Foto: Bruno Cantini
Por: Max Pereira
26/05/2020 – 06h00
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1) Os problemas financeiros do tal clube da Toca se agigantam e se aprofundam dia após dia. Serve de lição para o Atlético que insiste em uma condução nebulosa, ora permitindo que as ondas floresçam, ora pecando intencionalmente pela falta de uma comunicação institucional eficiente.
Enquanto do lado de lá a Polícia Civil investiga contrato entre Cruzeiro-MG e empresário por suspeita de “rachadinha” que beneficiaria antigos dirigentes, conforme matéria veiculada pelo Globoesporte, “notícias” de mais uma possível crise de proporções incalculáveis, vão se espalhando aqui e ali.
“Sette ‘calado’, atrasos e Sampaoli ‘diferente’ provocam ira no vestiário do Galo, “informa” o jornal O Tempo. Que o Atlético, depois da punição e da divulgação de outros problemas do rival, seria alvo de “notícias” e notícias, não é surpresa e nem novidade.
Resta saber a extensão real desses fatos e o que Sette Câmara e seus pares estão fazendo para que esses problemas, exagerados ou não, distorcidos ou não, inventados ou não, não minem o ambiente e não tornem a relação entre Sampaoli e os jogadores insustentável.
A habilidade de Sette Câmara e de seus pares vai ser, a partir de agora testada e desafiada pelos inimigos do clube, ávidos de desviar o foco dos imbroglios cruzeirenses e em plantar crises no Atlético.
Quem acompanha a história do Galo e conhece os meandros do futebol minimamente sabe que essa práxis é antiga e recorrente. O Atlético é e sempre foi um manancial de notícias e fonte extraordinária de audiência. Até mesmo os canais atleticanos sabem disso e investem nessa característica de seu time de coração para gerar cliques e reconhecimento.
Não é novidade falar do Atlético e plantar boatos, fakes, “notícias” e acusações sobre a conduta e possíveis, nem sempre provados, maus feitos de dirigentes, conselheiros, treinadores e jogadores do clube, com o objetivo de desviar o foco dos problemas e ilícitos azuis.
2) Muitas são as questões sem resposta, muitas são as dúvidas. E também muitas são as certezas cada vez mais preocupantes. Dividas crescentes, receitas decrescentes, autossuficiência da Arena MRV em cheque, venda do restante do shopping cada vez mais falada e previsível.
Nesse cenário preocupante como ficará a parceria com os investidores, em especial MRV e BMG, já que quem investe espera, ao fim de algum tempo, auferir o retorno colimado? Não há doação, há investimento. E o que esperar do projeto Sampaoli? Quais as chances desse projeto fazer água?
3) O balanco de 2019 ainda nao foi publicado. Mas, se é verdade que a divida subiu de novo, passando de 700 milhões, o que está havendo, a grosso modo, é uma troca dos credores. Paga a dívida na FIFA, mas passa a dever na outra ponta e o endividamento não diminui.
Sem o Galo aumentar e diversificar receitas em relacao aos anos anteriores, considerando o valor enorme do chamado serviço da dívida (despesa financeira líquida) que pagamos, seus problemas financeiros não se resolverão. Ao contrário, ficarão muito piores, ainda mais se novas dívidas são contraídas.
É preciso saber, pois, se estes pagamentos, que estão sendo feitos às custas de empréstimos junto aos parceiros, estão elevando ainda mais a dívida. Isso sem falar no passivo gerado pelas saídas de jogadores e de funcionários na atual gestão e dos encargos que possam advir das ações na justiça, decorrentes desses distratos.
4) O Atlético infirma já ter quitado a dívida contraída junto aos seus parceiros, MRV e BMG, para pagar junto à FIFA a dívida relativa à contratação de Maicosuel. Será? Como os salários e os direitos de imagem continuam atrasados e as receitas decrescentes, de onde veio o dinheiro?
Segundo o jornalista Guilherme Frossard “a gestão Sette Câmara, no Atlético, tem sido marcada por dívidas antigas pagas na FIFA. Mas quanto o clube quitou de débitos internacionais no triênio? Apuramos números completos, inéditos e detalhados. Nesta gestão, valor pago já passou de R$ 60 milhões”.
O grande Roberto Gallo faz a seguinte proposta, mais do que interessante, ao jornalista Guilherme Frossard: “Guilherme, não seria interessante analisar quanto o clube contraiu de empréstimos nesses dois anos? O balanço de 2018 (publicado em 2019) mostra que foram quase 100 milhões de empréstimos bancários”.
E eu renovo a questão tratada no item anterior: quais são, nas finanças do clube, os reflexos dessa troca de credores?
5) Uma boa notícia: “100% recuperado, Gustavo Blanco entra nos planos quando o futebol voltar. Por causa de graves lesões no joelho, volante não atua a quase dois anos; jogador voltou a treinar normalmente, fazendo os mesmos trabalhos que os demais companheiros”.
6) O presidente Sette Câmara foi mais uma vez extremamente infeliz em uma entrevista,
Irritado com o empresário de Cazares, descontou no jogador.
Parte significativa da torcida faz isso de forma recorrente, porque é passional. O presidente não tem esse direito.
7) O patrimônio é garantia de sobrevivência e de alavancagem de qualquer empresa. Desfazer de todo o patrimônio para quitar dívidas não é e nunca foi a melhor solução. Normalmente é o início do fim. O rival chegou onde chegou exatamente porque o seu patrimônio, independentemente das possíveis irregularidades já aventadas pela mídia convencional, é inferior ao faraônico passivo acumulado, o que asfixia o clube azul, tornando-o inviável e colocando-o em estado de insolvência.
