Rafael Dudamel no Atlético e o ano de desnudar a base no Brasil

 

Betinho Marques
Do Fala Galo
04/01/2020 – 08h
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Entenda o Galo 2020 – Material para compreender o funcionamento do Atlético de 2020 – Uma análise da carreira de Rafael Dudamel, o depoimento do jornalista Giovanni Castro sobre o treinador, detalhes sobre apurações da nova filosofia, a linha de produção do Galo 2020, Dylan Borrero, a possível saída de Cleiton e toda a necessidade do encaixe da base em toda a engrenagem atleticana. Um novo olhar! Sem ilusões! Verdades relativas, cheias de “nudes”.

 

Vitor Mendes é uma das grandes esperanças da base em 2020 – Foto: Pedro Souza

 

Nunca um “esquartejamento” moral foi tão alarmado. O rebaixamento do Cruzeiro escancarou a fragilidade e insipiência profissional do deficitário futebol brasileiro, que trata instituições de faturamentos milionários com a descrição de “associação sem fins lucrativos” como grandes “muletas” para não responder aos prejuízos, obtendo resultados de gestão amadora, mas favorecendo grupos e oligarquias de forma mafiosa e profissional. Não há para onde correr. O ano de 2020 será o ano de desnudar as categorias de base brasileiras, não por só querer, mas para não perecer como os azuis. “Nudes” de todos conluios empresariais ou também as “peladezas” de bons trabalhos serão escancarados. Até mesmo os trabalhos promissores serão percebidos. O futebol do Brasil é deficitário. Não é opção, é o que tem para o momento.

Minas é termômetro de produtos, nunca “cobaia” – Técnicos estrangeiros e o vizinho bem-sucedido

Tradicionalmente os mineiros são considerados nacionalmente por “termômetros” de produtos. Quer saber se um lançamento de mercado vai vingar, teste em Minas. Haverá sempre alguém para dizer: “Você testou isto onde? Não vou ser cobaia. Mostre-me onde aplicou. Quero ver onde deu certo. ”

Pois é! Observou-se que o futebol brasileiro rodou exaustivamente técnicos nativos que literalmente “entregavam coletes”. Inclusive, no mesmo campeonato, houve treinador que participou de times que brigavam por rebaixamento e trocou de roupa horas após uma partida com conflito de interesses muitos claros em jogo, num completo caos ético, financeiro e contratual. Só acontecem estas atrocidades no futebol. Num “mar” de falta de estratégias, de plano de negócios e de falta de identidade, tínhamos dois treinadores estrangeiros em vinte. E aí? Os dois estrangeiros diante de dezoito nativos ficaram nas duas primeiras posições. 

Quem nunca ouviu da mãe ou parente próximo frases do tipo:  você viu? Seu amigo, da vizinha ao lado está estudando muito, vai fazer medicina. Enquanto isso, você só fica na rua chutando bola e tirando nota mais ou menos. Assim, o Galo foi atrás de um treinador estrangeiro, já que é a tendência nacional de quem vingou. A velha frase: “não vamos inventar a roda”. O nome foi o  venezuelano Rafael Dudamel, e agora: termômetro ou cobaia? 

Sem esgotar e deixando o debate no ar, volta a pergunta mineira: “você testou isto onde? Quero ver onde deu certo. E aí, onde deu certo? Na Venezuela. ” Mineiro não vai aprovar o produto sem saber mais. Terá um olhar de soslaio. “Dois já deram certo, mas ainda é um forasteiro, espia mais, não tira o olho, eu preferia o Cuca, sô! ”

A Venezuela como parâmetro, alguns rótulos criados e a opinião do jornalista Giovanni Castro

“Dudamel joga de forma defensiva” – Imagine treinar uma seleção em que o futebol não é preferência nacional, ter o pior time da América do Sul e com inúmeras goleadas sofridas. Obviamente, que estancar a “sangria” defensiva seria o primeiro ato. Observando algumas atuações, percebe-se que vitalidade é a palavra do treinador que gosta de transições rápidas e triângulos posicionais. O termo “defensivo” é naturalmente circunstancial.

“Melhorou a Venezuela” – Obviamente que qualquer melhoria num país sem lastro histórico do futebol seria grandiosa. Daí, vem a questão: quem fez “garoar” no deserto poderá brilhar no Brasil? Esta é parte da engrenagem

O jornalista venezuelano, Giovanni Castro, fez um resumo da ficha do treinador e alertou que Dudamel é um planejador técnico, mas que suas táticas de jogo estão sob a demanda do adversário.

“Rafael Dudamel era um jogador com grande experiência como goleiro, completou importantes apresentações em equipes da Argentina, Colômbia, África do Sul, além dos clubes venezuelanos. Em 2010, ele se aposentou como jogador e passou a trabalhar como treinador, dirigindo o Estudiantes de Mérida e Deportivo Lara. No ano de 2012, ele levou a equipe nacional de Sub-17 e se classificou para a Copa do Mundo nessa categoria em 2013, nos Emirados Árabes Unidos. Em 2015, assumiu a equipe de Sub-20 e se classificou para a Copa do Mundo na Coréia do Sul, alcançando o vice-campeonato. Em 2016, ele assumiu a equipe principal e, na Copa América do Brasil, chegou às quartas de final sendo eliminado pela Argentina, caso em que empatou com o Brasil em Salvador, na Bahia. Deixa a seleção na 25ª posição do ranking da FIFA, a melhor posição da Venezuela em sua história. Dudamel é um planejador técnico, suas táticas de jogo estão sob demanda do adversário e ele aposta em ser ofensivo no meio-campo. ”

Acrescentando: Rafael alcançou resultados “absurdos” e inimagináveis para a Venezuela, que parecia terra infértil. Foi vice-campeão sul-americano sub-17 em 2013. Já em 2016, após assumir o sub-20 foi vice-campeão do mundo da categoria perdendo por 1×0 para a Inglaterra. O pulo do gato para o Galo querer: O ex- goleiro conseguiu moldar a juventude e criar um formato de jogo consistente na defesa, até por necessidade principal. Recentemente, no sul-americano sub-20 de 2019 venceu a seleção brasileira com dois gols de Jan Hurtado (jogador que foi até sondado pelo Atlético recentemente).

