VAR com calma, você não é tudo isso!

 

Por: Jéssica Silva.

 

Quantos jogos esse ano te fizeram voltar para casa irado com a atuação do Galo? Em quantas partidas você gritou em campo que queria raça do time todo e não obteve resposta dos jogadores? Quantas vezes você constatou que perder jogando sem vontade e simplesmente perder são coisas totalmente diferentes?
Hoje, meu amigo, você pode estar triste por muitos motivos, mas não com o Galo.

Não existe esse papo de perder faz parte, se você disputar um par ou ímpar com alguém vestindo a camisa do rival, vai querer ganhar. Porém, para quem viu um time omisso durante grande parte dos jogos na temporada, ver raça e determinação pode ser uma luz no fim do túnel.

A pressão do rival sobre a arbitragem durante toda a semana, mesmo após ter sido amplamente favorecido no jogo de ida, mostra que o futebol também é feito de sujeira, sujeira essa que começa nos bastidores. Um time candidato aos títulos da temporada começa de cima, com homens que não entram em campo.

A diretoria alvinegra não tem pulso firme, tampouco parece jogar em prol do time. Não que se deva comprar resultados para depois esbravejar que se tem “o melhor elenco do Brasil”, mas as injustiças devem ser apontadas, protestadas, reclamadas! O Galo não pode simplesmente aceitar que erros cometidos intencionalmente sejam passados em branco, porque nossa história já está suficientemente manchada pelos senhores com o apito na boca. Rui Costa, mais novo diretor de futebol atleticano, veio para dar alguma esperança em relação ao “vestir a camisa” que precisamos ter dentre os comandantes do clube.

Mão na bola, bola na mão. Lances interpretativos sempre fizeram parte do futebol, mas o erro começa quando o árbitro seleciona o que ele vai ou não interpretar. Os lances de Dedé com Igor Rabello domingo passado, e ontem, com Chará, aparentemente não eram dignos da análise dos árbitros responsáveis pelos jogos da final. Lances contra o Atlético foram revisados e influenciaram em ambos os jogos, às vezes erroneamente, mas foram analisados com empenho. Quando a história era inversa, nada de revisão. Não é e nunca será normal que a corda arrebente somente para um lado, não por simples despreparo dos profissionais.

Negar que o cec-MG foi favorecido é se fazer de cego, mas caráter é algo sem meio termos: ou você tem, ou não tem. Alguém com caráter jamais veria graça em uma conquista arranjada, ainda mais vindo de um time que disseram ter tudo para ser campeão com sobras, mas que aparentemente não é tudo isso.

Desde o início da partida nós pudemos acreditar em um resultado positivo, já que o time de lá apenas assistiu ao Atlético jogando. Sem Cazares, o meio de campo tende a perder seu poder de criação, mas quem esteve presente compensou na vontade.
Geuvânio entrou bem no ataque, se continuar nessa pegada, tem tudo para estar entre os titulares daqui para frente. Luan, não surpreendentemente, deu o máximo de si durante toda a partida. Fez trabalho sujo de volante, ajudou na recomposição e jogou como se fosse o último jogo de sua vida: com raça!
Elias, muito criticado (merecidamente) por todos nós, fez uma bela partida. Não só pelo gol, mas o simples fato de toda a equipe estar focada em atuar bem parece ter contagiado o camisa 7, que deixou aparecer seu bom futebol.
O também renegado Fábio Santos não nos deu espaços para reclamações, muito pelo contrário. Ele estava na mesma toada de todo o time.

Em qualquer tentativa de chegada do rival havia alguém fardado de preto e branco para matar a jogada e recuperar a bola. A sintonia entre os jogadores e o dedo do treinador interino, Rodrigo Santana, que em pouco tempo já vai colocando ordem na casa resultaram em uma equipe que tinha tudo para ser campeã, mas não foi.

Luan não errou ao declarar que o rival nada fez para conquistar o título, porque realmente não fez. O time de Mano Menezes foi medroso, assim como ele, e mesmo tendo peças melhores, encaixadas em um sistema mais consistente, não jogou como campeão, porque simplesmente se abraçou à vantagem do empate.

O Galo foi superior durante todo o jogo, tanto é que a única chance real de gol do rival foi o próprio pênalti, dado após toda a dedicação do árbitro em analisar um lance, só porque este era favorável ao rival. Em outras circunstâncias, ver um time bem colocado em campo e jogando para vencer não alcançar seu objetivo final poderia ser muito pior, mas neste caso, mostra que ainda há algum sangue nas veias atleticanas.

É difícil aceitar o fato de que esse Galo cheio de vontade, apertando a saída de bola do adversário e acreditando até o fim em cada lance, não esteve presente na Libertadores, onde precisávamos de raça. Difícil também é ver que o que chamaram de “baita time” não é tudo isso, precisando de ajudas externas para conquistar um estadual, e mesmo assim está convencido de que isso é grandeza.

