Coluna Preto no Branco: Ei, Atlético! Segura esse rojão, pô!

Foto: Flickr oficial do Atlético

 

Por: Max Pereira / @pretono46871088 @MaxGuaramax2012

Confesso que estou tremendamente agastado com tudo o que está acontecendo com o Atlético. Não, não foi apenas e simplesmente o fato de o Glorioso ter abdicado do titulo. Mas a forma como tudo aconteceu.

Acompanho e vivo o Atlético há mais de meio século e o que já assisti nesses anos todos não supera os acontecimentos dos últimos dias. Encontrar palavras para definir estes dias de Galo, estes dias insanos que tentei descrever no artigo de mesmo nome (https://www.falagalo.com.br/preto-no-branco/dias-de-galo-dias-insanos/), não é das tarefas mais fáceis, não obstante a língua portuguesa ser uma das mais ricas do planeta em expressões, sinonímias e neologismos.

É que palavras como surreal, absurdo, ignóbil me parecem insuficientes para qualificar tudo o que aconteceu e ainda está acontecendo com o Galo que, até então, eu acreditava ser o mais querido do mundo, como meu velho e saudoso pai me ensinou mal eu começava a dar os meus primeiros passos.

O grande Chico Buarque de Holanda descreveu certa vez e, com a mestria e o talento que lhe são peculiares, a saga de uma mulher ingênua, bondosa e que também tinha lá os seus caprichos. Mas com certeza por ser formosa e dadivosa, e por isso poderosa, foi amaldiçoada. E a gentalha da cidade onde ela vivia sempre a maldizia e denegria. Afinal, não é pra isso que ela servia?

Assim como a Geni do Chico, o ingênuo, bondoso, dadivoso, mal gerido e mal amado Atlético é vitima de todo nego torto. E do Mineirão até o Horto, já foi namorado, amado, idolatrado e endeusado. O seu manto já vestiu errantes, cegos e retirantes. E já cobriu rico e quem não tem mais nada. Sempre foi assim desde aquele 1908 que já vai distante. Sempre foi o time dos detentos, das loucas, dos lazarentos, dos moleques do internato e dos que vivem no anonimato. Sempre alegrou amiúde os velhinhos sem saúde e as viúvas sem porvir. Mas também sempre incomodou a gregos e a troianos. E, por isso, ciclanos, beltranos e fulanos vivem a repetir:

“Joga pedra no Atlético! Joga pedra no Atlético! Ele é feito pra apanhar! Ele é bom de cuspir! Ele perde pra qualquer um! Maldito Atlético sem BI!”

Mais uma vez peço licença ao grande compositor para também usar, parafrasear e parodiar outros de seus versos e com eles lembrar que aqui na terra tão jogando futebol, tem muito samba, muito choro e rock’n’roll. Uns dias chove, noutros dias bate o sol, mas o que eu quero dizer é que a coisa lá no Atlético tá preta. E não duvide, ainda tem a praga do Covid. Devagar, devagarinho ela vem chegando. É a vacina. Os mais velhos vão tomando, enquanto o Atlético amarga a sua sina.

Muita mutreta pra forçar a situação para que o Galo vá de encontro à arrebentação. A torcida vai levando de teimosa e de pirraça. Mas é a paixão e a raça que fazem a Massa segurar esse rojão.

Meus caros amigos eu quero mesmo é provocar, é atiçar sua curiosidade e despertar sua vontade de saber por que nessa cidade e em outros lugares querem acabar com o Galo de verdade.

Muita pirueta para vender a enrolação, E a gente engolindo cada sapo jogo sim, outro também. Mas a gente vai se cuidando, sem desistir e sem dizer amém. Só assim, a gente segura esse rojão. Só de birra, só de sarro, a gente vai fazer desse Galo um grande campeão. Afinal, nosso santo não é de barro e para quem já venceu o vento, é fácil empurrar esse Galão.

Já escrevi e vale repetir que o Atlético vive um dos períodos mais insanos de sua historia. Nada surpreendente para quem, como já aludi outras vezes, sempre foi um caldeirão explosivo de emoções e incompetência.

Em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão. E pão no caso do Atlético é comando, gestão, governança, transparência.

E como cantou Zé Paulo Sierra, tem gente falando demais. Tem gente da gente que fala demais. E a diretoria, como sempre, falando de menos. Tem profetas da escuridão que não vieram para somar, só para subtrair e dividir.

Mas, enquanto muitos malditos jogam pedra do Atlético, muitos mais vão continuar segurando este rojão. É ou não é? Pô!