Inesperado: Galo da vexame no Mineirão e rival sai na frente
Por Jéssica Silva
Muito do que se espera de uma partida de futebol é reflexo do momento de ambos os times que a disputarão, suas formações e, acima de tudo, do desempenho que apresentam em campo. Porém, há um tipo de jogo que pode surpreender em termos de resultado, por se tratar praticamente de um evento: o clássico.
Antes da parada para a Copa América o Galo estava entrando nos eixos. Sob o comando de Rodrigo Santana, a equipe atleticana vinha ganhando corpo, cada jogador deixava o seu melhor em campo e imaginar uma temporada mais proveitosa após dias conturbados não foi difícil para a Massa. Em contrapartida, o rival vinha fazendo jogos ruins, não alcançava os resultados necessários e também lidava com escândalos nos bastidores.
Cravar uma classificação alvinegra há mais ou menos um mês era fácil. É claro, se tratando de um jogo atípico, carregado de muita história, nada pode ser dado como certeza. Mesmo assim, o caminho mais óbvio seria apostar no Atlético, mas a parada e o “longo” período sem jogos era visto como um possível fator que prejudicaria o trabalho de Rodrigo Santana. Apesar de saber que parar por um tempo pode acabar com o ímpeto de um time que vive um momento de constante evolução, isso de maneira nenhuma pode servir de justificativa para o vexame dado pelo Galo ontem, no Mineirão.
A má fase do rival e a sua necessidade em aliviar a pressão que o envolvia há bastante tempo poderia ser o motivo de duas derrotas no confronto e, consequentemente, uma desclassificação. No entanto, tudo isso foi somado a um Atlético omisso, desanimado e alheio a uma partida importante como é um clássico, o que resultou em um efeito totalmente contrário.
Olhando apenas o placar final seria possível deduzir que tivemos uma partida impecável do time de Mano Menezes, mas não foi o caso. O resultado acachapante veio muito mais dos erros do Galo que de qualquer outra coisa. Prova disso é que o Atlético teve maior posse de bola, mas por não saber o que fazer com a redonda ninguém realmente prestou atenção nisso. Todos nós estávamos preocupados em não ver a defesa atleticana sendo vazada de novo e de novo, pois era exatamente isso que parecia estar prestes a acontecer durante todos os noventa minutos.
Por experiência própria, o Galo deveria saber que a estratégia do time rival seria esperar suas ações para apostar nos contragolpes e se fechar ainda mais após alcançar tal objetivo, mas com jogadores completamente desligados e uma equipe sem o espírito de guerra que pede um clássico, o Atlético caiu no jogo de Mano Menezes e entregou um baita resultado ao adversário.

Nos primeiros minutos o rival esperou o Atlético, que poderia ter se mantido firme na partida, pois tinha a real obrigação de fazer isso. Após praticamente achar seu primeiro gol, o time de Mano Menezes viu o Galo se desestabilizar e soube que poderia ampliar a vantagem. Não se espera que um time recuado marque o gol em seu único chute com perigo, mas é inaceitável que uma equipe de profissionais e repleta de jogadores experientes aja como se uma bola na rede fosse o suficiente para mandar 90 minutos de uma decisão pelo ralo, sem apresentar qualquer reação.
Muitas foram as ocasiões em que nós apontamos erros individuais como justificativas para um resultado ruim, no entanto, ontem o Atlético foi omisso por completo e se apresentou como uma equipe que ainda estava em recesso, sem mostrar ter consciência da importância de um clássico contra o seu maior rival, valendo vaga nas semifinais da Copa do Brasil.
Jogadores experientes como Victor e Rever agiram como meninos em início de carreira, cometendo erros bobos e se apequenando diante de situações que poderiam ser perfeitamente contornadas. Cazares, que deveria ser a cabeça pensante no meio de campo, jogou mais pela esquerda e passou praticamente o jogo inteiro se escondendo da partida. Confesso ter ouvido o seu nome apenas no momento da sua substituição, que inclusive foi o ponto alto da sua noite no Gigante. Ambos os laterais estavam alheios ao jogo o tempo todo, dando a impressão de que não serviam para reforçar a defesa, tampouco para apoiar o ataque, e talvez realmente não sirvam.