Não seria tão difícil parabenizar o rival por um título ganho na bola, no mano a mano, quanto é ter de bater na tecla arbitragem para justificar a perda do Campeonato Mineiro, principalmente com o Galo fazendo um grande jogo. E essa não é uma justificativa que nós encontramos para nos livrar do peso do insucesso, é o que está nas nossas caras, visível para qualquer um que enxergue um palmo à frente do nariz.

Resumidamente, o Galo jogou como campeão, mereceu erguer a taça, mas foi impedido de fazer isso pelos rivais – e eu não estou falando de bom futebol apresentado pelo adversário.

Como saldo das duas boas partidas que fez o Galo na decisão do Mineiro, fica a certeza de que este time pode render muito nas mãos certas.

Rodrigo Santana se mostrou inteligente, aproveitando o melhor de cada jogador. Efetivar um interino não deu muito certo por aqui em um passado recente, portanto, acredita-se que é algo que não vai se repetir, mesmo que não me pareça loucura.

Como disse Rui Costa, perdemos o título, mas o vestiário está ganho. Muito disso com Rodrigo Santana, que mal assumiu a equipe e já nos presenteou com algo que fez muita falta, durante muito tempo: vontade!

A atuação do VAR, ou a decisão dos árbitros em selecionar injustamente lances para análise em um estadual pode assustar pelo que vem na sequência. O Campeonato Brasileiro também terá essa seletividade em análises de lances que devem passar pelo árbitro de vídeo? Provavelmente sim, já que o VAR é um recurso que serviria para impedir injustiças, mas nas mãos de profissionais despreparados, ou até comprados, que levam tudo com o jeitinho brasileiro de ser, tem tudo para ser mais um motivo que pode nos fazer perder cada vez mais a ilusão de torcedor, que acredita na beleza do esporte jogado limpo, à base de merecimento.

A diretoria alvinegra busca um novo comandante, muito se fala em Rogério Ceni que pode ou não assumir a bronca. A questão é que independente do que venha por aí, é necessário que o grupo de jogadores permaneça fechado com quem quer que assuma o comando.
Até então, o Galo não tem elenco para conquistar um Brasileirão, muito provavelmente não terá a combinação de resultados necessária para se classificar na Libertadores e nós não sabemos ainda o que esperar da Copa do Brasil, mas o ideal é que a temporada 2019 não se resuma à uma simples briga pela classificação para a Copa Libertadores do ano seguinte, que é o que tem acontecido ultimamente.

Nós precisamos de mais que isso, mais que Campeonato Mineiro, mais que vaga em Pré-Libertadores.
A grandeza do Atlético foi recuperada por Alexandre Kalil, mas as gestões seguintes se acomodaram com isso. O problema mora aí, por isso já passou da hora de o presidente Sérgio Sette Câmara almejar um mandato mais vitorioso que o anterior, para que possamos reiniciar aquele ciclo vitorioso, que resgatou a nossa confiança.

Apoio da arquibancada nunca vai faltar, principalmente se houver raça. A Massa mostrou isso após o jogo, porque apesar da perda do título, a entrega de cada jogador deve ser enaltecida.

Nós estamos prontos para os pontos altos da temporada, que começam agora. Gritos que não se economizam, apoio e canto que não cessam.
Esperamos como recompensa raça, dedicação e respeito à camisa. Da diretoria, que pode buscar austeridade e ainda assim investir em futebol, do novo comandante que virá, com a missão de contagiar os jogadores e deixá-los com a sua cara, e dos próprios guerreiros, que têm a missão de honrar essa camisa pesada, camisa essa que entorta varal e faz rival em boa fase ver que não, ele não é tudo isso.
Seguimos!

FICHA TÉCNICA: ATLÉTICO-MG 1 X 1 cec-MG

Local: Estádio Independência, Belo Horizonte (MG)
Data: 20 de abril de 2019 (Sábado)
Horário: 16h30 (horário de Brasília)
Árbitro: Leandro Bizzio Marinho
Assistentes: Rafael da Silva Alves e Elio Nepomuceno de Andrade Júnior
VAR: Leandro Pedro Vuaden

Gols: Elias, aos 29 do primeiro tempo (Atlético), Fred, aos 34 do segundo tempo (cec-MG)
Cartões amarelos: Edilson, Thiago Neves, Fred (cec-MG); Geuvânio, Ricardo Oliveira, Victor (Atlético)

ATLÉTICO: Victor; Guga, Igor Rabello, Leonardo Silva e Fábio Santos; José Welison, Elias, Geuvânio (Maicon Bolt), Luan (Vinícius) e Chará; Ricardo Oliveira.
Técnico: Rodrigo Santana.

cec-MG: Fábio; Edilson, Léo, Dedé e Dodô; Henrique, Lucas Romero (Thiago Neves), Rodriguinho, Robinho e Marquinhos Gabriel; Fred.
Técnico: Mano Menezes

 

ASSITA NOSSO PÓS-JOGO: https://youtu.be/6iTgrrKm4GE