Virada: Galo vence na Libertadores – Por Jéssica Silva

Com toda a minha sinceridade confesso a vocês que eu estava mais do que pronta para destrinchar mais uma derrota atleticana após a tristeza que foi o nosso primeiro tempo. Porém, mesmo vendo o caminho mais difícil na nossa frente, acreditar na reação do time da virada é inevitável. O time não é bem treinado, os jogadores não são os mais empenhados e o técnico não faz boas escolhas, mas o Galo é o Galo, parceiro! Nós somos a Massa que carrega o clube e acreditar no que dizem ser impossível faz parte de cada um de nós. No entanto, a verdade precisa ser dita: o primeiro tempo foi pavoroso.

O único resultado aceitável para o Galo ontem era a vitória. Vindo de duas derrotas na Libertadores, vencer o Zamora era mais que obrigação para seguir vivo na competição continental.
Muito superior ao time venezuelano tecnicamente falando, inicialmente a equipe de Levir Culpi mostrou não ter tanta vontade em transformar toda essa superioridade em gols e, consequentemente, no resultado esperado. Levando em consideração as atuações pífias do Galo ultimamente, qualquer time inferior a ele é sem dúvidas um time muito fraco, e assim era o time venezuelano. Porém, a equipe do treinador Alí Cañas não tomou conhecimento do Atlético no Mineirão durante a primeira etapa.
Foram pouquíssimas as chegadas do time de Levir Culpi ao ataque durante o primeiro tempo. Mesmo com maior posse de bola, o Galo não soube se aproveitar disso para criar jogadas decentes.

A primeira oportunidade atleticana foi com Luan, que quase balançou as redes. Poderia ser o presságio de uma reação, mas a frustração veio em seguida. Gallardo, com um pouco mais de 1 metro e 60 centímetros de altura, subiu livremente sem a intervenção de Igor Rabello ou Rever e marcou o primeiro gol do Zamora no jogo. É impressionante como os jogadores atleticanos têm o talento de assistir ao adversário matando um lance sem ao menos mover um músculo para impedir a conclusão da jogada.

O Zamora gostava do jogo e o Galo não era tão objetivo nas poucas oportunidades que tinha. Ricardo Oliveira teve grande chance de empatar a partida, mas desperdiçou mandando a bola para o alto e nós ficamos no quase.
Inacreditavelmente, o time da Venezuela ainda ampliou o marcador. Paiva chegou livre à área do Galo e marcou o segundo gol do jogo. Mais uma vez, nenhum jogador atleticano se esforçou para impedir o tento do adversário e o máximo que Fábio Santos fez foi assistir ao gol de camarote.

O grupo E da Libertadores não é composto por times que têm tanta qualidade para dar dificuldades ao Galo,  mesmo assim o desempenho atleticano tem sido muito aquém do esperado. Ver o Zamora, mais fraco componente do grupo, abrir uma boa vantagem nos fazendo ir para o tudo ou nada em apenas 45 minutos em pleno Mineirão fez com que o desespero fosse inevitável. Cazares parecia nem estar em campo, Bolt desapareceu dentro das quatro linhas, as laterais estavam abandonadas já que Guga e Fábio Santos estavam perdidos em campo e o time era quase todo displicente. Quase, porque Luan fez o que se espera dele: se entregou. O Menino Maluquinho acreditou em cada lance, foi até o fim em cada jogada e se irritou, assim como nós, a cada chance desperdiçada. Infelizmente, uma andorinha só não faz verão e o saldo do primeiro tempo foi uma derrota dolorosa.
Seria este o fim da linha? Vencer não é o nosso ideal? Nós tínhamos mil e um motivos para lavar as mãos e desistir do jogo, mas como sempre, nossa preferência foi ficar e cantar.
O Galo voltou diferente para o segundo tempo e eu não estou falando de alterações no time, porque Levir não as fez no intervalo. A mudança foi na atitude dos jogadores que pareceram finalmente entender a importância de vencer a partida de ontem.
O Zamora é aquela equipe limitada que não aguenta pressão. Durante todo o jogo ficou claro que a derrota parcial do Atlético era culpa dele próprio, não necessariamente dos comandados de Alí Cañas, tanto é que no segundo tempo o Galo jogou disposto a virar a partida e conseguiu, mesmo não tendo uma atuação perfeita.

