Santo? Mecenas? Ou apenas mais um mero investidor?
Foto: Globoesporte
Por: Max Pereira
23/06/2020 – 04h00
Clique e siga nosso Instagram
Clique e siga nosso Twitter
Clique e siga nosso YouTube
Clique e siga nosso Facebook
INSCREVA-SE NA TV GALO (clique aqui)
Nesse 2020 pandêmico e cheio de indefinições a MRV surge aos olhos da massa como o principal financiador do Atlético, e o seu dirigente maior aparece diante do torcedor atleticano não apenas como mais um investidor ou mero parceiro.
CLICA AQUI E SAIBA COMO GANHAR UMA CAMISA OFICIAL AUTOGRAFADA
Santo, “vovô”, herói, são alguns dos adjetivos dirigidos ao mecenas atleticano. Rubens Menin pontifica nos trend topics das redes sociais e até tatuadores se oferecendo para eternizar a sua imagem na pele de seus devotos invadiram as mais diversas plataformas.
Em parceria com o BMG, já teriam sido investidos no clube R$ 55 milhões e, com eles, já teriam sido atendidos 50% dos pedidos de Jorge Sampaoli.
E, para o gozo dos atleticanos enlouquecidos, surge a informação, até agora não confirmada oficialmente, nem pelo clube e nem pelo investidor, de que o parceiro já teria disponibilizado um total de R$ 155 milhões, possibilitando o Atlético a fazer e manter vínculos de 3 a 5 anos com os atletas.
Verdade ou não, existe, de fato, um projeto de parceria robusto entre Atlético, BMG e MRV que passa pela construção da Arena MRV e pela manutenção de um time que dê em campo os resultados que garantam o retorno colimado pelos investidores.
Ou alguém duvida que o sucesso do empreendimento, dentre outras variáveis tão importantes quanto, não dependa de um time que tenha capacidade de manter o encantamento da torcida e atraia outros investidores?
O fato é que está cada vez mais claro que estes dois parceiros apostam e trabalham para que a Arena seja o esteio de seus investimentos.
Particularmente, entendo que, por isso, não seria do interesse deles falir o Atlético ou deixar o clube falir, como muitos atleticanos temem e outro tanto de não atleticanos acreditam e torcem para acontecer.
Em torno da Arena gravitam várias histórias como aquela que “noticia” de que cervejarias estariam disputando os camarotes do novo estádio e que, por isso, pretenderiam antecipar R$ 365 milhões.
Outra história conta que será montado pelo banco BMG/MRV com administração de Rubens Menin, um sistema de transmissão exclusivo aos sócios torcedores dos jogos do Atlético Mineiro na Arena MRV.
A medida provisória que dá ao clube mandante os direitos da transmissão de seus jogos poderiam ser considerada aliada do Atlético nesse projeto de levar os jogos do clube em sua Arena para os seus sócios torcedores? Sim e não. É preciso analisar a fundo essa medida provisória e os seus efeitos práticos.
Da mesma forma, as críticas do vice-presidente Lásaro Cândido ao comportamento da direção do Flamengo nesse episódio não devem ser recebidas como rejeição total à medida.
O que ele disse, é uma proposição de tal complexidade e repercussão deve ser alvo de um amplo debate e produto de uma decisão coletiva, que traduza um consenso e reflita o interesse de todos os clubes.
E tem mais: dizem as boas línguas que, até outubro deste ano, será construído um centro de experiências no terreno da Arena MRV. O local teria uma loja para comercializar itens relacionados ao estádio, como a maquete da nova casa do Atlético.
Se isso tudo se confirmar, mais que uma baita ação de marketing/publicidade do Galo e de seus parceiros, uma vez mais se confirmará que as parcerias do clube com a MRV e com o BMG passam, efetivamente, pelo sucesso da Arena MRV.
Vez ou outra, algumas dessas ações vazam aqui ou ali sem, contudo, trazer a público os detalhes de como tudo isso será feito.
Embora todo esse burburinho agrade aos meus ouvidos e afague o meu coração, não ouso dizer que, agora, acredito que todos os problemas do Atlético estão resolvidos.
