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Construir uma identidade vencedora e campeã é a missão indelegável do atleticano

 

Max Pereira
Do Fala Galo, em Belo Horizonte
23/09/2019 – 04h

Este artigo inaugura a coluna Preto no Branco. Além de compilar as ideias que venho buscando debater aqui no FALA GALO, este primeiro ensaio indica que o objetivo da coluna é instigar, provocar e fazer o atleticano refletir sobre a sua relação com o Atlético e sobre o que fazer para produzir a revolução necessária para construir o Atlético de seu sonho.

Há muitos anos venho defendendo a importância e a necessidade de se desenvolver uma analise organizacional e sociológica do Atlético e, por meio dela, conhecer o melhor possível a instituição, a alma atleticana e, por óbvio, a ímpar e esquizofrênica relação da torcida com o clube.

O objetivo final dessa iniciativa é reinaugurar a relação torcedor/sócio e clube dentro de uma ótica moderna, ousada, diferenciada, pró-ativa e profundamente participativa.

De início, o grande desafio a ser perseguido era e é fazer o atleticano canalizar esta paixão absurda e inigualável, este torcer contra o vento impar, para algo prático.

Porém, como “pragmatizar” essa paixão sem correr o risco de esvazia-la? Será isso possível?

Como fazer o atleticano usar essa paixão extraordinária, esse torcer infinito, essa paixão irracional, avassaladora e ímpar como combustível para a criação de uma identidade vencedora, de um time vocacionado a ser campeão, para ser, de vez e para sempre,um time do mundo?

O Atletico tem estrutura, patrimônio, torcida, camisa, história e tradição, mas não consegue fazer com que tudo isso seja proporcionalmente traduzido em títulos, pujança e conquistas.

Para viabilizar este sonho é fundamental, antes e além de qualquer outra coisa, democratizar o clube, construir canais de participação e saber explorar de forma competente e pró-ativa este gostinho de títulos importantes que o atleticano não degustava há tanto tempo e que a partir de 2013 passou a embalar nossos sonhos e a colorir o nosso imaginário.

Ainda bem que ganhar títulos vicia. Fica aquele sentimento de quero mais. E a aposta tem que ser feita nesta direção.

Mas, tornar rotineiro ganhar títulos importantes, como aconteceu no biênio 2013/2014, ou pelos menos passar a disputá-los pra valer com a frequência desejada por todos nós torcedores, não é possível sem uma visão de futuro, sem planejamento e sem sedimentar uma identidade vencedora.

E também não é possível construir essa identidade vencedora e campeã sem a participação e integração de sua massa torcedora.

Se o Atlético ascendeu à prateleira de cima em 2013, o grande desafio do Glorioso era se manter lá.

Até o mais incauto dos observadores sempre percebeu que esse período dourado da história atleticana não se deveu a nenhum planejamento ou foi consequência de um plano de metas.

Ainda que seja justo dizer que o gostinho de títulos importantes e o querer mais e mais, que hoje instigam o atleticano, sejam, sem dúvida, o principal legado de Alexandre Kalil, é mister reconhecer que tudo aconteceu a partir de um insight de Cuca, “comprado” pelo então presidente, um atleticano apaixonado e obstinado, para quem a grandeza do Atlético é mais que um sonho.

Esse insight abriu as portas do Atlético para a maior e mais mítica contratação de sua história: Ronaldinho Gaúcho.

Com R10, time, torcida e diretoria acreditaram que tudo era possível. Melhor, que o impossível seria possível. E foi.

Porém, sem surpresa alguma, o Atlético não só não permaneceu na prateleira de cima do futebol, como vem despencando posições. Ou seja, voltou à mesmice de sempre.

 

ENTREVISTA COM JÚNIOR CHÁVARE 

 

Para entender todo esse processo de ascensão e queda, é preciso conhecer a história, o clube, os problemas que o corroem, o que há de bom e o que há de ruim, tanto internamente quanto no que se refere às suas múltiplas relações no mundo do futebol.

