Atlético x Guarani (Mas bem que poderia ser Atlético A x Atlético B) – Por Silas Gouveia

Ontem, dia 02/02/19 às 19:00h no Estádio Independência de Belo Horizonte, ocorreu a partida válida pela quinta rodada do Campeonato Mineiro de 2019, entre o Galo e o Guarani de Divinópolis. Mas na verdade o jogo de fato era, Galo A X Galo B. E ainda teve uma linda homenagem aos nossos heróis Bombeiros, que salvaram vidas e resgataram tantos corpos na tragédia de Brumadinho. Nosso respeito e admiração a estes profissionais, heróis nossos de todos os dias e nossa solidariedade a todas as famílias e à população de Brumadinho.

O jogo de hoje, válido pela quinta rodada do Campeonato Mineiro de 2019, tinha tudo pra ser “mais do mesmo” e de verdade foi. Não fosse o fato de que o Galo ter entrado em campo com seu time alternativo, que jamais havia feito uma partida sequer, com estes 11 jogando juntos e o fator determinante de uma busca de vaga no time principal. Dos onze em campo, podemos dizer que pelo menos cinco são ou foram titulares recentemente, dois pedem passagem imediata ao time principal e dois correm por fora, como boas opções de banco. Então temos que pelo menos sete, dos onze que entraram em campo hoje, poderiam facilmente jogar no time titular do Galo. Nada mal, para um time que mal tinha um banco de reservas na temporada passada.

Tivemos uma parte defensiva muito conhecida e respeitada pela torcida do Galo, com Victor, Rever e Léo Silva, acompanhados de Guga na lateral direita e Carlos Cesar na lateral esquerda. Dos cinco, portanto, apenas o Guga era de fato novidade. Mais à frente desta turma, tivemos Adilson e Zé Welisson de volantes. Dupla mais que conhecida e admirada pela torcida, mas que fez sua primeira partida jogando juntos. Do meio pra frente, aí sim foi praticamente tudo novidade e desentrosamento. Terans, atuando mais pela esquerda, Bolt pela direita, Vinícius centralizado e Alerrandro como homem de referência no ataque. Tudo indicava que seríamos um time desorganizado e perdido do meio de campo pra frente. O desentrosamento era perceptível logo nos primeiros minutos do jogo, quando o Guarani exerceu forte pressão na saída de bola do Galo e marcação compacta em seu sistema defensivo, jogando grande parte do tempo, com os onze atletas atrás da linha divisória do campo. Meus olhos grudaram na TV (hoje eu fiz questão de não ir ao campo. Queria sossego pra analisar o jogo e me tranquei sozinho no quarto pra assistir).

O jogo, como era de se esperar, foi como um, “defesa contra ataque” com raríssimas oportunidades oferecidas ao adversário, para que ele procurasse o caminho de nosso gol. Nossa defesa (Torres Gêmeas), como já era esperado, mostrou segurança, entrosamento e qualidade. Não deram chances ao adversário. Os laterais jogaram muito bem, na parte defensiva, tendo o Carlos Cesar cometido algumas falhas, mas que foram corrigidas pela cobertura perfeita dos volantes, que marcavam e abriam espaços pra saída de jogo do Galo. Os meias quase não apareceram, pois os volantes foram espetaculares em suas funções e coberturas. E aí eu tiro meu chapéu para o tal do “Pai Véi”. O cara foi um monstro hoje. Não deu chances pra ninguém ser melhor que ele. Perfeito em todos os quesitos e ainda aparecia à frente em condições de finalizar, dar assistência e dar o passe para a assistência completa. Nota 10 com louvor à atuação do José Welisson no jogo de hoje. Se continuar assim, não irá durar muito por aqui. O melhor em campo, em minha opinião. Mas aceito as divergências a ela, caso alguns optem pelo Guga.

Guga foi outro que se mostrou quase perfeito. Pra mim, titular absoluto a partir do jogo de hoje. Não tem pro Deustric. Marcou bem, apoiou como poucos, fez cruzamentos belíssimos, deu uma assistência pra gol e manteve seu ritmo e qualidade até os últimos segundos da partida. Poderíamos ter saído de campo hoje com mais uma goleada, não fossem os gols perdidos pelo Alerrandro e Alessandro, com passes primorosos do Guga, que aí sim, iria Mitar na rodada. Mas ele falhou em alguns lances e seus lançamentos, fora os cruzamentos, não tiveram tanta qualidade como se poderia esperar. Por isto deixo uma avalição com alguns décimos abaixo do Pai Véi. Mas jogou demais o garoto. Barcelona deve estar intrigado com a gente.