Na seleção principal avançou em duas edições da Copa América (2016 e 2019), sendo eliminado nas duas oportunidades pela Argentina. O que não conseguiu alcançar dentro dos limites possíveis foi levar a seleção “Vinho Tinto” para a Copa do Mundo. Apesar da evolução, manteve-se sem grandes goleadas sofridas, mas na última posição das eliminatórias da Copa de 2018.

A engrenagem: Dudamel + Base + aposta em jogadores novos da América do Sul

A engrenagem que faz o Atlético se encantar por Rafael Dudamel –  Após apurações e montagens dos quebra-cabeças a realidade é: o Atlético fará poucas contratações em 2020. A ideia é: poucas aquisições, em jogadores novos, para oportunidades pontuais, as chamadas “apostas”. Não estão descartados jogadores renomados e em destaque no cenário, mas dentro de um perfil comercial e serão poucos. Oportunidades!

As “apostas” se juntarão às engrenagens de Júnior Chávare, diretor das categorias de base, e aí ocorrerão os “nudes”. Time e torcida viverão uma mudança de conceitos. Será 2020 o ano do ar novo. Obviamente que o mercado é dinâmico, por isso, oportunidades podem ter acréscimo na engenhoca atleticana. Mas em síntese, será o ano de ver gente nova, time com média de idade baixa e investimento em quem tenha mercado para negociações.

Neste cenário, os olhos ao mercado da América do Sul mudarão as tendências atleticanas. A questão é:  Dudamel precisará se adaptar a níveis diferentes de exigência e terá que provar desejo por resultados mensuráveis. Receberá da base do Atlético entre cinco a seis jogadores com possibilidades de ascensão, como exemplo, o zagueiro Léo Griggio. Além disso, o Galo deve anunciar a revelação colombiana Dylan Borrero nos próximos dias, que será um “espelho” da nova filosofia que deve ser implantada no novo Galo de 2020.

Acrescentando uma nova “dieta” econômica, o elenco não manteve Elias, Léo Silva, Geuvânio, Chará e Luan.  Ricardo Oliveira e Vinícius também devem sair e aliviar os cofres. Além de esvaziar a folha de pagamento, o recado está claro: não será o ano dos “medalhões”, não contratarão “peças” que não forem potencialmente comerciais. Também será o último ano da primeira gestão de Sette Câmara, então, não se pode mais errar. Chama o síndico, Rui Costa!

O equilíbrio para a juventude 

O que aflige a torcida é a balança técnica que necessita do contraponto, ou seja, de alguma experiência. Neste quesito, há Victor e sua história vitoriosa. Mas os cabelos do torcedor espetam ao ver que no plantel resistem bravamente Patric e Fábio Santos, pelo menos por enquanto. Por fim, os cabelos despem a cabeça ao perceber que Cazares poderá ser negociado e não há substituto para a posição. Mas o que não deixa o atleticano dormir é: o time precisa de dinheiro e Cleiton poderá sair muito em breve.

Dudamel e o Mineirão em direção a casa própria 

Na construção de todo este novo Galo, o Mineirão não será por acaso. O torcedor que está no sofá precisará voltar. A Arena MRV precisará manter o torcedor acostumado ao compromisso de ver o Galo semanalmente.  Lançar um novo programa de sócios que seja exequível e viável fará provavelmente do Independência apenas uma lembrança num quadro.

A “roda” tem que girar. Menino revelado, é menino vendido. “Chávare trazendo mais e repondo a prateleira”. Destaca e vende! Dudamel verá uma torcida em um novo tempo, preparando caminho para a casa própria. Construirá a identidade de base que canta o hino do Galo e usa os “produtos” fornecidos pela fábrica do diretor das categorias de base. Poderá com seu temperamento “lutador”, ganhar o amor atleticano. Precisará suar sangue, jogar com a torcida e mudar cenários de dispensas quadrimestrais históricas nos últimos anos, mas necessitará de repertório e qualidade. Foi legal na Venezuela, mas agora o papo é sério, Sr. Dudamel:  vice, aqui, não vale nada!

Chances no ano

Com tudo exposto, não se pode iludir. A construção de 2020 é para se consolidar no Mineiro, ter uma boa oportunidade de Sul-Americana e ser competitivo para estar na Libertadores em 2021. Vencer o Campeonato Brasileiro ainda não é algo palpável e sensato para uma análise razoável. Para competir com clubes mais bem delineados como Flamengo, Grêmio e Athlético-PR é preciso mais. Pode mudar? Claro! Mas o ano não é o ano clichê de paciência, o ano atleticano é de um novo pensar, além do horizonte, um novo olhar, de todos.

Manter um clube sem imperícias financeiras é obrigação e não exclui resultados satisfatórios em campo. Mesmo com os pés no chão, é preciso desejar vencer. Não há espaços para Bolts, não há dinheiro a perder. Será o ano de desnudar a base. A torcida espera que possa mostrar os “nudes” da boa qualidade sem empresários, mas com pudor.  Chegou a hora da base! É o que tem para o momento!

 

Galo, som, sol e sal é fundamental!

 

Betinho Marques
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