Coluna Preto no Branco: não é maluco, é Atlético Mineiro
Por Max Pereira, do Fala Galo, em Belo Horizonte
Assim poderia ser definido o noticiário do Atlético neste período de entressafra do futebol. No artigo “AS REDES SOCIAIS, A IMPRENSA E O SAMBA DO ATLETICANO DOIDO”, publicado em 14 de janeiro de 2020 nesta coluna, escrevi que nessa época do ano o disse me disse e as notícias plantadas aqui e ali, algumas surreais e outras claramente maldosas e com endereço certo, dominam o “noticiário” esportivo e acabam por povoar o imaginário de qualquer aficionado pelo futebol que, entre sobressaltos e pesadelos, já não sabe mais no que acreditar e em quem confiar.
Em relação às notícias e às coisas do Atlético, então, a situação costuma chegar a tal ponto de, inclusive, as bizarrices se tornarem comuns e incrivelmente normalizadas por muitos atleticanos, não obstante os claros requintes, ora de perversidade, ora de extremado ridículo, com que diversos “formadores” de opinião, seja na mídia tradicional, seja nos mais diversos perfis nas redes sociais, compõem o que, naquele artigo, inspirado na genial e deliciosa paródia composta pelo saudoso escritor e jornalista Sérgio Porto, o imortal Stanislaw Ponte Preta, chamei de Samba do Atleticano Doido.
A triste espetacularização da busca de um treinador e os movimentos do Atlético no mercado da bola, caracterizados predominantemente por saídas tidas como inevitáveis em razão de valores teoricamente considerados irrecusáveis e a promessa de outras tantas vendas pelos mesmos motivos, não só assustam parcela significativa de sua massa torcedora, como justificam as propostas grotescas que, segundo essas mesmas fontes, o Glorioso vem recebendo por vários de seus atletas e que, o próprio clube, além de não negar, por vezes acaba confirmando. O grande problema continua sendo o conceito de “irrecusável”, palavra sempre jogada aos quatro ventos para justificar o negócio.
Não é necessário explicar que o elenco do Atlético fechou a temporada passada valorizado e, como não poderia ser diferente, com os seus jogadores cobiçados por clubes de dentro e de fora do Brasil. Era de se esperar que o Atlético explorasse essa valorização e não explicitasse para o mercado um desejo quase obsessivo de cumprir as metas de vendas projetadas em sua peça orçamentária, como o clube estranhamente vem fazendo sem nenhum disfarce e seus dirigentes sequer tentam esconder.
E é inexplicável que o clube não entenda que a forma, absolutamente amadora como essa transição de temporada e de elenco está sendo conduzida e repercutida, gera, mais do que a desconfiança cada vez mais crescente da torcida e o desrespeito do mercado para com o clube, total insegurança no elenco o que inevitavelmente levará o comando atleticano ao descrédito diante dos jogadores e funcionários. O Atlético, como sempre, permitindo que os inimigos do clube façam de um pingo uma tempestade catastrófica.
Não custa repetir que, tocado em todos os ritmos e tons nas redes sociais e na imprensa tradicional, quase sempre em primeiro lugar nas paradas das fofocas, o Samba do Atleticano Doido não se resume apenas aos Fake News e às ‘notícias’ plantadas em razão de interesses vários. Vazar para atrapalhar os negócios do Atlético parece causar um prazer orgásmico em muita gente “boa”. A sedução do furo parece normal para o jornalista profissional, mas, para atleticanos, dublês de jornalistas e comunicadores, é triste, muito triste. Patético, até.
Mas, por amor à verdade e à justiça a crítica não pode e nem deve ficar restrita ao clube, seja por continuar pecando gravemente em sua comunicação institucional, seja por, intencionalmente ou não, permitir, aqui e ali, vazamentos estratégicos ou não, e nem aos mais diversos veículos de comunicação e perfis que recorrentemente exploram o noticiário atleticano de forma panfletária e nociva ao clube, seja por qual razão for.
O circo da comunicação burlesca em torno dos negócios e das investidas do Atlético à busca de um treinador também é muito apreciado por um sem números de pessoas que, além de não questionar absolutamente NADA, recebem uma informação e a tomam acriticamente como a mais absoluta das verdades e saem repetindo aquilo, que leram ou ouviram como fazem os papagaios. E pior, sem a mínima capacidade para interpretar um texto, muitos saem por aí divulgando aquilo que mal conseguiram ler e entender e, claro, sem refletir a realidade dos fatos.
Nunca é demais lembrar que o atleticano, em particular, sempre se deixa fascinar por qualquer boato ou disse me disse negativo sobre o clube. O histórico de frustrações e decepções certamente justifica essa tendência masoquista do torcedor alvinegro que, também é useiro e vezeiro em desenvolver rejeições totalmente desproporcionais a certos nomes, seja entre aqueles ventilados como reforços, seja àqueles pobres coitados que, ao longo dos tempos, vem sendo escolhidos para Cristo dentro elenco.
Criticável também é a postura daquela ala da torcida que nada sabe dos bastidores, mas se esmera em xingar e em esbravejar e, quase sempre, em cobrar o que não deve ou não pode ser cobrado. Imediatismo e o negativismo são a tônica de muitos perfis.
Confesso que, como atleticano que sou e, portanto, prenhe dos mesmos sentimentos de aflição e angústia comuns a qualquer outro galista apaixonado e às vezes cego pela paixão, me vejo perdido no meio de tantas especulações e, antes mesmo de ter tido o cuidado de checa-las, filtra-las e analisa-las com o devido cuidado, e impulsionado a sair xingando e esbravejando como um louco.
Coisas de maluco. Coisas de atleticano. Afinal, tudo isso não é maluco. É Atlético Mineiro.