Zé Welison voltou para a etapa complementar com fome de gol. Mandou a bola no rumo das redes duas vezes, ambas sem sucesso, mas o fato de tentar virar o jogo já mudou o clima dentro de campo.
No abafa, o Galo chegou ao gol pela insistência de Luan. O camisa 5 não desistiu enquanto não cruzou a bola para Maicon Bolt, que aproveitou o “faz e me abraça” e balançou as redes no Mineirão: agora só faltavam dois.
Levir sacou do time Elias e Zé Welison, trazendo à campo Vinicius Góes e Nathan. Zé foi quem mais se esforçou para balançar as redes o quanto antes na volta do intervalo e eu imagino que sua permanência no jogo poderia ter nos tirado o peso das costas mais rápido. Precisando de gols, dar uma chance à Alerrandro e outra à Chará parecia ser o mais certo a se fazer, mas entender os critérios de Levir, se é que eles existem, está cada dia mais difícil.
Felizmente, o segundo gol do Galo veio dos pés de um dos jogadores que haviam acabado de entrar em campo. Vinicius balançou as redes e empatou a partida, no que pareceu ser um gol de Ricardo Oliveira inicialmente. A questão é que não importa muito de onde veio o tento, o importante é que a reação estava de fato acontecendo e agora só faltava um.
O Mineirão pulsava, a Massa pedia a Deus mais um gol e o Galo foi buscar. Dentre um lance e outro ficava claro que o sofrimento era desnecessário, o Atlético tinha condições de vencer a partida tranquilamente, mas naqueles momentos finais, se valer da raça e do abafa era o que fazia o time de Levir Culpi. Aos 34 minutos, o árbitro marcou pênalti para o Galo e o coração atleticano parou por um momento. A comemoração foi antecipada, assim como na expulsão de Hernández, alguns minutos antes. Fábio Santos foi para a cobrança, e mesmo sendo um dos jogadores que mais comprometeu a partida do Atlético com uma atuação fraquíssima, era o único ali que bateria na bola nos dando a garantia de poder gritar gol. Como o esperado, gol da virada, alívio, sobrevida e agora não faltava mais nenhum.
Não faltava mais gol, mas ainda faltava coerência a Levir. O treinador trouxe Jair à campo e por mais que o objetivo de virar a partida já tivesse sido alcançado, fechar o time e chamar o adversário para cima não me pareceu a melhor das escolhas. Estávamos com um jogador a mais, poderia ser o momento perfeito para aproveitar o embalo e melhorar o saldo de gols, que pode vir a ser critério de desempate futuramente.

No que restou do segundo tempo as preces eram para que o Galo não deixasse escapar a vitória, e Deus nos ouviu.
“Se não for sofrido não é Galo!”.
“O Galo é o time da virada!”.
Sim, cenários como virar uma partida após sair perdendo por dois gols de diferença e sofrer até o último minuto fazem parte da história atleticana, mas é preciso olhar para quem estava do outro lado do campo. O Zamora é um time limitadíssimo, nunca passou da fase de grupos da Copa Libertadores em toda sua história e foi apontado como o saco de pancadas do grupo E. De todos os jogos enfrentados pelo Atlético na competição este seria o mais fácil, mas nós sofremos para conseguir uma vitória por apenas um gol de diferença.
O Galo não funciona, essa é a verdade. Nossas limitações são muitas, mas o time é muito mais mal treinado que qualquer outra coisa. Ontem vimos que a entrega pode acontecer, há algum sangue correndo nas veias dos jogadores atleticanos, mas o mau posicionamento em campo, as escolhas erradas de Levir Culpi e a falta de investimento em determinados setores do elenco que deveria haver por parte da diretoria nos custam muito caro.

Virar um resultado, ver raça e sangue nos olhos enchem de orgulho qualquer torcedor, mas analisando o contexto, tanto sofrimento durante a partida de ontem não seria necessário.
No fim das contas, prevaleceu o peso da camisa que entorta varal, o apoio da Massa e o lampejo de entrega do time atleticano.
Buscando apenas vitórias daqui pra frente, o Galo visita o líder Cerro Porteno-PAR, no estádio La Olla Azulgrana, na próxima quarta-feira.
Que a raça do segundo tempo dessa partida contra o Zamora tome conta do Galo durante toda a nossa caminhada em busca da classificação, mas acompanhada de técnica, organização e boas escolhas do nosso comandante.
É Libertadores, tem que ser forte e vingador, Galo!


Estádio: Estádio Mineirão – Belo Horizonte(MG)

Data-hora: 3 de abril de 2019, às 19h15

Árbitro: Gery Vargas (BOL)

Assistentes: Jope Antelo e Edwar Saavedra(BOL)

Gols: Gallardo, aos 16′-1ºT(0-1), Paiva, aos 45′-1ºT(0-2), Maicon Bolt, aos 5′-2ºT(1-2), Vinicius, aos 26′-2ºT(2-2), Fábio Santos(PEN), aos 34′-2ºT(3-2)

Cartões Amarelos: Luan, Réver(ATL), Hernandéz, Soto(ZAM)

Cartões Vermelhos: Hernandéz(ZAM)

ATLÉTICO-MG: Victor; Guga, Igor Rabello, Réver e Fábio Santos; Elias(Vinicius, aos 22′-2ºT), Zé Welison(Nathan, aos 22′-2ºT); Luan(Jair, aos 37′-2ºT) e Cazares. Maicon Bolt e Ricardo Oliveira. Técnico: Levir Culpi

ZAMORA-VEN: Joel Graterol; Carlos Castro, Kevin De La Hoz, Mayker González; Ignacio González, Pedro Ramirez(Mena, aos 39′-2ºT), Oscar Hernández; Maza, Gustavo Rojas(Soto, aos 24′-2ºT), Paiva e Gallardo. Técnico: Alí Cañas.

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