Eu acredito em Cazares, e você? – Por Tomaz Araújo

“Sempre falo para o Cazares que, pra mim, ele é jogador de Liverpool. Do nível do Coutinho se ele quiser. É um cara que eu admiro. Quero ver ele em time grande da Europa. Tem 26 anos, dá tempo ainda. Paulinho foi para o Barcelona mais velho. Todos nós temos que sonhar alto. Torço muito para o Cazares, quero ver ele jogando em time grande da Europa.”

Que o Luan do Galo é maluco, nós sabemos há muito tempo. Mas temos que concordar em sua afirmação acima sobre o talento de Cazares. Se fizermos um compilado dos domínios de bola, gol do meio de campo, dribles e assistências, dá um DVD bem bacana para impressionar os gringos. Depois de muitas reclamações da torcida e o famoso ciclo banco de reservas – bom jogo – titularidade – jogo ruim – banco de reservas, parece que finalmente Cazares deslanchou. E isso é imprescindível para nosso 2019.

Precisamos primeiramente entender a origem de Juanito. Apelar para o clichê “menino pobre que cresceu sem nada da vida” pode ser uma muleta para a formação do jogador. Mas acrescente à essa pobreza extrema o fato de ele ter perdido ambos os pais ainda criança. Desde que chegou ao Galo, Cazares passa suas férias em sua cidade natal, Quinindé, Equador, com população aproximada de 60 mil pessoas. Sempre que retorna ao interior, além de visitar os familiares posta no Instagram uma foto no túmulo de seus pais. Criado pela avó, futebol foi o que restou para o humilde atleta.

Saindo do nada para os prazeres que o futebol proporciona, Cazares perdeu-se com aquilo que nunca teve e o dinheiro trouxe. Em 2012 foi campeão e craque da Libertadores sub-20 conquistada pelo River Plate, mas seu comportamento extracampo rendeu uma dispensa do gigante argentino, parando no pequeno Banfield. Saiu do Banfield da Argentina onde recebia US$ 2 mil por mês para receber US$ 50 mil no Galo. Recentemente teve reajustes e renovação contratual. Com tanto dinheiro na conta e sem juízo algum, Cazares gastou naquilo que nunca teve: pipocam em suas redes sociais fotos de cachorros de raça, nudes com belas morenas se entupindo de Doritos e Coca Cola e a total falta de noção da responsabilidade de ser um jogador profissional. Talvez por isso demorou a ter uma sequência forte como titular.

Sua inconstância talvez seja o reflexo de como encara o futebol, uma grande e divertida pelada entre amigos. Mas analisando friamente Cazares, seus números no Galo são excelentes. Talvez a frustração inicial fosse exatamente por acharmos que o potencial não era atingido. Ledo engano. Cazares é diferenciado!

Em 2016 herdou a camisa 10 que era de Dátolo, e em seus 3 anos de clube já é o 2º maior artilheiro estrangeiro da história do Galo, atrás somente de Lucas Pratto. Em 2017 Cazares deu expressivas 17 assistências! Mais do que Ronaldinho conseguiu em seu melhor ano. Foi responsável por 1 em cada 5 passes para finalização no Brasileirão. Analisando o período desde sua chegada, encerrou a temporada como o 2º melhor garçom do Brasil, atrás apenas de Scarpa e empatado com Lucas Lima.

Em 2018 os números confirmam novamente: ele é decisivo. Pelo Brasileirão foram 8 gols, 6 assistências e 70 passes decisivos para finalização. O jogador cresceu sob a batuta de Levir e parece cada dia mais feliz com a função garçom e articulador.
Na atual temporada, Cazares começou voando. Em 6 jogos ele já soma 4 assistências e 2 gols. Mais participativo, Cazares vai sendo peça fundamental após o nascimento de seu filho Antuan. Orgulhoso, ele leva o bebê à Cidade do Galo, ao Independência e onde mais der na telha. Parece outro homem. Mas como disse Levir: “O filho transforma uma pessoa, é muito fácil disso acontecer. Não quero que ele (Cazares) se transforme, mas ele parece muito apegado, é realmente interessante. Pois o Cazares não é o tipo, assim… se eu fosse uma mulher, não seria o cara que eu gostaria de casar.”

Muita gente já perdeu a paciência com Juanito. Eu ainda acredito, afinal acreditar faz parte do mantra atleticano. E você, o que pensa sobre Cazares?

Por: Tomaz Araújo (@tomazaraujo13)

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