Desafio dos 10 anos e do elenco desequilibrado – Por: Stéfano Bruno

 

 

 

O que o ano de 2009 do Atlético tem em comum com o 2019? Entramos na onda do #challenge10years para pontuarmos um ponto genérico do atual elenco alvinegro em relação ao de 10 anos atrás: o desequilíbrio.

Nessa quarta-feira o Atlético entrou em campo contra o Tombense e foi derrotado por 1 a 0. Em campo, o considerado terceiro time do Galo não demonstrou muita força e alguns nomes demonstraram ser abaixo do esperado.

As “estrelas” do time que perdeu para o Boa Esporte eram Nathan e Leandrinho, heranças do ex-diretor de futebol do Atlético, Alexandre Gallo. Não pela atuação da partida dessa quarta-feira, mas pelo que já apresentaram com a camisa alvinegra, são nomes que agregam pouco ao atual elenco.

2009

Em 2009 o Atlético chegou ao fim de janeiro com as seguintes contratações: Júnior Carioca, Carlos Alberto, Lopes, Diego Tardelli Júnior e Renan. Na ocasião o clube alvinegro iniciou a temporada sob forte desconfiança dos torcedores, que se frustraram com a temporada irregular no ano do centenário do clube. O oásis para os atleticanos era Alexandre Kalil, que assumira a presidência da agremiação em outubro de 2008.

A primeira contratação da “era Kalil” foi o técnico Emerson Leão, anunciado pelo Atlético no dia 14 de dezembro de 2008. Já o primeiro jogador anunciado foi o Júnior Carioca, que se destacou pelo Flamengo entre 2004 e 2007 antes de ser anunciado pelo Grêmio, onde não estava sendo aproveitado.

Júnior Carioca não vingaria no Atlético e deixaria o clube pouco mais de quatro meses depois, para defender o Náutico. Se teve dificuldade para contratar em dezembro, no dia 9 de janeiro de 2009 o Galo anunciou quatro contratações: o lateral-esquerdo Júnior, ex-São Paulo, o volante Renan, que pertencia ao São Paulo, mas estava emprestado ao Vitória, o meia Lopes, que estava no Yokohama Marinos/JAP, e o atacante Diego Tardelli, que estava no Flamengo.

Ainda sobre contratações, o Atlético ainda faria mais 20 anúncios. Listamos todos eles abaixo e, entre parênteses, deixamos o ex-clube do atleta antes de se transferir ao Galo em 2009:

Goleiro: Aranha (Ponte Preta) e Carini (Real Murcia/ESP)
Lateral-direito: Élder Granja (Palmeiras) e Coelho (Bologna/ITA)
Lateral-esquerdo: Wellington Saci (Corinthians)
Zagueiro: Alex Bruno (Portuguesa), Jorge Luiz (Suwon Bluewings/COR) e Benítez (Tigres/MEX)
Volante: Fabiano (Puebla/MEX), Jonílson (Botafogo-SP) e Corrêa (Dinamo Kiev/UCR)
Meia: Carlos Júnior (União São João-SP), Hugo (Tupi), Evandro (Palmeiras) e Ricardinho (Al-Rayyan/QAT)
Atacante: Alessandro (Cruzeiro), Trípodi (Vitória), Júlio César (Atlético-PR), Rentería (Braga/POR) e Pedro Oldoni (Valladolid/ESP)

Além dos jogadores, houve também a troca do treinador. Emerson Leão foi desligado do clube no dia 4 de maio, mesmo dia em que Celso Roth foi anunciado como novo técnico do Atlético.

Sobre a temporada, a equipe alvinegra estreou no Torneio de Verão, uma competição amistosa disputada no Uruguai. Logo no primeiro duelo, derrota por 4 a 2 para o Cruzeiro. Na disputa pelo terceiro lugar o Atlético venceu o Peñarol/URU, por 4 a 1.

O Atlético não ficou com o título do Campeonato Mineiro, competição em que fez 17 jogos, venceu 12, empatou três e perdeu duas partidas – aproveitamento de 76,5%. O certame, porém, serviu para iniciar a trajetória de um novo ídolo dos atleticanos: Diego Tardelli. O atacante foi o artilheiro do Mineiro, no qual fez 16 gols nas 16 vezes que entrou em campo.

Curioso é que, quando chegou ao clube, Diego Tardelli pediu ao Emerson Leão para usar a camisa 11, enquanto Éder Luís tinha preferência pelo número 9, que utilizou no São Paulo na temporada anterior. Entretanto, Leão inverteu a preferência dos jogadores e acabou consagrando mais um camisa 9 na história do Atlético.

