Quer pagar quanto? – Por Prof: Denilson Rocha
Quer pagar quanto?
Salvo alguns poucos privilegiados, todos nós precisamos fazer escolhas quando vamos usar nosso suado dinheiro. Nunca é suficiente para todas as nossas necessidades e, principalmente, nossos desejos. Além do arroz com feijão, da casa e do transporte, sempre aparecem aquelas loucuras por seus objetos de desejo. Basta observar as filas quilométricas para comprar aquele celular mega moderno que não sabemos usar nem 10% do que ele oferece. Para que? Status, autorrealização, sentimento de poder… Pagamos caro e temos motivo para isso.
Agora, se coloque como presidente ou, nos termos modernos, CEO de uma grande empresa que tem que escolher onde colocará seus recursos de marketing e publicidade? Como escolheria? Como profissional, não se coloca milhões em uma brincadeirinha ou na sua paixão esportiva – até porque os acionistas não iam gostar nem um pouco. A escolha é simples: quem me traz mais retorno sobre o investimento? E aí vem a pergunta básica: qual retorno o Galo está oferecendo para seus patrocinadores?
Vamos começar pelas referências atuais. Todo mundo fala da Crefisa no Palmeiras – agora anunciando contrato que pode chegar a 400 milhões em três anos. Qual a visibilidade da Crefisa antes do Palmeiras e qual a atual? Quanto vale o espaço que teve em diversos programas esportivos nos últimos anos? Será que conseguiria esse espaço somente pagando? Mas se é tão bom, por que não fez o investimento antes? Simplesmente porque o Palmeiras estava na segunda divisão, pessimamente administrado, endividado, sem ganhar nada. O que o Palmeiras oferece, hoje, é uma imagem vitoriosa.
Flamengo, Corinthians, Palmeiras, e agora, nosso adversário do outro lado da lagoa, estão acertando o maior contrato de patrocínio de sua história e um dos maiores do Brasil. De cara, jogam por terra aquele discurso de que o mercado de BH é menor que SP ou RJ. O mercado da bola é mundial. Mas como conseguiram isso? Construindo uma imagem vencedora. Títulos recentes no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil colocaram o time em evidência. Porém eles souberam se aproveitar disso, mantendo seus ídolos e exaltando suas conquistas – nós até podemos ironizar as faixas espalhadas por todo lado, mas chamou atenção dos investidores.
Me ensinaram que sorte é quando a oportunidade se encontra com a competência. O que o Atlético fez quando teve a oportunidade?
Os anos de 2013 e 2014 foram marcantes para o Galo. As conquistas da Libertadores e da Copa do Brasil recolocaram o Atlético entre os maiores clubes do continente. Não foi só o resultado, a forma como foi alcançado, marcou a história do Clube. Viradas, pênaltis, emoção… Milagres! Dentro de campo, um grupo repleto de atletas já considerados acabados: Léo Silva, Pierre, Jô, Ronaldinho Gaúcho. Um dos maiores jogadores da história chegou em baixa e renasceu. Até hoje aquelas conquistas ficaram marcadas, não apenas para os Atleticanos, a imagem do Galo chegou ao mundo. O Mago usando o Manto Alvinegro continua presente. O “eu acredito” ainda é entoado em estádios e ginásios em todo o Brasil. Mas o que o Atlético fez com isso? Absolutamente NADA. O quanto valorizou sua imagem? NADA. O quanto transformou essa exposição em recursos, patrocínios, alianças? NADA. O quanto consolidou sua imagem vencedora? NADA.
Segundo nosso ex-presidente, “marketing é bola na casinha”. Só esqueceram de avisá-lo que “a bola não entra por acaso”.
O Atlético perdeu um momento único em sua história, em que foi conhecido e reconhecido mundialmente. Ainda que voltemos a ter as emoções daquele período, não será mais a 1ª Libertadores ou a 1ª Copa do Brasil. Era o momento de consolidar a imagem vencedora, de grandeza, de buscar novos parceiros estratégicos, de ampliar patrocínios e melhorar contratos de TV. Mas nada disso foi feito. Continuamos trocando de fornecedores de material esportivo e de patrocinadores com a mesma frequência que trocamos de técnicos. Não nos valorizamos. Não capitalizamos. Não rentabilizamos.
Perdemos a oportunidade porque faltou competência para compreender que não é só a visibilidade da marca, mas é COMO é construída esta visibilidade. Marcas vencedoras querem se associar a clubes vencedores. Os patrocinadores querem, sim, associar sua imagem a vencedores. E o Atlético perdeu o timing.
Agora, enquanto assistimos aos adversários (e nosso vizinho) firmarem contratos de patrocínio com valores 4, 6, 10 vezes maiores que os nossos, vamos continuar colocando a culpa no acaso? Nossos patrocínios são do tamanho e da importância que o próprio Atlético tem se colocado. Estamos nos apequenando quando desconhecemos nossa história vencedora, quando não exaltamos nossos títulos, quando deixamos nossos ídolos saírem desvalorizados, quando transformamos nosso Manto em um abadá, quando nos encolhemos em um estádio minúsculo, quando nos conformamos (e até comemoramos) um medíocre 6º lugar no campeonato. Enquanto os adversários se valorizam, vamos continuar gritando: quer pagar quanto?
Sigam o Fala Galo nas redes:
falagalo.com.br
@falagalo13