Coluna Preto no Branco: a volta do filho pródigo, a parábola, o trato, as emoções e a metralhadora
Por: Max Pereira
Revisado: Ruth Martins
19/02/2020 – 07h
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Ele voltou, voltou para ficar, porque aqui, aqui é o seu lugar. Letras e músicas da MPB definem a saga e a relação de Diego Tardelli com o Atlético. Parafraseando Roberto Carlos, Adelino Moreira e Nelson Gonçalves em “O Portão”, “Emoções” e “Boemia”:
– A Parábola
Ele voltou. Tudo está quase igual como era antes. O amor da massa quase nada se modificou. E ainda que um dia ele mesmo tenha se perguntado se o dele mudou, ele voltou.
Voltou agora pra ficar. Porque aqui, aqui é o seu lugar. Ele voltou “pras” coisas que deixou.
Ele voltou, voltou para os braços da torcida. Porque o coração da massa é o seu lugar.
Foi chegando devagar, devagarinho. Deixou a esperança entrar primeiro. Fez um pouco de mistério. Todo o seu passado se iluminou. E ele chegou.
Seu retrato ainda está nas gavetas de milhões, meio amarelados pelo tempo. Como a perguntar por onde ele andou. E ele agora sabe que onde andou não deu para ficar. Porque aqui, aqui é o seu lugar.
Ele voltou “pras” coisas que deixou. Ele voltou sem saber, depois de tanto tempo, quantos haviam à sua espera. Mas, com passos firmes caminhou.
E quando pisou nessas Gerais, parou, sorriu e se deixou levar pelos vários braços abertos que o abraçaram como antigamente.
Carregado, amado e festejado, ele chegou.
Se tanto quis dizer e se falou ou não falou, se chorou ou se sorriu, o importante é que emoções ele e todos nós sentimos.
Quando ele estava aqui, vivemos momentos lindos. E olhando para ele agora, as mesmas emoções já estamos sentindo.
São tantas emoções já vividas. São momentos que nunca esquecemos. São detalhes de uma vida e histórias que vivemos aqui. Amigos ele ganhou. Saudades ele deixou, partindo.
Ele voltou e como dizia o velho compositor, o artilheiro voltou novamente. Se partiu daqui tão contente, por que razão quis voltar? Porque quis voltar agora pra ficar.
Massa, aqui o tens de regresso. E ele muito feliz te pede a inscrição para um novo ingresso. Voltou pra rever os amigos que um dia ele deixou a chorar de tristeza. O acompanham as chuteiras e uma certeza: aqui é o seu lugar.
Mesmo sabendo que andou distante, ele sabe que alguém pode ainda ironizar. Mas, mesmo assim…
Ele voltou! O artilheiro voltou novamente.
Partiu daqui tão contente Por que razão quer voltar?
Acontece que o amor da massa floriu seu caminho de alegria, paixão e carinho, sendo o bálsamo do seu coração.
Ela o compreendeu e o abraçou dizendo a sorrir:
“Meu amor, você partiu, mas sei que nunca se esqueceu que aqui é o seu lugar. Foi ver outros rios, outros montes, outras cascatas. Foi sonhar com outras serenatas e voltou para abraçar seus amigos leais. Você foi embora, mas nos restou o consolo e a alegria de saber que é daqui que você gosta mais”.
Ele voltou. O filho pródigo voltou para casa.
– Trato é trato
Segundo o jornalista Paulo Vinicius Coelho, o PVC, hoje no Sistema Globo, Tardelli receberá no Atlético cerca de 25% do salário que recebia no Grêmio.
Portanto, algo em torno de R$ 250 mil por mês. Caso consiga ser titular e acumule partidas e gols, o valor pode subir para algo em torno de 40%, ou seja, cerca de R$ 400 mil por mês. Ou seja, um contrato de risco e de produtividade. E, segundo dizem, espero que sejam as boas línguas, o Atlético, para este adicional, teria a ajuda de um parceiro.
Salário é coisa de quem paga e de quem recebe. Austeridade e equilíbrio financeiro do clube é da conta de qualquer de seus torcedores. Mas, se a informação do PVC procede, Tardelli é um tipo diferente de mercenário. E mais: segundo reza a lenda, o Atlético já devia ao jogador de contratos anteriores. Curioso.
Ah! O contrato é de apenas 1 ano. Mas, segundo uma fonte da minha fonte (rs, rs, rs), existe uma cláusula (essas cláusulas marotas) que prevê renovação automática se o artilheiro cumprir as metas estipuladas no tal acordo. E, conforme o craque, ele está voltando feliz e muito motivado. Que essas notícias sejam mais que um desejo de torcedor ou um arremedo de parábola.
E a pergunta que não quer calar: Você abriria mão de um contrato de 2 anos, recebendo 1 milhão de reais ou talvez mais por mês, para jogar em outro lugar onde certamente nunca lhe pagariam isso?
Uma coisa é certa: ao rescindir com o Grêmio, Tardelli abriu mão de muito dinheiro. E não era obrigado a fazer isso. Poderia ter ficado até o final do contrato. Mas, ser feliz falou muito mais alto.
Em sua coletiva de apresentação, o novamente dono da camisa 9, REVELOU que vinha fazendo há tempos GESTÃO junto à direção DO CLUBE SOBRE A SUA VOLTA, CONVICTO DE QUE O IMPORTANTE ERA VOLTAR A SER FELIZ.
– Rá tá tá tá, tá tá Tardelli neles Galo
Tardelli Gol Gol Gol! Tardelli Gol Gol Gol! Tardelli Gol Gol Gol!
A volta de Tardelli eleva a autoestima do atleticano e, ao mesmo tempo, resgata aquela relação absolutamente peculiar do galista com o ídolo. Algo ao mesmo tempo religioso, platônico, visceral, lúdico, idílico e passional. Algo que só o atleticano conhece, sente e vivencia como nenhum outro.
Mas, atenção. Ódio e amor são irmãos siameses e a linha que os separa é tênue e facilmente transponível. Dizem que o ódio é a expressão reversa do amor, é o amor frustrado. E nisso o atleticano é PHD.
RÁ TÁ TÁ TÁ, TÁ TÁ. O matador está de volta. E sua metralhadora giratória impondo terror aos adversários.
Mas, cuidado. Muito cuidado para que os tiros não saiam pela culatra e atinjam os pés dos próprios atleticanos e o coração do clube.
Cuidado na interpretação da simbologia dos gestos do craque ao comemorar os seus gols, que não devem ser confundidos com qualquer outra coisa. Aliás, a metralhadora do artilheiro já é algo enraizado na história do clube e na alma atleticana há anos.
Cuidado com a impaciência e com a possível frustração com um gol perdido. Faz parte. Outros podem acontecer e é sinal de que muitos outros serão convertidos e farão a massa gargalhar.
O que se viu na chegada do atacante foi de arrepiar. A torcida do Atlético é diferente e até quem não é atleticano sabe disso. Fora do comum, mais que apaixonada, a massa estava carente de ter um ídolo, um jogador que se identifique com ela e que jogue por ela.
O que o torcedor espera é que Tardelli possa fazer em campo tudo que sei que ela fará por ele fora de campo. Assim como a massa pode falhar em algum momento, premida pela paixão, o craque também pode. Casamento refeito. Que seja bem vivido nos bons e nos maus momentos, na alegria e na tristeza, nas vitórias e nas derrotas. E que dessa vez seja eterno
– Ele voltou
E sabe que aqui é seu lugar.
RÁ TÁ TÁ TÁ, TÁ TÁ TARDELLI NELES, GALO !!!