Coluna Preto no Branco: Era uma vez, um X9 em preto e branco
Foto: Gabriel Pazini / Goal
Max Pereira
08/09/2020 – 11h57
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Ficção? Suspense? Drama? Comédia? Ou terror? De tudo um pouco. X9 é pop, X9 é emoção, X9 é a fonte. ”Tá” no Atlético.
Era uma vez. No alto da fantasmagórica colina de Lourdes existia um clube. De sua sede imponente costumavam ecoar ruídos, vozes, mensagens, recados, sussurros. Tal e qual o “Morro dos ventos uivantes”, daquele mausoléu preto e branco, de vez e quando e de quando em vez (rs, rs, rs) segredos escorriam de suas entranhas, às vezes como pus de feridas pútridas, às vezes como excrementos em esgoto a céu aberto.
Era uma vez um time do povo. E como um time do povo, a sua historia é desenhada com muitas estórias, dramas, glórias, fatos, “causos”, fofocas, erros e acertos, notícias e “notícias”.
Uma história prenhe de histórias “CURTAS E GROSSAS!”.
Era uma vez um clube amado e odiado. Amado por milhões de loucos ensandecidos que, ora da agonia ao êxtase, ora do encantamento a angústia, há décadas e décadas vêm vivenciando a mais esquizofrênica história de paixão da humanidade. E odiado por uns tantos que, a qualquer preço e modo, querem destruí-lo.
Era uma vez uma historia de histórias (ou seriam estórias), vazadas por uma entidade misteriosa. É um fantasma? Não. É um ser de outro planeta? Não, É um X9. Um dedo duro miserável.
Como não poderia ser diferente, uma praga atrai outra. Assim, a cada revelação do odiado X9, também aparece e entra em ação um Sherlock galista. E uma frenética caça às bruxas invade o imaginário já normalmente febril do atleticano. Quer dizer uma caça ao maldito X9. Ah! E chamem o encanador, porque é vazamento que não acaba mais.
No artigo “POUCAS E BOAS. VOZES DO CONFINAMENTO. ENQUANTO ISSO…” escrevi que, nestes tempos pandêmicos, “estamos vivendo um loop infinito. Os dias parecem se repetir e nem nos damos conta mais de que este ou aquele dia era ou foi um feriado”.
E, para citar as vozes do confinamento que chegavam até a mim pelas minhas janelas, física e virtual, destaquei que, “com o noticiário esportivo não é diferente, ainda que esta ou aquela notícia venha com uma roupagem diferente, nada mais que uma maquiagem rasa. Os jornais televisivos, as Lives, os programas de rádio em geral, parecem uma vitrola quebrada, repetindo quase sempre a mesma nota, a mesma estrofe de uma canção batida. No máximo, um arranjo diferente”.
Ainda que as notícias vazadas pelos X9 incomodem, assustem, irritem ou até mesmo surpreendem, as táticas são sempre as mesmas. As intenções e os objetivos também. As reações, internas e externas, se repetem e as consequências, mais que previsíveis, se enraízam na vida e na historia do clube.
Os últimos dias foram “sacudidos” por um X9. Nas redes sociais, um atleticano claramente incomodado com uma “revelação” bombástica da possível identidade do X9 que estava vazando as escalações de Sampaoli para o jornalista carioca Venê Casagrande, setorista do Flamengo, reagiu assim:
“Tem ‘setorista’ aí metendo o sarrafo no Guga, ACUSANDO ele de ter vazado a escalação do Galo pro Jornalista carioca. O pior é que ele ACHA que o Guga vazou só pq ele foi banco nos últimos jogos”.
Se o Atlético foi a fundo nisso, sinceramente não sei. De uma coisa tenho certeza: Sampaoli não deve estar gostando nada disso. Parece que Guga foi acusado sem prova. Ah! Ele já se revelou torcedor do rubro-negro carioca e esse “defeito” já é para muitos, mais que suficiente para cravar a sua culpa e condená-lo.
Nesse momento em que o atleta está perto de completar o limite de jogos que o impediria de atuar por outro clube nesse Brasileiro da série A, 2020, essa “denúncia” pode precipitar a saída de Guga de forma muito ruim para o Galo. Ih! Será que o “cui bono” dessa acusação é esse?
A expressão em língua latina “cui bono”, às vezes também expressa como cui prodest?, significa literalmente ‘a quem beneficia e é usada tanto para sugerir um motivo oculto quanto para indicar que o responsável por algo pode não ser aquele que, a princípio, parece ser. A quem interessa essa “denuncia”’?
O que chama a atenção na noticia veiculada pelo setorista carioca são os detalhes. Informa até para quem Sampaoli teria confiado a escalação sem, contudo, citar os nomes, indicando, tão somente, as funções. E, claro, não dá pistas de quem estaria traindo o clube e vazando para ele.