Como não conheço em detalhes tudo o que planejam fazer, nem o que se diz que será feito, tampouco o que já estão fazendo, bem como os detalhes das parcerias, a experiência e o conhecimento dos intestinos do clube recomenda precaução e colocar as barbas de molho.
Como o clube e os investidores vêm deixando claro, sei que é grande a confiança dos parceiros no sucesso e na viabilidade da Arena MRV, a partir de um conjunto de ações e novidades.
Sei, ainda, que, por tudo isso, um novo Atlético está sendo construído. Se para o bem ou para o mal, só o futuro mostrará.
Portanto, as cobranças e as críticas de qualquer torcedor, minimamente preocupado com a delicada situação financeira e com o futuro do clube, têm que ser ajustadas a essa realidade que se desenha.
Primeiro, porque é preciso entender e conhecer a fundo o que está acontecendo para, então, formular a crítica correta.
Segundo, porque tudo isso atrai simpatia e apoio acrítico de parcela significativa da massa. E, diante desse torcedor cego pelo oba-oba, qualquer crítica formulada não encontraria eco. Lançada, então, a esmo ou não embasada em fatos concretos, deixaria o seu autor praticamente pregando no deserto.
Terceiro, porque é preciso ter claro que as contratações em curso e aquelas outras especuladas, não só mudam a fisionomia do elenco em termos de qualidade como, em razão da faixa etária, o rejuvenescem significativamente, o que permite depreender mais uma vez que o projeto é efetivamente de médio a longo prazo.
Quarto, porque nada é mais estéril e improdutivo do que ficar apenas discutindo de forma reativa e acrítica às nem sempre confiáveis notícias do clube, cingindo fundamentalmente as nossas desconfianças ou à nossa má querência, seja por quais razões forem, aos personagens dessas parcerias.
É preciso, por vezes, fazer o papel do advogado do diabo. É preciso, também, reconhecer que no Atlético de hoje existem coisas positivas e negativas. É preciso aprender a separar o joio do trigo.
Ou seja, é preciso reconhecer as coisas que precisam ser preservadas e potencializadas e aquelas outras que precisam, para ontem, serem reformuladas e até suprimidas da vida do clube.
Ufanismos a parte, é preciso ver as coisas com equilíbrio e sabedoria. Não que se vá evitar, de todo, aquelas manifestações quase religiosas e desprovidas de qualquer senso. Mas o suficiente para se criar um clima de cobrança perene, responsável e proficiente.
Uma torcida só de baba ovo não leva clube algum a lugar nenhum. Cobrança é fundamental.
A boa notícia é que cada vez mais aparecem torcedores que se preocupam em saber qual é a contrapartida dos parceiros, ainda que muitos continuem acreditando, de forma pueril, que ela não existe.
E, ainda que o barulho dos que mergulham irreflexivamente na euforia alimentada pelas contratações e pelas especulações seja, às vezes, ensurdecedor, e cause impressão diferente, acredito cada vez mais no potencial de crítica e cobrança da massa.
O desafio, como tenho chamado a atenção nessa coluna, é se manter vigilante, aplaudindo o certo e criticando o errado.
Não obstante, um novo Atlético estar sendo desenhado e um perfil de governança profissional, ainda embrionário, também estar sendo costurado, ainda que esse processo tenha se iniciado a fórceps, vigiar, cobrar, duvidar e provocar seguem como mandamentos pétreos de todo torcedor que preze a saúde de seu clube do coração.
“Como gestor, é esta a lição que fica. Organizar a casa, ser transparente e dar voz à Massa. Jogando juntos, seguimos fortes! ”, disse o presidente. Que isso não fique só no discurso.
Ah! Não, não há nenhuma crítica à expectativa de retorno por parte de qualquer parceiro, mesmo porque o que há entre clube e investidores é um negócio que, se for para o bem do Atlético, é muito bem-vindo.
“Pobre e santo quando veem muita esmola desconfiam”, já dizia minha saudosa avó.
SANTO? MECENAS? OU APENAS UM MERO INVESTIDOR? Prefiro este último. E que mal faz se também for apaixonado pelo Galo?