Na Copa do Brasil o Atlético quase conseguiu uma virada histórica. Após eliminar o Itabaiana-BA e o Guaratinguetá-SP, o Galo foi derrotado pelo Vitória por 3 a 0, nas oitavas de final da competição. No duelo de volta a equipe alvinegra conseguiu devolver o placar, mas acabou sendo eliminada nos pênaltis após um revés por 5 a 4.

No segundo semestre o Atlético sofreu nova eliminação na disputa de pênaltis. Após dois empates em 1 a 1 com o Goiás, pela Copa Sul-Americana, o time alvinegro foi derrotado por 6 a 5 nas penalidades e deu adeus à competição logo na primeira fase.

No Campeonato Brasileiro o Atlético surpreendeu a maior parte dos torcedores ao chegar e assegurar a liderança da competição por algumas rodadas. Nas 13 primeiras partidas do Brasileirão o time alvinegro somou oito vitórias, quatro empates e uma derrota. Entretanto, nos nove jogos seguintes o Galo conseguiu apenas um triunfo, o que inviabilizou a briga pelo título.

Pior, o Atlético perdeu as últimas cinco partidas do Brasileirão e acabou saindo até mesmo da zona de classificação à Copa Libertadores. Em toda a temporada de 2009 o Atlético entrou em campo em 64 partidas, vencendo 32, empatando 14 e perdendo 18 duelos. Foram 110 gols marcados, 84 sofridos e um aproveitamento de 57,3%.

Um dos grandes motivos para a queda de rendimento do Atlético em 2009 foi o desequilíbrio no elenco. Quando o time comandado pelo técnico Celso Roth necessitou dos reservas, o desnível ficou evidente e a equipe alvinegra acabou não conseguindo somar pontos que foram essenciais para o clube ficar fora até do grupo que se classificaria para a Copa Libertadores do ano seguinte.

O grande destaque, não somente do Atlético, mas também nacional, foi Diego Tardelli, que marcou 42 gols em 56 partidas naquela temporada.

Dez anos depois…

O Atlético inicia 2019 com desconfiança por parte dos torcedores. Até o momento o clube anunciou seis reforços: os zagueiros Réver e Igor Rabello, o lateral-direito Guga, o volante Jair, o meia Vinicius e o atacante Maicon. Além deles, Papagaio, atacante do Palmeiras, certamente vestirá a camisa alvinegra nesta temporada.

Assim como 2008, a temporada de 2018 do Atlético foi de altos e baixos, mas o momento vivenciado pelo clube é outro. Classificado para a Copa Libertadores, o atleticano tem o torneio continental como o maior sonho para este ano.

Aliado a Copa Libertadores aparecem a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro, sendo este último o maior desejo para a maior parte dos atleticanos.

Entretanto, para alcançar qualquer um destes títulos o Atlético precisará contar com mais do que um time competitivo, e sim um elenco equilibrado. Na derrota para o Tombense ficou evidente que tal equiparação inexiste atualmente.

Dois exemplos que podemos citar para tornar este raciocínio mais claro são as “disputas” na lateral esquerda e pela camisa 9. Fábio Santos e Ricardo Oliveira são soberanos em suas posições, independente da qualidade e constância de suas atuações.

Hulk e Patric (este atuando improvisado) são as opções para atuarem na vaga de Fábio Santos, enquanto Alerrandro e Papagaio (este a confirmar a contratação) devem ser à sombra do Ricardo Oliveira no decorrer desta temporada.

Se o Leonardo Silva confirmar a aposentadoria após o Campeonato Mineiro e o Iago Maidana for vendido, Matheus Mancini e Matheus Stockl serão as únicas opções para o banco de reservas, uma vez que Martín Rea ficará sem contrato com o Atlético em junho e não deverá ter os direitos econômicos adquiridos pelo clube.

Na lateral direita, com a iminente venda do Emerson, Guga deve assumir a posição e ter Carlos César e Patric como suplentes. Um equilíbrio é perceptível com os volantes: José Welison, Adilson, Elias, Gustavo Blanco, Jair e Lucas Cândido, além de Neto, jovem promessa. Porém, se o Elias for negociado deixará um espaço a ser ocupado.

Jogador de velocidade? Somente Luan, Chará e Maicon, uma vez que Leandrinho é mais um a ficar sem contrato em junho e que também não deve permanecer no clube. Isso também se o Luan não for negociado pelo Atlético.

Preparem o coração e iniciem as orações. O ano nos reserva forte emoções.

Saudações alvinegras!
Stéfano Bruno / @StefanoBruno07

 

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