A diferença do Atlético para o time do outro lado da lagoa é que o Glorioso tem patrimônio rentável, tem condições de refinanciamento e barganha. Diferentemente do rival, que só tinha um nome e não tinha condições de gerar lucro extra.
A pergunta é: estaria o Atlético utilizando corretamente esse diferencial? Tenho sérias dúvidas a esse respeito.
A informação que o companheiro Betinho Marques do Fala Galo obteve sobre a consultoria da EY que corrobora as minhas preocupações é a seguinte: “se o Atlético quiser sobreviver e se manter competitivo no futuro, mudanças URGENTES e PROFUNDAS deverão ser feitas em GESTÃO e GOVERNANÇA. As mudanças precisam ser para ontem e a colheita levará um tempo considerável! É AGORA!”
Ainda segundo o Betinho, a “auditoria passa por várias etapas de ações. Mudanças são muito maiores na forma de fazer o clube girar em seus processos. Mais profunda que se possa imaginar administrativamente e o campo passa por elas, mas não é o ponto único, longe de ser. É uma análise para viabilizar”.
E Betinho sintetiza: “Mudar processos, otimizar recursos humanos e materiais. Pagar pelo que se dá resultado… por aí…”. E faz um alerta: “Quando se contrata a Ernst e Young há acordos para ela continuar no processo. Quem não ouvir as proposições não terá o aval dela e ela tira o time de campo. Ajustes, claro que existem. Mas fugir da proposta é perder dinheiro e fingir querer algo”.
8) Por que, então, Sette Câmara teria sugerido a venda do Diamond? Seria orientação da Ernest Young? Particularmente duvido. O certo é que, se não seguirem a risca um novo projeto de governança e gestão, acabarão por terminar de enterrar o clube financeiramente.
Se esta informação é verdadeira fica insustentável para qualquer atleticano minimamente consciente apoiar o presidente, do qual se espera mais equilíbrio em suas propostas, decisões e declarações, a menos que ele, na verdade, esteja querendo caminhar, conscientemente ou não, a passos largos para copiar o rival.
Vira e mexe surge a notícia de que o Atlético planeja se desfazer do restante do Shopping. Por que essa gana de vender a outra metade do Diamond? Qualquer mudança para dar certo tem que acontecer de cima para baixo. De conceitos e de métodos. O Atlético vive um ano eleitoral e sempre há promessas. A grave situação financeira do clube não comporta mais arroubos panfletários. Exige soluções.
Posso parecer inocente ou excessivamente otimista, mas acredito que, no frigir dos ovos, quem decide jamais venderá todo o patrimônio, por mais inconsequentes que sejam. O problema não é dever. Toda empresa deve, já nasce devendo a quem integraliza o capital. O problema é garantir uma boa governança com todas as ferramentas que isso implica.
9) Globo e clubes vão perder um caminhão de dinheiro com debandada de 20% dos assinantes do pay-per-view. Por que o Flamengo pediu aprovação de mais R$ 40mi em empréstimos? Ao buscar a resposta para essa pergunta é preciso ter mente que o mundo atravessa uma crise do capital sem precedentes. A pandemia apenas catalisou essa crise. É hora de colocar as barbas de molho.
10) Enquanto, segundo o site HTE Sports (HTESPORTS.COM.BR, @HTE_Sports), Gustavo Lopes, especialista em direito desportivo e autor do livro Lei em Campo, afirma que o rival azul perderá os títulos da Copa do Brasil de 2017 e 2018 por violar as normas da FIFA e que, em consequência, Flamengo e Corinthians seriam declarados oficial e, respectivamente, os campeões naqueles anos, o jornal O Tempo, em matéria assinada pelo jornalista Thiago Nogueira (@thiagonoggueira), informa que o Galo, nesses últimos seis meses já foi cobrado em R$43 milhões em sete ações trabalhistas nos últimos 6 meses.
Em quem acreditar? Seguro morreu de velho. Independentemente do que possa acontecer com o rival e diferente de pura e simplesmente igualar as situações dos dois grandes rivais de BH ou longe de fazer o jogo de quem tenta plantar crise no Atlético e desestabilizar o clube, o melhor a fazer é vigiar e cobrar com responsabilidade, exigindo do comando proficiência e boa governança no trato das coisas do Glorioso, como já escrevi “n” vezes nessa coluna e já prognosticou a Ernest Young.
Caso contrário, a falada crise no vestiário e agora as dívidas trabalhistas e sabe-se lá o que mais possa surgir ainda, irão, de fato, derrubar de vez o Galo, vez que, enquanto o Atlético, não rever seus conceitos e métodos de gestão e não aprender a se blindar e a proteger suas informações estratégicas, o clube seguramente sempre dará vazão uma próxima pauta demolidora.
Ah! Se blindar e proteger suas informações estratégicas e ser transparente são coisas diferentes e não excludentes. Ser transparente é uma coisa. Ser um manancial de ondas e um canteiro de crises é outra bem diferente.
11) E se vc ainda duvida que o disse me disse é interminável, outra “bomba” está sendo destinada.
O Atlético anuncia que pagará apenas os direitos de imagem vencidos e que suspenderá o pagamento dessa rubrica até dezembro desse ano, empurrando esse débito para 2021.
Lembrando que, além disso, o clube está prestes a completar três meses de salários atrasados, se essa medida não for bem negociada com o elenco, não só o ano acabou para o Atlético, como o caos tera se instalado desforma avassaladora no clube.
Nenhum Sampaoli conseguiria fazer esse time jogar.
– Epílogo:
Da minha janela vejo um Atlético envolto em sombras e os ecos que chegam aos meus ouvidos parecem fantasmas que assombram.
Muitas são as questões sem resposta, muitas são as dúvidas. E também muitas são as certezas cada vez mais preocupantes.