Faltam 42: Galo vence o Avaí.

 

Por: Jéssica Silva

Após tantos resultados ruins e tanta displicência no comando do Atlético, iniciar a disputa do Campeonato Brasileiro não é muito animador.

A principal competição brasileira geralmente é conquistada por equipes que têm um plantel bem montado, com mais de uma alternativa para cada posição e um comandante que transmita em campo o estilo de jogo buscado por sua diretoria. O Galo, nós já estamos cansados de saber, não tem nada disso.

A estreia contra o Avaí, equipe fraca em termos de técnica, pode ser considerada um presente, pois conquistar os três pontos logo de cara nos faz pensar que só faltam 42 para espantar as chances de rebaixamento. Sim, rebaixamento é o nosso primeiro pensamento para o Brasileirão, graças a nossa diretoria.

Contra o Avaí o Galo teve suas dificuldades, é triste dizer, mas não surpreendente. Em determinados momentos do jogo, a equipe atleticana era quem recuava, temendo o ataque adversário. Se o time catarinense fosse um pouco mais qualificado, talvez não se estaria falando de vitória agora.

Luan, como era de se esperar, foi um dos pontos positivos do time atleticano. É verdade que ele não é um primor de técnica, às vezes corre desenfreadamente atrás da bola sem finalidade alguma, mas em tempos de preguiça e omissão, um jogador que se esforça, dá seu sangue e se preocupa com o time deve ser valorizado.
Luan se incomoda com o rumo que o Galo vem tomando, assim como nós, e talvez seja um dos únicos.

Geuvânio, melhor contratação para a temporada até então, também demonstra se importar com o Galo.
Já havia se apresentado com raça e boas ações táticas em outras oportunidades, ontem não foi diferente. O camisa 49 foi aquele que pegou a bola no meio de campo e trouxe ao ataque tentando sufocar o Avaí durante a partida, peitou a marcação e proporcionou alguma criatividade ao Atlético, mesmo quando já estava cansado. É claro, trabalhando sozinho fica mais difícil, mas a iniciativa em tentar realmente jogar futebol é algo raro dentre os jogadores atleticanos e quem quer que faça isso merece reconhecimento.

O placar final foi favorável ao Atlético, já que o que seria o gol de empate do Avaí foi anulado pelo VAR, corretamente, diga-se de passagem. A questão é que mesmo que os três pontos tenham sido alcançados, o Galo não apresentou uma evolução. Permitir que um adversário fraco como a equipe avaiana goste do jogo e ofereça perigo, chegando até mesmo a balançar as redes, mostra que a nossa preocupação no Campeonato Brasileiro será tão grande quanto foi na Libertadores, isso se não for maior.

Ao contrário do que dizem algumas manchetes por aí, a vitória na primeira rodada do Brasileirão não ameniza a crise que vivemos. O adversário da noite de ontem é um sério candidato ao rebaixamento, mesmo assim fez frente ao Atlético, o que não é normal.

Nosso comando segue sendo o mesmo, Sette Câmara e sua arrogância ainda estão no poder. Os medalhões ainda estão em campo, agindo como se uma vantagem mínima jogando em casa contra uma equipe muito inferior, fosse grande coisa. O técnico interino, ou tapa-buracos, ainda está à beira do campo, sem um projeto definido pela diretoria que pode ou não buscar um novo treinador.

Ver o Galo recuando para não ser surpreendido por uma equipe como o Avaí não é diferente do que se esperava, dadas as circunstâncias em que nos encontramos, mas incomoda muito.
Este era o tipo de jogo onde o Atlético passaria por cima, sem dificuldades, caso nosso cenário fosse outro. Com diretoria, comissão técnica e jogadores que temos, já ter três pontos é lucro, por mais medíocre que pareça ser.

Como já foi dito e repetido, a mudança no Galo deve começar de cima. Se há um coração atleticano pulsando no peito do Sr. Sérgio Sette Câmara, renunciar ao cargo seria seu maior ato em prol do Atlético. Caso isso não aconteça, o que é bem provável, cabe a nós esperar que o presidente defina de uma vez por todas um projeto, traga um comandante que tenha um perfil correspondente a ele e o dê reforços para podermos sonhar pelo menos com dias melhores nas próximas temporadas.

Acima de tudo, que Sette Câmara e companhia dêem ao novo comandante, seja ele Rodrigo Santana ou não, tempo para trabalhar. Coisas grandes em um time de futebol vêm de confiança da diretoria para com o seu treinador e segurança para bancar seu escolhido em tempos ruins, visando um futuro melhor.

O Clube Atlético Mineiro é patrimônio único e exclusivo de sua torcida. Nossos avisos, cobranças e reclamações devem ser levados em consideração, porque nós, acima de qualquer diretor, técnico, ou atleta, visamos o bem do Galo, porque isso resulta no nosso próprio bem. Mais respeito, empenho e dias melhores é o que esperamos, mesmo durante essa fase ruim.

Por fim, faço das palavras do destaque da partida de ontem, Geuvânio, as minhas: os profissionais hoje vinculados ao Atlético devem agir como homens, dando a cara para bater e assumindo sua série de erros, para só assim começar a tão necessária mudança.
No mais, quem quiser sair que saia!

Que venham os 45 pontos!

Ficha técnica: Atlético 2 x 1 Avaí

Motivo: 1ª rodada do Campeonato Brasileiro
Local: estádio Independência, em Belo Horizonte (MG)
Data: 27 de abril de 2019 (sábado)
Horário: às 19h (de Brasília)
Árbitro: Rodolpho Toski Marques (Fifa/PR)
Assistentes: Bruno Boschilia (Fifa/PR) e Victor Hugo Imazu dos Santos (PR)

Cartão amarelo: Betão (Avaí)

Gols: Fábio Santos – 46’/1ºT (1-0); Brizuela – 1’/2ºT (1-1); Ricardo Oliveira – 7’/2ºT (2-1)

Atlético
Victor; Guga, Léo Silva, Iago Maidana e Fábio Santos; Adilson, Elias (Vinícius), Geuvânio, Chará (Jair) e Luan; Ricardo Oliveira (Zé Welison).
Técnico: Rodrigo Santana (interino).

Avaí
Vladimir; Iury, Marquinhos Silva, Betão e Paulinho; Mosquera (André Moritz), Pedro Castro, Matheus Barbosa e Gegê (Jones Carioca); João Paulo e Getúlio (Brizuela).
Técnico: Geninho