Coluna Preto no Branco: Sem rumo, sem norte e sem espirito de campeão?
Foto: Reprodução GE
Por: Max Pereira / @pretono46871088 @MaxGuaramax2012
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do FalaGalo.
O jornalista Jorge Nicola disse com todas as letras que o Atlético, apesar de ser líder do Brasileirão e de ser um dos mais fortes candidatos ao titulo insiste em jogar contra si, gerando crises, polemicas e confusões.
Já escrevi inúmeras vezes que o maior adversário do Atlético é o próprio clube, seja por uma histórica e cármica incúria administrativa, seja por uma crônica inapetência no trato do jogo dos bastidores, o que fez o clube cacifar ao longo dos tempos uma desimportância politica cada vez lesiva aos seus interesses, seja ainda por ser, ora uma geratriz de turbulências intermináveis, ora absolutamente susceptível a crises plantadas por agentes externos.
A partir do momento em que estourou a “bomba” dos baladeiros atleticanos, a frase mais recorrente nas redes sociais galistas foi ”o atleticano não tem paz”. Particularmente, temi que a reação dos dirigentes alvinegros fosse, como já aconteceu em outros momentos, carregada daquela teatralidade de quem quer jogar para a torcida e arrotar autoridade.
Mas, que moral teriam dirigentes e comissão técnica que, seja por qual razão, aparentemente também relaxaram quanto ao protocolo, o que levou a muitos se infectarem para punirem radicalmente Marrony e Borrero? Os dois garotos são apenas são subproduto de sua falta de cultura, de erudição e de formação.
Como a maioria dos jogadores, Marrony e Borrero são vítimas também de uma péssima gestão de suas carreiras. Antes de responsabilizar só a eles por isso, lembremo-nos de outros atores que são tão ou mais culpados que eles. Poucos são os jogadores que se cercam de pessoas ou agentes responsáveis e sérios para gerenciar suas carreiras. E a grande maioria não tem nem noção da importância de uma boa gestão de carreira. Cazares que o diga.
Cabe a dirigentes, investidores e parceiros envolvidos no processo cobrirem as lacunas deixadas por quem deveria zelar pela carreira de seus atletas. O trato desta questão exige habilidade e competência. Este é o grande desafio dos atuais e dos futuros dirigentes alvinegros.
Confesso que me vi imaginando ler a noticia de que o Atlético teria, ou dispensado os jogadores que foram a tal balada, rescindindo os seus contratos, ou os teria afastado sumariamente do grupo em prejuízo do time e da campanha no Brasileirão. Ou seja, uma rematada insensatez e irresponsabilidade.
Ou alguém ainda duvida que autoridade não se mostra e nem se prova com atitudes extremadas que refletem apenas autoritarismo xucro e exibicionismo. Também não é preciso ser adivinho ou paranormal para saber que os inimigos de sempre do Atlético e aquela parcela tradicional de torcedores irracionais e passionais iriam incentivar a adoção de medidas extremas. Momentos como este exigem muito cuidado, parcimônia e habilidade de quem comanda.
Os jogadores que foram a uma balada erraram. Fato. Devem ser cobrados e reprendidos. Mas, atenção: repreende-los é uma coisa. Punir o time e o clube é outra bem diferente. Comportamentos desse tipo não surpreendem. Pouca idade e nenhuma erudição explicam a bobagem.
O jogador de futebol latino-americano e o brasileiro em particular, normalmente inculto e ignaro, geralmente se deixa levar pelas seduções das baladas, dos falsos amigos, das Marias chuteiras, das intermináveis festas, dos churrascos e das confraternizações. Não, não estou defendendo a impunidade e nem passando a mão na cabeça dos baladeiros.
Estou apenas dizendo que punir o clube e o time, principalmente em momentos como este, não é mostrar autoridade. É irresponsabilidade. Jogar para a torcida não vai trazer benefício algum nem para o clube e nem para os próprios atletas. E não é que os dirigentes atleticanos, ao informar que tratariam a questão internamente, estão dando a entender que estão agindo com prudência, sem arroubos autoritários, sem punir o time e o clube?
Mas não poderia ser diferente. Nesse momento os jogadores, além de repreendidos internamente, precisam ser blindados, cuidados, orientados e preservados. Se fossem nossos filhos nós os expulsaríamos de casa e os colocaríamos na rua, os abandonaríamos á sua própria sorte e os deserdaríamos?
“Sábia decisão de não suspender O ELENCO INTEIRO”, diz o companheiro Roberto Gallo. E emenda: “Por coerência, se fosse afastar um, teria que afastar 30. Inclusive a comissão técnica…”.
E, como na vida do Atlético a desgraça pouca é bobagem, Allan e Vargas foram flagrados em evento em um restaurante e em meio a mais uma aglomeração condenável nesses tempos de pandemia. E olha que ambos nem bem saíram de suas quarentenas e já se estavam se socializando por aí.
Ah! Mas eles que já foram infectados teriam imunidade e está tudo bem, não é verdade? Não. As autoridades médicas não garantem isso. No mundo inteiro já se registraram vários casos de reinfecção. O vírus, como qualquer outro, sofre mutações. E mais: nem todos os infectados produzem anticorpos e, por isso, não há como se garantir imunidade. Daí, porque já se prevê a necessidade de vacinações periódicas.
No artigo “A BOLA PUNE”, publicado no Blog Canto do Galo, Portal UAI, defendi a tese de que o futebol não é ciência exata. Claro, quando a bola rola, nem sempre dois mais dois é igual a quatro. Mas uma coisa no esporte é mais certa do que relógio suíço: não existem erros e escolhas erradas, dentro e fora do campo, que passam impunes no futebol.
Muito se fala que Atlético não tem DNA de campeão. No artigo “DNA DE CAMPEÃO: TER OU NÃO TER, EIS A QUESTÃO” escrevi que “ser campeão passa por detalhes”. E um desses detalhes é trabalhar e agir tendo o erro zero como limite a ser perseguido. O campeão é sempre aquele que erra menos.
Enrijecer o protocolo é o mínimo. Questões de comportamento são delicadas e complexas. Ainda que tenha que remar contra a correnteza o Atlético deve investir cada vez mais na conscientização de seus atletas e funcionários. Novas ondas do COVID ainda virão. Todo o cuidado é pouco. Cabe ao comando ser a bússola e o catalisador do espirito de campeão.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do FalaGalo.