Para ganhar um campeonato é preciso vencer o jogo do extracampo
Foto: CBF
Max Pereira
01/10/2020 – 06h
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A história do Atlético tem assunto para uma enciclopédia de mil e um volumes. “Hoje não posso. Hoje tem Galôôôô!”, é uma frase que explica o espirito atleticano nos dias dos jogos do Atlético. Mas, desculpem, vou parafraseá-la:
Não importa se posso ou não posso, mas hoje e sempre tem Galôôôô no imaginário do torcedor, nas fofocas dos maledicentes, nas fake news dos vampiros de sempre, nas notícias tendenciosas dos tabloides sensacionalistas, nos comentários venenosos dos “formadores” de opinião de plantão, nas ações casuísticas da turma do contra. Sempre tem Galôôôô!
Fakes ou fatos, assim são as histórias de um líder em ebulição. E quem quer ser campeão precisa escrever uma historia vencedora.
As duas ultimas semanas atleticanas resumem bem a existência de um gigante sempre em convulsão. Dentro de campo, duas vitorias consagradoras, com direito a dois “hat trick” do mesmo jogador e à liderança do Brasileirão, com um jogo a menos que o segundo colocado. E KENOites viveu o Galo. Teve até uma arriscada e perigosa, porém apoteótica RUA DE FOGO para receber os atletas alvinegros nos arredores do Gigante da Pampulha. (Manter KENOites desse jeito)
Fora das quatro linhas, o Atlético foi da agonia ao êxtase e do céu ao inferno. O Atlético lembra muito um vulcão adormecido que, vez ou outra acorda e a tragédia se anuncia. De repente, o Vesúvio alvinegro entra em erupção e salve-se quem puder. Geratriz de suas próprias crises e vulnerável ao extremo às ações de agentes externos hostis, o Atlético escreve muitas vezes certo por linhas tortas e outras tantas errado por linhas quase sempre sinuosas.
Entre possíveis contratações que revoltaram a massa, passando pela saída melancólica de seu mais talentoso camisa 10 desde a passagem do Bruxo, o torcedor atleticano, ao mesmo tempo em que gozava a liderança daquele que é tido como o maior campeonato do mundo, experimentou mais uma vez o sabor da magia com a visita do astro Ronaldinho Gaúcho, sonhou com Cavani, viu o clube implantar o seu Portal de Transparência, assistiu o lançamento da pedra fundamental da Arena MRV e a inauguração do Centro de Experiências da nova casa do Galo.
Gente é verdade. Não é que parte da massa vaiou e xingou R10 só porque o craque, em plena pandemia, não contribuiu com a aglomeração não distribuindo abraços e selfs? Histriônica e bipolar como sempre.
Mais do que tornar possível a divulgação de resultados trimestrais e até mensais, a implantação do SAP no Atlético, é sim, uma quebra de paradigma. Uma evolução que tem que ser louvada e comemorada. A informação é direito de todos. A transparência é o símbolo da boa governança.
Nesse sentido, o Portal atleticano deve ser visto na sua exata dimensão, ou seja, como um marco importante para a instituição, que ainda deverá ser aperfeiçoado e aprimorado.
Sobre transparência, Immanuel Kant, um dos mais notáveis filósofos da história da humanidade nos ensinou que “tudo o que não puder contar como fez, não faça!” Ou: “o que não pode ser contado e mostrado, não deveria ter sido feito”.
Mas, peço licença ao grande mestre para lembrar que, no mundo corporativo, os segredos de negócio de qualquer entidade ou empresa têm que ser preservados e protegidos, não porque sejam necessariamente pecaminosos, inconfessáveis ou desonestos e, sim, porque são estratégicos e fundamentais ao sucesso.
Tudo que está acontecendo no Galo, não é obra do acaso. Talvez nem seja da vontade especifica deste ou daquele dirigente. Mas, com certeza é algo que se tornou imperativo para o clube não afundar.
