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VEXAME: Galo dá adeus à Libertadores.

Por Jéssica Silva

O Galo já entrou em campo sabendo que só a vitória interessava, já que a obrigação de vencer era o saldo do péssimo desempenho nas demais partidas da fase de grupos da Copa Libertadores.

Vencer, e por uma boa diferença de gols, seria o ideal para continuar sonhando com a classificação na competição continental, mas apesar de haver alguma esperança para alguns torcedores, o que aconteceu ontem foi mais que esperado.

Hoje não cabe aquele sentimento de revolta, não que o time não o mereça, mas porque nós já sabíamos o que esperava a equipe atleticana ontem, no Mineirão. No fim das contas, tudo o que for lamentado hoje nós já lamentamos em várias outras oportunidades, nesta e nas temporadas passadas.

Nos dois últimos jogos com o comando de Rodrigo Santana os jogadores atleticanos demonstraram vontade, talvez por se tratar de clássicos, ou pelo “fato novo”, após a queda de Levir.

A verdade é que a empolgação que nos envolveu vem do fato de que o futebol é imediatista e, consequentemente, o torcedor também. No entanto, boas avaliações dos lampejos de bom desempenho que o Galo apresentou nos dois últimos finais de semana não apagam a realidade que vive o clube hoje.

O que vive o Atlético agora é apenas o reflexo da falta de planejamento que tomou conta da instituição há muito tempo. Nós não podemos continuar vivendo à sombra do Galo Doido que conquistou o Brasil e as Américas há anos, durante a saudosa época de Alexandre Kalil. Conquistar não é somente bom para o ego, para reativar a confiança do torcedor, mas é o objetivo que um clube grande como o Galo deve ter sempre, em qualquer competição. Infelizmente, se esqueceram de avisar isso ao excelentíssimo Sr. Sérgio Sette Câmara.

A falta de empenho da maioria dos jogadores é nítida, na realidade, o semblante dos atletas em vários momentos da partida de ontem demonstraram que nem os próprios responsáveis pelo andar do jogo acreditavam em uma vitória.

A grande chance do Galo no jogo, após bom contra-ataque que sequenciou a perda inacreditável de um gol por Ricardo Oliveira, mostra que nós estamos muito mal servidos, em todas as posições. Um jogador com anos de experiência nas costas sem a maturidade necessária para dominar uma bola e fazer o que se chama de gol fácil é o fim da picada.

Um time que não cria, não pressiona o adversário mesmo precisando do resultado e tampouco age bem defensivamente não está pronto para competição alguma, e se o time não foi bem montado, a parcela de culpa é muito maior para a diretoria que para os próprios jogadores que não correspondem em campo.

A cada gol perdido por Ricardo Oliveira, culpe o jogador por sua displicência, mas culpe também o presidente que permitiu sua presença em campo.
A cada cruzamento mal feito por Fábio Santos, culpe-o pela sua falta de capricho, mas culpe também o presidente por nos “presentear” com ele como único lateral esquerdo do plantel.
A cada bola defensável que for parar no fundo das redes de Victor, culpe o arqueiro por não parecer fazer mais questão de ser aquele goleiro brilhante de tempos atrás, mas culpe também o presidente por não providenciar sombra para o camisa 1, nem mesmo uma comissão técnica decente, incluindo um bom preparador de goleiros, que faça Victor trabalhar de verdade.

Os jogadores do Atlético não jogam com o peso da camisa. Na verdade, a sensação é de que o placar está sempre favorável ao time, tamanha a paciência dos atletas em campo.
Postura, vontade, amor pelo futebol, já que hoje em dia pedir amor à instituição é demais, são coisas que nem deveriam ser cobradas, já que não há ninguém mal pago no clube.

Um time de Massa se mantém com o apoio da torcida, mas não é só isso. É necessário que haja planejamento, porque os resultados não vêm de graça.
Definir um projeto e ser fiel a ele é o mínimo que se espera de pessoas que trabalham com futebol profissionalmente, mas ao contrário disso, o Galo tem em seu comando pessoas que priorizam seus próprios interesses e fazem pouco caso do clube e, consequentemente, da torcida, maior patrimônio do Atlético.

Trazer jogadores por indicações de técnicos que chegam ao clube e não permanecem, apostar em atletas que vêm para ser banco em uma equipe com uma formação titular para lá de contestável é o que fez a diretoria do Atlético nos últimos anos. Até a pessoa mais leiga na área de futebol sabe que isso jamais daria certo, já que não se pode colher aquilo que não plantou. É praticamente impossível apontar uma equipe que tenha sido vitoriosa nos últimos anos sem planejamento, sem tempo de trabalho para o seu comandante e sem um plantel montado para vencer, atendendo às necessidades do time.

