Por Max Pereira / @pretono46871088 @MaxGuaramax2012
Enfim, a fumaça branca foi vista cobrindo os céus da Pampulha, resultante de uma “Labareda” preta e branca que crepitou intensamente às margens da Lagoa. Também foi vista pelos passageiros de uma aeronave que, naquele exato momento, pousava no velho e acanhado aeroporto, localizado ali ao lado. Um velho pescador que desafiava a pandemia e a poluição daquelas aguas, ao ver aquela fumaça branca, não teve duvidas e gritou: “Habemus novo presidente!!!”
Mas, “que Rei sou eu?”, devia estar se perguntando Sergio Coelho, o homem que a partir de janeiro próximo vai ocupar a cadeira mais cobiçada do universo atleticano e, segundo reza a lenda, a mais importante dessas Gerais. Duvida disso? Pergunte ao Kalil.
Herivelto Martins tentou responder a essa pergunta em verso e com muito swing e Francisco Alves, o Rei da voz, cantou:
“Que rei sou eu sem reinado e sem coroa
Sem castelo e sem rainha, afinal que rei sou eu?
(bis)
O meu reinado é pequeno e é restrito
Só mando no meu distrito porque o rei de lá morreu
Não tenho criado de libré, carruagem sem mordomo
E ninguém beija meus pés!”
Fruto de um consenso politico que buscava selar a paz nos interiores atleticanos, a chapa Sérgio Coelho e José Murilo Procópio, ganhou força e, sem concorrentes, foi ungida para comandar o Atlético no próximo triênio.
Já na campanha que visava solidificar a paz e angariar apoios para a ideia do consenso e da continuidade do projeto em curso, capitaneado pelos chamados 4 R’s, Sergio Coelho divulgou os pilares de sua gestão que podem assim ser resumidos:
1 – Sanear finanças para manter o clube forte e estruturado.
2 – Seguir trabalhando forte para a construção da Arena MRV, marco transformador do time em uma potência mundial e garantir a sua inauguração no prazo aprazado.
3 – Investir pesadamente na base, transformando-a numa referência nacional.
4 – Time competitivo e protagonista de todas as competições que disputar.
Mas, o que chamou mesmo a atenção foi, em todas as suas falas até agora, o uso repetido e destacado da palavra lealdade, utilizada em via de mão de dupla. Ao mesmo tempo em que se propõe ser leal, espera e exige lealdade recíproca.
Sergio Coelho e José Murilo Procópio não são marinheiros de primeira viagem na vida politica atleticana. Ambos foram dirigentes e conhecem a fundo os intestinos políticos do clube e sabem o quão importante é a lealdade e o quanto a falta dela pode significar e provocar de nocivo a qualquer gestão e, por óbvio, ao próprio clube.
Não atoa Sérgio Coelho fez questão de destacar em sua primeira coletiva como presidente eleito que “quanto ao Alexandre Mattos e demais diretores do Atlético e pessoas que exercem cargo de chefia, estamos avaliando um por um, conversando com alguns já, olho no olho. Estes profissionais serão confirmados ou não, depois da minha posse”. Na oportunidade, ele garantiu apenas a continuidade de Sampaoli, carro chefe do mecenato atleticano.
Ah! Nada mais natural que quem quer que chegue ao comando de uma instituição queira se cercar de pessoas de confiança e leais. Mas, quando se fala em lealdade há que se ter muito cuidado. Lealdade pressupõe princípios.
Como ponto de partida, os pilares definidos pelo presidente eleito não deixam de ser interessantes e válidos. Mas, é preciso dizer que são genéricos e que requerem, cada um, um projeto, uma definição de medidas e de caminhos para que as metas colimadas sejam alcançadas. O que se espera, então, de Sergio Coelho, a partir das transformações que já se operam no clube, é uma gestão estratégica, profissional, transparente, participativa e moderna. A continuidade das auditorias, englobando o mandato que se inicia, já é um ótima notícia.
Enquanto outros dirigentes, ex-dirigentes e conselheiros do clube mostram muito pudor em falar e em admitir que, para o clube atingir o patamar fartamente acalentado pelos mecenas e agora enfatizado pelo presidente eleito, é necessário erigir um novo estatuto, Coelho disse com todas as letras que “é preciso que se faça uma reforma no estatuto”, vez que o instrumento atual “funcionou muito bem durante muitos anos, mas as coisas mudam, modernizam e precisamos atualizar. O que depender do presidente farei”.
Recado dado, mãos à obra. Para vencer resistências e construir um estatuto moderno, participativo, que dê ao clube o matiz profissional e transparente desejável, vai ser preciso muito trabalho, persistência e dedicação.
Sergio Coelho já havia dito e confirmou que a palavra final será apenas dele. E frisou: “O Atlético tem presidente”. Recado natural e obvio de quem está chegando e quer marcar presença. E, cá entre nós, ele não poderia dizer nada diferente disso, o que não significa que a gestão do clube não será compartilhada.
E, por falar em recado, surgiu mais um, sem pai, sem autor. O ex-diretor André Figueiredo seria a bola da vez e estaria de volta ao clube, provavelmente para substituir Alexandre Mattos que estaria de saída. Porem, fontes tidas como seguras afirmam que o Atlético não pensa em trazer o profissional de volta. Boatos? Em uma semana de “decisão” contra o são Paulo essa seria mais uma tentativa torpe tumultuar o ambiente e desestabilizar o clube?
Ou seria mais uma daquelas bolas de barro lançadas contra a parede ou contra o muro? Se colar, colou, não é mesmo? Se for assim, parece que o tiro saiu pela culatra, tal a rejeição ao nome do ex-dirigente no seio da massa.
Outra pérola da MPB, composta por Eduardo Dusek, contem recados para Sérgio Coelho:
“Que rei sou eu, com fé e com honestidade? Se desconheço autoridade sem vaidade, que rei sou eu? Eu só sou rei porque o rei de lá morreu. Que rei sou eu, se não acredito na maldade? Que rei sou eu, se tenho tanta amizade?”