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Sai ano, entra ano e os desafios se renovam… Contratar um novo treinador é apenas um deles

Foto: Pedro Souza / Atlético
Por Max Pereira, do Fala Galo, em Belo Horizonte

Diziam os antigos que quem procura, acha. “Ah! Menino, você está procurando sarna para se coçar”, dizia a minha velha e saudosa avó. Mas, uma coisa é cientificamente certa: a lei da causa e do efeito. Aliás, a terceira Lei de Newton, ação e reação, encerra basicamente o mesmo princípio.

Nestes tempos de fim de temporada, ainda que encham o saco, as especulações nem sempre são o maior problema de clubes como Atlético, extremamente susceptíveis ao disse me disse e um vulcão sempre em estado de pré-erupção. Saídas e chegadas são comuns e algumas, mais que naturais, são até esperadas. Outras, podem ser o prenuncio de um desastre incalculável.

O anúncio, por exemplo, do fim de mais um ciclo de Cuca no Atlético não é surpreendente. Ao contrário, eu diria que era algo bastante previsível para qualquer observador que já tivesse se dado conta do temperamento inquieto do treinador. Alex Stival, inclusive, já havia, por mais de uma vez, sinalizado com clareza meridiana que não ficaria. Fincar raízes sempre foi algo impensável e inquietante para Cuca. Tem gente que é assim na vida e, não apenas no trabalho.

Enquanto Cuca vai seguir sua vida longe do Atlético, o clube, por sua vez, tem que cuidar de seguir a sua vida sem o vitorioso treinador. E é aqui que a porca torce o rabo, vez que o risco de uma descontinuidade brutal, com consequências imprevisíveis é enorme.

Um elenco estelar e pesado como o do Atlético, as expectativas de sua imensa e apaixonada torcida, o projeto em curso no clube, todo o trabalho realizado até agora no futebol, i.e., dentro de campo, e os objetivos esportivos do Glorioso demandam uma escolha acurada de um substituto de Cuca. Tarefa hercúlea e com todo o grau de dificuldade.

Não é qualquer treinador, independentemente de sua nacionalidade, origem e idade que, hoje, poderia assumir o comando da equipe atleticana. Estofo, background, experiência, conhecimento de gestão de grupo e de vestiário e capacidade de diálogo e traquejo no trato com o diferente, além de conteúdo tático diversificado, são algumas das qualidades deste profissional. Treinadores cujo ego inflado já comprometeu trabalhos que poderiam ter sido mais longevos e profícuos são contraindicados. Será que é preciso citar exemplos?

Paralelamente a tudo isso, o elenco que já perdeu Alan Franco, cedido por empréstimo, pode sofrer mais defecções e o novo treinador deverá ter bastante cuidado ao sugerir as contratações pontuais que se fizerem necessárias, vez que não conhece em profundidade o perfil do grupo.

Assim, o novo comandante não poderá ser alguém que veja o CIGA como um estorvo, algo que concorra com a sua autoridade. O risco de se trazer jogadores de perfil desagregador sempre existe e uma das funções mais importantes do CIGA é exatamente, se não eliminar totalmente, minimizar a um nível não comprometedor a contratação de um profissional desse tipo. Aqui, se depreende outra qualidade desse profissional: alguém antenado e preparado para desenvolver o seu trabalho em sintonia com o projeto em curso no clube.

Como um estranho no ninho, é natural que este novo treinador queira se afirmar logo e, o mais rápido possível, dar ao time a sua cara. E essa preocupação pode ser o estopim de um desastre insolúvel.

Exemplos na vida do próprio Atlético de que transições desse tipo, se não forem bem conduzidas podem gerar consequências imprevisíveis, existem de sobra. Sampaoli, por exemplo, isolou a comissão técnica permanente do clube e, por seu turno, isolado e cada vez mais iracundo, irritadiço e frenético, viu seu trabalho oscilar e atravessar momentos de muita tormenta, ser bastante criticado e ficar longe dos títulos almejados.

Cuca, outro exemplo, quando chegou, vivia um inferno astral bem particular e dolorido e, no afã de exorcizar de vez o fantasma argentino de seu antecessor e mostrar um time com a sua marca, por pouco não enfiou os pés pelas mãos. Hulk o salvou, mas essa é uma história sabida e ressabida por todos.

Fiel à minha aversão em relação às especulações não sugerirei qualquer nome e nem analisarei neste ensaio quaisquer outros que vêm sendo conjecturados aqui ou ali. Lembrando, uma vez mais, que cada ação acarretará sempre uma reação, como Newton nos ensinou, volto a alertar que nada é feito na vida sem gerar uma consequência, causa e efeito.

Sai ano, entra ano, os desafios se renovam. E, nesta virada de 2021 para 2022, tendo em vista a revolução organizacional, financeira e estrutural que vem sacudindo o Atlético e o projetando como potência no esporte não só no país, como no próprio planeta, os desafios daqueles que hoje estão conduzindo os destinos do clube são mais que especiais, são apenas os maiores e mais complexos que um corpo diretivo do Glorioso já teve pela frente nestes 113 anos de existência e vida desse Galo mais famoso e mais querido do mundo.

Escolher o novo comandante do time atleticano é apenas o primeiro, e não menos importante, de muitos outros desafios que os dirigentes e todos os profissionais atleticanos, dentro e fora do campo, terão que arrostar nesse ano de 2022 que está por se iniciar.

Maximizar e diversificar a receita, reduzir custos e gastos sem comprometer os investimentos e sem desqualificar o elenco e o time, tornar o clube cada vez mais transparente, profissionalizar e qualificar cada vez mais a gestão do clube e do futebol em particular, desenvolver cada vez mais a cultura do compliance, garantindo que o Atlético se oriente sempre pela ética e garantir que o Glorioso, seja qual for a sua constituição social no futuro, associação ou empresa, preserve a sua identidade, a sua história, a sua tradição e mantenha sempre integro, uno e indivisível esse amálgama, sua razão de ser, clube/time/torcida, são outros desafios de igual complexidade.

Ah!, SAF e alienação de patrimônio têm que ser vistas como estratégias de oportunidade, cada qual a seu tempo e a bordo de planejamento e sem se descurar jamais de uma série de questões que devem estar sempre na mira de qualquer dirigente responsável e minimamente comprometido com a saúde financeira e o futuro do clube, conforme dissequei no artigo “OS VENDILHÕES DO TEMPLO ATLETICANO”, publicado no Blog O CANTO do Galo, no dia 24 de dezembro desse agonizante 2021.

Sai ano, entra ano… . E, contratar um novo treinador, é apenas um dos muitos desafios que o Atlético tem pela frente.

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