Luan, que costuma ser o responsável pelo gás do Atlético em campo, fez uma partida inacreditavelmente ruim, não obteve sucesso na criação de jogadas, errou muitos passes e conseguiu a proeza de ficar mais perdido que todos os seus companheiros. O Menino Maluquinho foi facilmente marcado pelos jogadores rivais e, por mais que não haja nenhum nome atleticano para ser enaltecido, o de Luan talvez seja o que mais tenha trazido decepção. É difícil vê-lo tão perdido em campo.
Elias, que vinha se apresentando de maneira mais decente nas últimas partidas do Atlético, voltou a fazer uma partida desastrosa na companhia de Zé Welison e deixou claro que não é possível defendê-lo por muito tempo. Duvido que após seu desempenho no clássico haja alguém sonhando com a renovação do seu contrato, mesmo que isso pareça imediatismo.
Fato é que não é possível apontar um único nome para sofrer com as merecidas críticas. O Atlético foi ineficiente por completo, incluindo seu treinador. Não acredito que o simples fato de ser agora técnico efetivo tenha feito Rodrigo Santana mudar a postura, isso aconteceria de qualquer maneira. Nenhum dos jogadores se comportou como quem saiu de casa para jogar um clássico, o jogo que movimenta Minas Gerais, a guerra que acontece dentro das quatro linhas. O espírito de decisão que leva uma equipe a buscar apenas a vitória não esteve presente ontem em nenhum representante do Clube Atlético Mineiro, e foi aí que o desastre começou.
O Galo parecia ter como proposta de jogo manter a posse de bola, mas a maneira frouxa de conduzir a redonda o fazia perdê-la muito facilmente. Ao ver a vantagem do mandante ser construída em lances simples, qualquer esperança em ver o Galo reagir, diante de sua postura decepcionante, desapareceu. A situação parecia poder ficar pior a cada minuto. Era o Atlético ressuscitando um adversário em crise e se enrolando com seus próprios erros mais uma vez.
Quem esperava um jogo vistoso e disputado viu apenas duas equipes que não apresentaram um futebol de alto nível. De um lado, um time que se permitiu errar demais, do outro, um que jogou no erro do adversário, não precisando fazer lá muito esforço para marcar três gols em três chutes.
O preço pago pelo Galo por não ter entrado em campo a fim de vencer, por errar e se deixar levar pelas ambições do treinador rival e por não tomar conhecimento do que significava esse clássico para o time de lá é muito alto. A vantagem a ser revertida é complicada demais, até para o time das viradas impossíveis.
A partida da volta será um “Deus, nos acuda”. Talvez os jogadores atleticanos caiam em si e tentem correr atrás do prejuízo, mas se a estratégia rival para o jogo de ontem já foi se defender, agora com a vantagem e o regulamento debaixo do braço, não será diferente. O Galo permitiu ao adversário sair na frente com sobras quando decidiu jogar contra si mesmo, por isso terá que lidar com as consequências. Nada é impossível e um resultado tão surpreendente quanto o de ontem pode acontecer no Independência, na próxima quarta-feira. Porém, para isso é extremamente necessário que o Atlético reaja, volte da parada para a Copa América (onde está o time em constante evolução?) e entre em campo para jogar um Atlético x Cruzeiro como se deve, agindo como o maior detentor de vitórias em clássicos que é e impondo o respeito que sua torcida merece.
FICHA TÉCNICA: CRUZEIRO 3×0 ATLÉTICO
Motivo: quartas de final da Copa do Brasil (ida)
Data/Hora: 11/07/2019, às 20h (de Brasília)
Local: Mineirão, em Belo Horizonte
Árbitro: Raphael Claus (SP)
Assistentes: Marcelo Van Gasse (SP) e Danilo Simon Manis (SP)
VAR: Alício Pena Júnior (BR)
GOLS: Pedro Rocha, 12’1ºT (1-0), Thiago Neves, 26’1ºT (2-0), Robinho, 9’2ºT (3-0)
CRUZEIRO: Fábio; Lucas Romero, Léo, Dedé e Egídio; Henrique, Ariel Cabral; Thiago Neves (David), Robinho (Fred) e Marquinhos Gabriel; Pedro Rocha (Jadson). Técnico: Mano Menezes.
ATLÉTICO: Victor; Patric, Réver, Igor Rabello e Fábio Santos; Zé Welison (Jair), Elias; Cazares (Geuvânio), Chará, Luan (Otero); Alerrandro. Técnico: Rodrigo Santana
VEXAME: PÓS-JOGO COM WILDER MAECOS E BETINHO MARQUES
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