Em casa, Galo perde pela Libertadores – Por Jéssica Silva
Volta oficial à Copa Libertadores da América, estreia na fase de grupos e reencontro com o Mineirão. Tudo isso parecia contribuir para um feliz final de carnaval para qualquer atleticano que curtiu a folia com a cabeça no jogo entre Galo e Cerro Porteno-PAR. Porém, alguém jogou água no chopp do atleticano: o próprio Atlético.
Na última partida contra o Defensor, quando nos garantimos na fase de grupos da Libertadores, o Galo não fez um grande jogo e adotou uma postura nada ofensiva, mas houve quem relevasse, já que o objetivo havia sido alcançado.
Ontem, contra o Cerro, já pela fase de grupos, novamente tivemos uma partida digna de preocupação e já que não alcançamos o objetivo desta vez, fica claro que o desempenho da equipe, sendo avaliado à longo prazo, não é tão bom assim.
Levir Culpi optou por entrar com três volantes novamente: Adilson, Jair e Elias. Como na quarta-feira passada, a ideia do treinador alvinegro parecia ser deixar Elias mais solto, mas levando em consideração o desempenho do volante em toda sua trajetória com a camisa atleticana, esperar dele o diferencial seria otimismo demais.
No início da partida nós até tivemos a ilusão de ver o Galo pressionando o adversário, jogando acelerado, mesmo sem tanta organização. Luan foi bem, mesmo escalado na esquerda, e Cazares ditou o ritmo e teve mais um bom início de jogo. Logo aos 08 minutos, o equatoriano cobrou boa falta para o Galo e a bola parou no fundo das redes. O bandeirinha até confirmou o gol, mas o árbitro anulou o tento atleticano e nós voltamos à estaca zero.
A postura pilhada do Galo continuou, comandada principalmente pelo próprio Cazares e Ricardo Oliveira. O primeiro estava ali para organizar a partida e criar as oportunidades, o outro para aproveitá-las, mas isso ficou só na teoria, já que não chegamos ao gol. Do outro lado, o Cerro deixava claro que veio ao Mineirão para se defender, já que sua última preocupação era sair para o jogo e que a prioridade era cuidar de sua defesa. Aos poucos, o ritmo da equipe alvinegra foi diminuindo, o jogo tornou-se previsível e o time paraguaio passou a marcar o Galo com mais facilidade.
O problema do Atlético na primeira etapa foi não aproveitar os lampejos de boas oportunidades quando as teve e deixando tudo para depois acabou sendo prejudicado por sua própria incompetência.
No segundo tempo o Galo perdeu o gás, com exceção de alguns lances. Cazares teve uma baita chance aos 17, quando recebeu a bola no meio, driblou o zagueiro e chutou tirando tinta da trave. Uma pena não ter sido assim o tento atleticano, porque seria um GOLAÇO! Mais tarde, Patric acertou um cruzamento (talvez o único em toda sua vida) ao colocar a bola na cabeça de Ricardo Oliveira, mas o Bom Pastor desperdiçou, fazendo a única coisa que nunca deve ser feita por um centroavante: perder um gol decisivo.
Vem sendo comum ver o time de Levir Culpi diminuir o ritmo quando volta do intervalo, principalmente jogando em casa. Nós percebemos, os adversários também e é aí que está o problema. O Galo não tem a opção de jogar pelas laterais, como deveria ter. Muito se fala do desempenho de Patric e sua titularidade (que deve sim ser questionada), mas o problema mora do lado oposto do campo também. Fábio Santos não joga bem há muito tempo e não acredito que seja falta de qualidade, o que falta ao lateral esquerdo atleticano é uma ameaça, uma sombra. Sua preguiça e descaso com a camisa alvinegra vem muito mais de comodismo que de qualquer outra coisa e isso explica o porquê de tanta cobrança por um jogador que brigue com ele pela vaga.
Com meia hora de bola rolando no segundo tempo, quando já se via atleticano lamentando um empate sem sal dentro de casa, o Galo fez questão de mostrar que nada estava tão ruim que não pudesse piorar.
Aos 32 minutos o Cerro chegou ao gol com Churín. No lance o atacante recebeu a bola de seu companheiro, Ruíz, em impedimento. Minutos mais tarde o Galo também balançou as redes em impedimento, com Ricardo Oliveira, porém, nosso gol foi anulado. Falha grave da arbitragem, mas olhando para o desempenho do Atlético durante toda a partida, jogar a culpa do mau resultado para cima da turma do apito não fica muito bonito. Infelizmente, foi o que Levir Culpi fez.
Na coletiva pós-jogo, o treinador atleticano bateu na tecla “arbitragem” diversas vezes, como que para desviar o foco do que realmente importa: no fim das contas, o desempenho deve ser analisado acima de qualquer resultado. Não adianta alcançar objetivos aos trancos e barrancos, como foi feito na semana passada. O presságio de uma boa temporada vem de um bom comportamento em campo, o que o Galo não vem tendo. Levir poderia justificar sua insistência em Patric e Elias. Poderia explicar o porquê de optar jogar com três volantes em casa e, no fim do jogo, acabar sem nenhum. À propósito, Nathan jogando como volante é tão ruim quanto em qualquer outra posição, o que deixa claro o quão perdido está nosso técnico tanto na escalação inicial quanto nas substituições.
Se a arbitragem tivesse anulado o gol dos paraguaios ficaríamos no 0x0. O resultado seria um pouco melhor, mas as críticas ainda seriam justas, pois o Galo não fez um bom jogo. O Atlético fez uma estreia pra lá de frustrante na fase de grupos da Libertadores, tirou o brilho da sua volta ao Gigante da Pampulha e, de quebra, deu um peso muito maior ao seu próximo jogo, contra o Nacional-URU.
Sendo otimista, talvez a pressão de ter que fazer um bom resultado fora de casa, na próxima terça-feira, faça o Galo demonstrar mais vontade em Montevidéu.
Buscando alcançar algum objetivo (e com isso digo títulos, não apenas vitórias em partidas aleatórias), o Galo precisa priorizar bom desempenho acima de resultado, porque um só vem acompanhado do outro. Para isso, Levir Culpi deve deixar sua teimosia de lado (a grande maioria da torcida não pode estar completamente errada, professor!), os jogadores devem jogar com raça, compensando a qualidade que às vezes pode faltar e a diretoria deve suprir as carências que ainda temos. Sendo assim, caso o Atlético chegue às oitavas, poderá ter novos inscritos na competição e mais opções no seu banco de reservas.
Às 21:30 da próxima terça o Galo volta à campo pela Libertadores. No Uruguai, contra o Nacional. Resta ao time de Levir compensar a derrota de ontem com um bom resultado e um bom desempenho, antes de mais nada.
Antes disso, às 16:30 de sábado, visitamos o Patrocinense para defender a liderança do Campeonato Mineiro.
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