Neste primeiro ensaio do PRETO NO BRANCO não vou descer a detalhes sobre essas variadas e complexas relações. Basta, por exemplo, lembrar que, há muito, a relação do Atlético com segmentos importantes do futebol brasileiro é muito ruim, o que é cada vez mais percebido no seio da massa atleticana.

Disputar e concorrer de igual para igual com outros clubes, especialmente, com o Palmeiras e com o Flamengo é praticamente impossível.

O maior mercado publicitário do pais é o de São Paulo. O Rio tem a seu favor sua história, a tradição, o lúdico e as sedes da CBF e da Globo.

As disparidades entre as receitas percebidas pelo Atlético, e aquelas outras auferidas por outros clubes, são frutos tanto da forma como o futebol brasileiro é conduzido por quem o controla e dá as cartas quanto de contratos maus feitos e de um processo de desimportância que vem corroendo e enfraquecendo o clube há décadas.

Uma sucessão de administrações, no mínimo, inapetentes levaram o clube a se tornar refém de dívidas quase que impagáveis e que cresceram em proporções geométricas.

Com tudo isso, o clube se fragilizou em vários outros aspectos e é visível a imensa vulnerabilidade do Atlético aos boatos, ao disse me disse, às notícias plantadas.

Da mesma maneira, o vazamento constante de informações estratégicas do clube, recorrente ao longo dos tempos, tem sido irrefreável e extremamente danoso.

A continuar assim e se o Atlético, além de não cuidar de seu planejamento administrativo e financeiro, não buscar construir uma identidade vencedora e de um time campeão, estará condenado, no máximo, a fazer figuração nas competições que disputar.

Ao longo de sua história, o Atlético se “permitiu” marcar de forma indelével com o signo da impotência, da derrota, do fracasso e do sofrimento.

Afinal, não somos nós os atleticanos os primeiros a abaixar as cabeças e a normalizar esse estado de coisas, a bater no peito doído e gritar aos quatro ventos: SE NÃO FOR SOFRIDO NÃO É ATLÉTICO?

No entanto, somos nós atleticanos que temos que remover da história e da vida do Atlético esse estigma maldito. E, para isso, é preciso aprender a cobrar e, principalmente, a agir e a lutar por isso. Se o atleticano não o fizer, ninguém mais o fará.

Ou seja, é preciso romper de vez com esse espírito vitimista que nos leva a ruminar de forma masoquista esse sofrimento mórbido e doentio.

Só nos transformando a nós mesmos primeiro é que conseguiremos transformar o clube e abolir de vez da vida e da história do do Atlético este carma de derrotas humilhantes, de eliminações doídas e de fracassos recidivos.

É essa a reflexão que quero provocar, afim de despertar em você a percepção de que só nós torcedores é que podemos mudar essa realidade perversa e que machuca.

Não basta apenas querer mudar. É preciso acreditar que podemos e entender que devemos lutar para mudar.

Você, que já derrotou o vento, tem que assumir como missão NÃO DELEGÁVEL transformar o Atlético em um tsunami vencedor e campeão.

Não basta apenas gostar de ser atleticano e amar loucamente esse Galo. É preciso muito mais.

Além de aprender a cobrar e a lutar, é preciso não se deixar sugestionar pelas ondas, pelos boatos, pela maldade e pelo ódio.

Mais que encher o Horto ou o Mineirão é fundamental ao atleticano reaprender a entrar em campo incorporado à alma dos atletas, cravado nos bicos de suas chuteiras e misturado ao sangue de seus olhos.

Se o atleticano conseguir fazer tudo isso, estará consolidada a identidade vencedora de um time campeão, cuja amálgama indelével e indestrutível é o seu próprio sangue, a sua própria alma.

Gente, não é preciso ser sofrido. Pode e deve ser leve, natural, lúdico e feliz. Só depende de nós.

E só depende de nós tornar o Atlético apto e forte a enfrentar os imensos desafios que o futebol moderno vem lhe impondo.

E, nesse sentido, o PRETO NO BRANCO se dispõe a ser um veículo de debate e reflexão.

 

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Edição: Ruth Martins
Edição de imagem: André Cantini