E não é que Cazares e até Di Santo também foram acusados de serem o X9 das escalações de Sampaoli.
Entre a ficção e a realidade, entre o delírio e a racionalidade, o certo é que os X9 são figurinhas carimbadas na história do Atlético.
E como eu ressaltei no artigo “AS REDES SOCIAIS, A IMPRENSA E O SAMBA DO ATLETICANO DOIDO”, nesse “período de entressafra do futebol, o disse me disse e as notícias plantadas aqui e ali, algumas surreais e outras claramente maldosas e com endereço certo, vêm dominando o “noticiário” esportivo e povoando o imaginário de qualquer aficionado pelo futebol que, entre sobressaltos e pesadelos, já não sabe mais no que acreditar e em quem confiar”.
No que se refere, então, “às notícias e às coisas do Atlético, a coisa chegou a tal ponto, tanto na mídia tradicional, quanto nas redes sociais, que, mesmo sem a genialidade e a maestria do saudoso Sérgio Porto, mas com requintes, ora de perversidade, ora de rematada bizarrice, diversos “formadores” de opinião, compuseram o que se pode chamar de Samba do Atleticano Doido”.
No jornalismo existem os chamados agroespaços, aqueles especializados em oferecer seus blogs, colunas, programas, canais, etc., para que sejam PLANTADAS (daí o prefixo AGRO) notas, “notícias”, recados, etc.. No jornalismo esportivo essa prática também é comum. Dirigentes, empresários, agentes e outros também se utilizam com frequência até escandalosa desses espaços para plantar coisas de seus interesses.
As eleições do Atlético e os interesses heterodoxos em torno delas já precipitaram o plantio deste tipo de matéria que, para se posarem de sérias e críveis, vêm sempre recheadas de fatos e informações verdadeiras, porém divulgadas com segundas intenções e sempre buscando cravar uma ideia quase sempre tendenciosa, senão falsa.
Todo o cuidado é pouco. É preciso aprender a ler nas entrelinhas, separar o joio do trigo e sacar as intenções, quase sempre, inconfessáveis.
Algumas matérias recentes informando um possível, mas não comprovado novo cisma politico no clube relativo a um, até então improvável, estremecimento das relações entre Sette Câmara e os mecenas do Atlético e à saída do CEO são um bom exercício para esse aprendizado. Também uma possível reaproximação e conversas entre Rubens Menin e Kalil sobre a política da cidade e, principalmente, do clube carece de elementos mais concretos e confiáveis.
Da mesma forma, ainda são bastante rasas as informações de que o lançamento da candidatura de Sette Câmara à reeleição tenha desagradado aos mecenas e que estes ainda estariam à procura de um nome para apoiar. Não há nada que indique que o candidato da situação seja outro que não Sette Câmara. O mesmo pode ser dito em relação a um candidato único de conciliação com a oposição, em especial com Kalil, ainda que Menin, mais especificamente, persiga uma pacificação na politica do clube.
Aqui uma questão se impõe: quais seriam os reflexos no clube da disputa política da cidade e em razão das cizânias da política interna, mais especificamente o distanciamento entre o presidente do Atlético e o prefeito da cidade, ambos, coincidentemente, candidatos à reeleição de seus respectivos mandatos?
Menin está muito preocupado com a pacificação do clube e com a profissionalização de sua governança e o sucesso da gestão futura. Com justa razão, Menin teme que a convulsionada politica atleticana faça ruir o projeto e torne o prejuízo inevitável.
Para muitos Sette não tem carisma e, independentemente de apoiarem ou não Kalil, não gostam dele. Na medida em que o pleito se aproxima, o ambiente politico do clube tende a se turvar cada vez mais. E o que vai ficando mais e mais claro nisso tudo é que o projeto de profissionalização e transformação do Atlético parece incomodar enormemente a gregos e troianos que temem perder espaço e status politico dentro do clube.
Que tem gente contra o Kalil na política da cidade e que quer usar a politica do Atlético para derrubar melar a reeleição do atual prefeito é fato.
Que tem gente na direção oposta, i.e., que quer derrubar Sette Câmara para dar cacife para o Kalil dentro e fora do clube, também é verdade. E que tem gente contra os dois trabalhando para implodir ambos também é induvidoso. Além, é claro, daqueles cujo objetivo sempre foi desestabilizar e prejudicar o Glorioso.
O clube está blindado contra este tipo ação politica? O Atlético conseguirá resistir a tudo isso?
X9 é pop, X9 é emoção, X9 é a fonte. ”Tá” no Atlético. Era uma vez.
***A opinião no texto, não representa, necessariamente, a opinião do Fala Galo