Além disso, as falas de Rubens Menin, hoje principal parceiro do clube, evidenciam pleno entendimento de que o futebol é um negócio milionário e que para que o Atlético se torne protagonista do esporte bretão nessas terras tupiniquins, era fundamental modernizar e profissionalizar a gestão da instituição. Não se trata, pois, de cuidar tão somente da sobrevivência do clube. É algo muito mais ambicioso.
Com essa finalidade foram contratadas as quatro auditorias que, dentre outras medidas e ações, exigiram enxugamento e eficiência na máquina administrativa, impondo metas, objetivos e orçamentos enxutos. Compatibilizando tudo isso com essa paixão louca e impar da massa atleticana, o Glorioso com certeza se consolidará para sempre no topo do futebol brasileiro e, por que não, do futebol mundial.
O próximo e obrigatório passo vai ser modernizar o estatuto do clube com ferramentas modernas de gestão e compliance, de modo que os futuros dirigentes não sejam e nem ajam como donos do clube e, sim, sejam administradores responsáveis e competentes.
Aqui faço um alerta: esse processo é lento, doloroso para muitos atores, dentro e fora do clube, de avanços e de recuos, de erros e de acertos. E a historia escrita pelo Atlético nessas duas ultimas semanas não apenas reflete a sua própria existência, mas também e, principalmente, escancara os desacertos de gestão que ainda devem ser corrigidos se o Atlético quer, de fato, alcançar uma excelência de governança.
A passagem e a saída de Cazares do Atlético revelam, por exemplo, e além de uma péssima gestão de recursos humanos, problemas graves de transparência.
A história do Atlético é repleta de “incidentes” casuísticos e tremendamente prejudiciais ao Glorioso.
Desde arbitragens terríveis a suspensões fortuitas, como a do Rei antes da final do Brasileirão de 77 contra o São Paulo, passando pelo escândalo do Serra Dourada e o adiamento de um jogo contra o Flamengo quando o Galo vinha embalado e o rival carioca em baixa, o Atlético vem, há décadas, experimentando frustrações e sendo derrotado pelo extracampo.
Todo o cuidado é pouco. Não atoa o Galo recorrentemente sofre ataques de toda ordem visando desestabilizar o clube e o time. Os ataques que, por exemplo, visam derrubar Sampaoli são prova irrefutável do quanto o atlético incomoda e do quanto o clube tem que se blindar e a seus profissionais.
Enquanto o time atleticano se acerta sob o comando de Sampaoli e se qualifica como candidato potencial ao titulo do Brasileirão 2020, nos porões do futebol surgem articulações mil com o objetivo de melar a competição e/ou atender a interesses inconfessáveis de A ou B.
Ao mesmo tempo, segmentos da mídia do eixo Rio – São Paulo já começam a defender a paralisação do campeonato sob o defensável argumento da proteção da saúde e da vida dos profissionais envolvidos, diante dos surtos da Covid19 registrados no Flamengo e no Fluminense.
Mas, como explicar que alguns clubes que pleiteiam o adiamento de seus jogos usando o Corona Vírus como bandeira, são os mesmos que estão defendendo a volta do público aos jogos? Uma vela a Deus e outra ao Diabo.
Vale a pena repetir uma tese que venho sustentando há anos e que já foi mote de vários artigos: TUDO O QUE ACONTECE DENTRO DE CAMPO É REFLEXO E CONSEQUÊNCIA DO QUE OCORRE FORA DAS QUATRO LINHAS.
O Atlético já reforçou o time, contratou um técnico de ponta e ainda promete novidades para o elenco. É preciso cuidar também do time de paletó e gravata, do time que vai jogar um jogo pesado, onde não tem amadores. Os inimigos não darão refresco. E não faltarão trovões, tempestades, tsunamis e crises, seja em relação à politica interna do clube, seja em relação ás conspirações nos bastidores do Brasileirão.
Chega de chorar sobre o leite derramado. O Atlético precisa aprender a escrever uma história de time campeão.
PARA A MASSA SOLTAR O GRITO DE “É CAMPEAO!!!”, É PRECISO QUE O ATLÉTICO VENÇA O JOGO EXTRACAMPO.