de “doping” financeiro no futebol?
Em 17 de março do corrente ano, dentre outras coisas, escrevi no artigo “PROTAGONISTA OU COADJUVANTE? SER OU NÃO SER CAMPEÃO E VENCEDOR. EIS A QUESTÃO!” que as chegadas de Sampaoli e Alexandre Mattos mudariam radicalmente o cenário do clube e que, obviamente, o Atlético ficaria mais exposto a um tipo de noticiário virulento e desestabilizador, além de se tornar personagem obrigatório dos programas esportivos, manchetes, jornais, blogs e comentários dos mais diversos segmentos da imprensa convencional. Isso para não falar da mídia alternativa sempre ávida de cliques e de audiência.
Já no artigo “PARA GANHAR UM CAMPEONATO É PRECISO VENCER O JOGO DO EXTRACAMPO”, publicado no dia primeiro do corrente mês, frisei que “hoje e sempre tem Galôôôô no imaginário do torcedor, nas fofocas dos maledicentes, nas fake news dos vampiros de sempre, nas notícias tendenciosas dos tabloides sensacionalistas, nos comentários venenosos dos “formadores” de opinião de plantão, nas ações casuísticas da turma do contra”.
Mas, este é apenas um lado da moeda. Se o clube já se mostrou “n” vezes susceptível às ações desestabilizadoras de agentes externos, também tem se mostrado rico em desacertos internos, medidas desastrosas e inabilidades mil, tanto em relação à sua vida administrativo-financeira e politica, quanto em relação ao trato do futebol.
Que o time ainda não está pronto salta aos olhos até do mais incauto dos observadores. E que os ajustes necessários demandam tempo é do conhecimento de quem conhece futebol. Mas, mais que acreditar no trabalho que está sendo feito, é fundamental ao atleticano estar vigilante e saber cobrar. Mais que engrossar o coro “Oh! Oh! Oh! Queremos jogador!” é preciso saber o que e como cobrar.
É preciso, por exemplo, saber cobrar e exigir do clube e dos homens responsáveis pelo futebol que cuidem para que o Atlético não mais se perca no labirinto de seus próprios erros. O Atlético historicamente sempre pecou pela irregularidade o que, em disputas de tiro longo como o Brasileirão, é fatal. Contra tudo, contra todos e contra, também as suas idiossincrasias.
Entrar em todo jogo com “sangue nos olhos” e “faca nos dentes” é o quer Sampaoli e cada galista apaixonado. E diagnosticar e corrigir o que vem fazendo o time, por vezes, perder o foco mais do que deveria é o que devem fazer os homens responsáveis pelo futebol do Atlético.
E Ficar com um olho no peixe e o outro gato é missão de cada atleticano, seja dirigente ou não.