Os demais estreantes do jogo, Bolt e Vinícius, também tiveram boa atuações, sendo que o Bolt se mostrou mais preparado para brigar por uma vaga no time principal. Vinicius mostrou qualidade nos passes e lançamentos, além de uma boa finalização. Mas ainda é pouco para tentar algo no time principal. Deverá ser mesmo uma excelente opção de banco. Só não sei no lugar de quem, pois para o lugar do Cazares ainda falta muita bola pra ele. Terans e Vinicius disputam posição entre si e nas vagas. Hoje foram discretos, mas jogaram bem.

Alerrandro, enfim desencantou. Confesso que sempre torci muito para que ele marcasse seu primeiro gol no profissional, para que o peso de suas costas pudesse ser aliviado e ele tivesse mais tranquilidade para mostrar seu potencial. Pensei que seria hoje. Quase foi. Seu gol, A La Queixo-no-Ombro, foi uma pintura de finalização para uma jogada perfeita. Subiu sozinho entre os zagueiros, levou o queixo no ombro contrário e fez o movimento certeiro de cabeceio pro gol. Aplaudi toda a jogada, que teve a participação decisiva do Zé Welisson e a assistência primorosa do Guga. Foi de encher os olhos. Mas aos 42 do primeiro tempo, após nova assistência do Guga pela direita, Alerrandro deu uma de Saci. Parecia que só tinha uma perna e conseguiu perder um gol debaixo da trave. Quase dei zero pra ele por conta disto.

O segundo gol. Ah, o segundo gol! Fiquei imaginando se o Carlos Cesar fizesse ele, aquele gol. Juro que o Barcelona iria pensar duas vezes se não levava ele também pelo dobro do preço do Emerson. O gol teve requintes de malabarismo e precisão, desde sua origem até a quase finalização do Carlos Cesar, que se recuperou e corrigiu a falha com uma assistência curta parao Bolt finalizar e marcar nosso segundo gol. Lindo lance e lindo gol. Mas poderia ter sido uma obra prima e render muitos milhões de Euros com a venda do Carlos Cesar ao Barça também. Carlos Cesar jogou bem, principalmente se analisarmos que ele jogou improvisado na esquerda. Acho que a torcida implica demais com ele. Pode ser uma boa opção de banco, mas tomara que a diretoria contrate outro lateral esquerdo, por via das dúvidas.

Como puderam observar, o jogo foi Galo X Guarani. Mas de fato o que rolou, foi uma avaliação entre o time principal e este time considerado alternativo. Alguns deste time podem ser facilmente titulares no time principal. E isto foi o principal neste jogo. Assistir como jogam algumas peças que gostaríamos que tivessem mais chances de mostrar serviço. Todos mostraram serviço, mas alguns mostraram também seus cartões de visitas. Largam na frente para a disputa de titularidade. Pai Véi e Guga aproveitaram melhor esta chance.
Mas me chamou mesmo a atenção, não foi apenas as individualidades. Mais que isto, me chamou atenção a postura, disciplina tática e obediência coletiva. Estamos construindo um sistema de jogo, com uma definição de padrão de jogo e esquema tático. Isto, para todas as demais equipes que já vem jogando juntos há algum tempo, pode nem ser assim tão visível ou ter uma grande importância. Mas para o Galo, isto é reconfortante e promissor. Acho que a torcida deve estar satisfeita com o que tem visto em campo, independente do adversário a ser enfrentado, o resultado obtido e de qual time foi escalado pra jogar.

Vejo hoje um time organizado, disciplinado, compacto e com a compreensão do que tem de ser feito nos 90 minutos que estiverem em campo. Nosso time marca o adversário, desde a origem de suas jogadas, não deixando muitos espaços para que os adversários pensem as jogadas. Irão dizer que estou analisando um jogo contra um adversário infinitamente inferior ao nosso, mas irei retrucar dizendo que no ano passado, também jogando contra equipes de níveis próximos a estes, tivemos resultados muito piores e completarei mostrando um lance, aos 46 minutos do segundo tempo, onde nosso meio de campo pressionou a saída de bola de adversário, roubou a bola e o Guga fez outro cruzamento primoroso, que só não se concretizou em gol por falha do Alessandro na finalização. É disto que me refiro. Estamos jogando com intensidade e organização tática, do início ao fim dos jogos. Um colírio para minhas vistas cansadas de assistir um futebol burocrático e descompromissado.
Valeram os mesmos três pontos de uma partida normal e contra outro adversário. Mas o adversário invisível foi muito mais valente e perigoso. Parabéns aos envolvidos.

Por: @SGalo17

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