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Perrella no Galo!

 

 

Silas Gouveia
Do Fala Galo, em Belo Horizonte
10/12/2019 – 09h29
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O ano do rival foi terrível, todos nós sabemos das consequências de tudo o que estava sendo feito. E embora o Perrella não tenha participado diretamente de muita coisa errada no clube, ele também tem enorme parcela de culpa em tudo o que aconteceu e, mais fortemente, nas medidas adotadas que acabaram empurrando o clube ao rebaixamento às vésperas de completarem seus 100 anos de vida.

Vinha dizendo a todos que me perguntavam, que não acreditava na queda deles para segunda divisão do futebol brasileiro, por mais merecedores que fossem por conta de sua soberba e arrogância. Mas pensava que ao final iriam acabar se livrando do rebaixamento, mais por conta da incompetência de outros times, do que por sua própria competência. Mas eu estava errado e as coisas caminharam para o que vimos neste fatídico 08/12/2019. Coincidentemente, o dia de aniversário de casamento de meu sogro, um dos mais fanáticos cruzeirenses que já conheci, mas já falecido.

O que me leva então a relacionar o Perrella ao Galo? Suas atitudes de contenção de custos principalmente. Não que isto seja errado. Ao contrário, acho mesmo que é uma atitude louvável e necessária para conseguir se equilibrar ao longo do ano e honrar seus compromissos. Seu erro maior talvez tenha sido, tentar “trocar a roda com o carro andando”! Austeridade financeira por aqui, foi feita antes dos torneios começarem e, mesmo assim, estamos colhendo frutos desta iniciativa, amargando sucessivos vexames e eliminações de torneios, sem conseguir conquistar sequer o título do Mineiro na atual gestão. Dois anos seguidos de fracassos e perda de receitas. Prejuízos constantes em todas as áreas e classificações medíocres, que acabam por refletir a mediocridade de elenco e diretoria. Esse ano amargamos a décima terceira colocação no Brasileiro. A pior classificação da era dos pontos corridos. E corremos riscos de rebaixamento até as últimas rodadas. Tudo isto em um ano em que o último colocado que salvou-se do rebaixamento, acumulou apenas 39 pontos (a menor pontuação de um clube para permanecer na série A).

As semelhanças entre os dois dirigentes são muitas. Tantas que por vezes penso que do lado de cá, o hino do rival seja mais aplicável tamanha a vaidade que se carrega e a arrogância externada aos quatro cantos.

O rebaixamento do rival será muito mais doloroso do que muitos possam imaginar. Mas daqui pra frente os clubes que se cuidem, pois a situação só tende a piorar para aqueles que caírem para a segunda divisão do campeonato brasileiro. A começar pelas cotas de TV, que na série B, segundo algumas informações que circulam nas mídias, terá uma cota única para todos e o valor chega a ser irrisório para clubes da dimensão e tamanho daqueles que figuraram naquele famoso “Clube dos 13”! As receitas para um clube que disputará a série B, vai girar em torno de 40 a 50 milhões, em uma avaliação muito otimista. As avaliações mais sensatas estimam uma receita na casa dos 30 milhões de reais. Hoje os grandes clubes brasileiros da série A, tirando aqueles que têm maior cota de TV, gira em torno de 90 a 110 milhões de reais só de TV.

A preocupação aumenta, quando analisamos os dois maiores clubes mineiros, cada um agora em uma divisão do campeonato brasileiro, mas os dois com problemas ainda muito semelhantes. Por exemplo, o elevado endividamento dos clubes, as baixas receitas obtidas com bilheteria, os altos gastos feitos em áreas administrativas, com salários astronômicos para cargos de diretor e assessores, em detrimento de gastos com o futebol profissional e mesmo nas categorias de base. É claro que, devido ao rebaixamento, todo este cenário é potencializado a centenas para o rival, mas são absolutamente idênticos em seu conteúdo e ordem de grandeza, assim como no roteiro adotado por ambas administrações. O ano de 2020 será penoso para o rival, mas não menos preocupante para o lado do Galo, caso não se tomem medidas drásticas na condução do negócio Futebol.

A fórmula de contratação a peso de ouro de medalhões que não têm mais tanto espaço em outras praças, mostrou-se muito arriscada para ambos, embora tenha sido coroada com títulos importantes para as duas principais equipes mineiras. Acontece que esta fórmula está baseada em ganho de títulos importantes no máximo de 2 em dois anos. E mesmo assim, em algumas competições o valor recebido das premiações, acaba sendo em grande parte repassada aos prêmios e salários dos atletas. Foi assim na libertadores de 2013 e também nos títulos brasileiros e copa do Brasil do rival. Muita grana, muitas despesas, equilíbrio inconstante. Resultado: dívidas astronômicas em todas as esferas, em especial nas causas trabalhistas e, por vezes, nas transações internacionais de atletas que acabam por gerar pendências na FIFA.

O ano de 2020 é um ano muito perigoso, também para ambos os clubes. Na série B, por conta do nível da competição e a forma como se joga o torneio. Muito mais transpiração do que técnica. E quanto mais tempo se gasta para se conseguir este entendimento e montar uma equipe com estas características, mais chances terão de não conseguir voltar para a primeira divisão no ano seguinte. Já para o campeonato brasileiro da série A de 2020, a disputa para permanência na elite do futebol brasileiro tende a ser árdua e decisiva desde o início da competição. Não caberão mais vacilos como os cometidos neste ano pelo Galo. Erros de avaliação e perda de pontos terão uma repercussão muito mais forte em 2020, devido ao nível dos clubes desta temporada.

E o que se pode tirar de aprendizado de tudo o que envolveu o futebol mineiro nestas temporadas, em especial a de 2019? A necessidade de mudanças radicais na condução dos clubes. A necessidade de abertura para mais sócios e torcedores participarem das decisões dos clubes. Uma oxigenação mais que necessária, imprescindível eu diria. O desmantelamento dos cartéis existentes nos dois clubes, o fim dos feudos familiares, o extermínio dos cabides de empregos, dos gastos desnecessários e das mamatas aos amigos e correligionários. A profissionalização do negócio principal dos clubes, que é o Futebol. Chega de amadorismo e de falcatruas nas administrações destes clubes. Alguma coisa precisa ser feita para tomar o poder das mãos dos mesmos que dominam o cenário futebolístico de Minas, há décadas. Basta!

Mas por mais incrível que pareça, o rival tem mais chances de fazer o dever de casa, do que do lado Atleticano. E não porque eles querem isto, mas porque agora eles não têm muitas outras opções, como do lado atleticano ainda tem. A oxigenação dentro do rival passa a ser quase uma questão de sobrevivência deles. Já aqui, ainda há muita “carne no osso” para eles poderem largar tão cedo assim. Caso de fato, do lado de lá eles façam as mudanças necessárias no Estatuto, conforme ele disse em entrevista recente, abrindo para a participação de mais sócios e tonando as gestões mais transparentes, talvez um Perrella repaginado como ele promete ser daqui pra frente, no Galo fosse menos tóxico que o atual mandatário, que com sua habitual arrogância e vaidade tão esbanjadas em seus comentários, mais se assemelha do clube azul em sua essência do que de um time popular, preto e branco e da série A.

 

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Edição: 
Edição de imagem: André Cantini 
Edição de texto: Angel Baldo