Trazer ou não Rogério Ceni, efetivar ou descartar Rodrigo Santana não são as únicas decisões que influenciarão no andar da carruagem. Por mais que seja importante para o time, o treinador não faz milagres, não entra em campo, nem mesmo melhora o desempenho de jogadores que têm limitações técnicas irreversíveis.

A chave para se conquistar campeonatos de futebol é seguir o caminho mais óbvio: investir no departamento de futebol. Que se economize, já que essa é a necessidade, mas que se saiba investir nas posições corretas, com atletas que serão utilizados, não encostados em um amontoado de jogadores. E isso começa com um profissional que saiba trabalhar com FUTEBOL, não com interesses próprios, ou apenas marketing para empresários e jogadores ultrapassados.

A eliminação precoce na Libertadores nos envergonha, incomoda e atormenta. Infelizmente, nós fazemos nossa parte da arquibancada, mas não podemos dar carrinho no adversário, chutar a bola para fora da área, nem mesmo balançar as redes do goleiro rival. O incômodo e a tristeza que vem nos acompanhado há anos deveria se estender aos jogadores, também responsáveis pelo desempenho pífio do Atlético na competição continental.

Um grupo fraco, que seria um cenário perfeito para uma classificação tranquila, não foi páreo para uma equipe desorganizada do presidente ao jogador e a queda precoce do Atlético em uma das principais competições para um clube brasileiro é VERGONHOSA! O mais absurdo é que falam em arrumar a casa quase no mês de maio, quando o normal seria já haver um projeto a ser seguido. A reformulação – se houver, só trará resultados do ano que vem em diante, isso se o Atlético como um todo começar a pensar como a equipe gigante que é.

O trabalho não deveria começar agora, mas que a dolorosa eliminação na Libertadores faça com que Sette Câmara e companhia acordem e, acima de tudo, respeitem o manto sagrado que nós não deixaremos de vestir. Na realidade, o ideal seria a renúncia do atual presidente, mas não acredito que isso vá acontecer.

O Galo não vem merecendo a torcida que tem, por isso terá que recuperar nossa confiança, porque a verdade é que não há muito o que se esperar do restante da temporada.

O Brasileirão vem aí e é difícil apontar algum atleticano que consiga pensar em algo além de 45 pontos, almejando apenas que a vergonha não aumente, pois já vem sendo suficientemente difícil acompanhar de perto tamanho descaso. Pela instituição nosso coração se mantém fiel, mas diretoria e jogadores estão tirando todo o nosso prazer em acompanhar o Clube Atlético Mineiro.

O gol do Nacional no fim do jogo, por cobertura, exemplifica bem o desempenho do Atlético nesta edição da Libertadores: uma equipe com uma média de idade até superior ao aceitável, mas que age como um grupo de meninos, correndo desenfreadamente atrás da bola e que pode ser superada facilmente por qualquer time, por mais fraco que seja, assim como Victor foi facilmente superado por Carballo.

Acreditar em dias melhores no fundo faz parte do atleticano, otimista por natureza, mas por ora, vergonha e preocupação são as únicas coisas que se passam pelas nossas cabeças. Lamentavelmente, o Galo vai se “apequenando” ano após ano, e que fique claro que já é hora de PARAR!

Diretoria, comissão técnica e jogadores, mais RESPEITO com essa camisa centenária, por favor!

Ficha técnica: Atlético x Nacional (URU)
Motivo: 5ª rodada do Grupo E da Copa Libertadores
Local: Mineirão, em Belo Horizonte
Data: 23 de abril de 2019 (terça-feira)
Horário: às 21h30 (de Brasília)
Árbitro: Fernando Rapallini (ARG)
Assistentes: Diego Bonfa (ARG) e Gabriel Chade (ARG)
Cartão amarelo: Victor, Leonardo Silva, Elias( Atlético-MG); Matías Zunino, Mathías Cardacio, Rivero (Nacional)
Gol: Felipe Carballo – 41’/2ºT (0-1)
Atlético: Victor; Guga, Leonardo Silva, Iago Maidana e Fábio Santos; Adilson (David Terans), Elias e Luan; Yimmi Chará, Maicon Bolt (Vinicius) e Ricardo Oliveira (Alerrandro). Técnico: Rodrigo Santana (interino).
NACIONAL-URU: Mejía, Zunino, Corujo, Felipe Carvalho, Viña e Rafael Garcia(Cardacio, aos 18’-2ºT); Gabriel Neves, Lorenzetti (Rivero, aos 24’-2ºT), Santiago Rodriguez, Gonzalo Bergessio(Carballo, aos 31’-2ºT) e Sebastian Fernandez.
Técnico: Álvaro Gutiérrez

 

PARABÉNS DIRETORIA! ASSISTAM NOSSA LIVE: https://youtu.be/lsEJ2ACi06I