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Atlético vence o Vasco em São Januário

 

PÓS-JOGO: www.youtube.com/watch?v=hx1jnOwzS38

 

Em tempos difíceis em um clube de futebol, até nas vitórias há o que se criticar. O Galo venceu o Vasco, em São Januário, mas mais uma vez mostrou que não tem muito controle das partidas que disputa, mesmo quando está com o placar a seu favor.

O Atlético não tem poder de criação e essa falta de criatividade no meio de campo nos impede de ter uma postura mais segura em jogos teoricamente fáceis como o de hoje, e como a partida contra o Avaí, na primeira rodada.

Na falta de um camisa 10, jogadores que deveriam ser lançados como Geuvânio, Chará e Luan acabam fazendo os próprios lançamentos. Dessa forma, fica difícil manter um padrão durante as partidas, já que mesmo que a equipe tenha controle do jogo e uma maior posse de bola, não sabe o que fazer efetivamente com a redonda.

Você já viu um time chegar a conquistar títulos sem um meia de criação, que seja o maestro das ações da equipe dentro das quatro linhas? Certamente não, pois isso não costuma acontecer.
O Galo hoje não está em posição de pensar em títulos, mas a tão necessária mudança só acontecerá quando todo o time entrar nos eixos, e isso passa por uma equipe bem montada, o que também não temos, graças ao trabalho mal feito pela diretoria.

A organização tática do Atlético aumentou sob o comando de Rodrigo Santana. A situação ainda é complicada e ruim, não me interpretem mal, mas em comparação ao que víamos com Levir Culpi, houve uma significativa melhora. Mesmo vendo o dedo do técnico interino fazer algum efeito, pensar em sua efetivação é preocupante. Não pelo próprio Rodrigo, mas porque ele dificilmente teria tempo para trabalhar resistindo a resultados ruins, que podem facilmente acontecer.

Um time sem pegada dificilmente intimida seus adversários, por mais frágeis que eles sejam. Prova disso é que o primeiro tempo foi pobre em termos de criação, o que preocupa, porque por mais que a fase da equipe atleticana seja ruim, a do Vasco é ainda pior. O Gigante da Colina é um sério candidato ao rebaixamento e o Galo, não surpreendentemente, teve suas dificuldades contra uma equipe limitadíssima, mostrando que pensar nos 45 pontos sendo conquistados o mais rápido possível é o que pode fazer a Massa Atleticana.

O Galo vai ganhando uma cara com Rodrigo Santana, mas ainda sofre defensivamente e com a falta de criatividade. Jogar no estilo enceradeira, recuando a bola de cinco em cinco minutos mesmo quando ela está no ataque, pronta para mudar a história do jogo, mostra que as limitações do Atlético são enormes e só poderão ser amenizadas com reforços pontuais.

Jogos como o de ontem estão mostrando que o problema da lateral direita não foi resolvido com Guga. Tão pedido por todos nós no time titular, o ex-Avaí aparentemente não está muito seguro para desempenhar seu trabalho, inclusive vem errando bastante nos cruzamentos. É uma decepção até agora, porque o reserva imediato é Patric, que também não vai suprir nossas necessidades.

Na lateral esquerda, Fábio Santos reforça a cada partida que seus bons tempos dentro das quatro linhas já passaram. Um reforço para a posição talvez seja nossa maior carência, precisando ser resolvida com urgência.

Um bom preparador de goleiros também seria um reforço importante. Victor não é um jogador abaixo da média, na verdade é um grande arqueiro, mas sem trabalho duro e muito preparo fica difícil desempenhar sua função corretamente.

O meio de campo precisa de uma cabeça pensante, aquele jogador que fará com que a bola saia do campo de defesa para o ataque com qualidade, deixando os atacantes bem servidos com o famoso “faz e me abraça”, prontos para empurrar a bola para o fundo das redes.

Luan, que se mostrou cansado e improdutivo durante todo o primeiro tempo, foi substituído por Maicon Bolt, que não agregou muito ao time. É um tanto quanto irônico que um jogador com ações tão lentas tenha um apelido desses, já que velocidade passou longe de ser sua especialidade.

O Galo abriu o marcador com um golaço de Elias, mas logo em seguida cedeu o empate ao Vasco. Se a facilidade de uma equipe como a cruzmaltina em balançar as redes do Atlético é grande, o que esperar de jogos contra equipes mais qualificadas? Pensar no que vem por aí em um futuro próximo faz o sabor da vitória ser até um pouco amargo.

Ao entrar em campo, Nathan mudou a cara do jogo e Chará até que compensou sua partida não muito boa com o gol da vitória, no finalzinho da partida, após bela jogada individual. Um dos grandes responsáveis pelos irritantes passes para trás, o colombiano nos deu mais uma vitória no Brasileirão, poupando o Galo do insucesso de ser superado pelo Vasco.

A preocupação por ver o Galo ser pressionado tanto pelo Avaí quanto pelo Vasco é a mesma. O time carioca tem o peso de sua camisa a seu favor, mas vive tempos sombrios, sendo facilmente vencido por qualquer equipe.
Ontem o Galo esteve frente a frente com um exemplo de que diretoria amadora e profissionais interessados em seus próprios interesses podem afundar um clube de futebol, por mais história que ele já tenha feito. Má administração resulta em decadência, e o esperado é que nosso caminho não seja o mesmo que o Vasco vem trilhando há anos.

A expectativa para o Brasileirão não é das melhores, mas já somamos seis pontos. Se o Galo conseguir pontuar contra todas as equipes tecnicamente mais fracas dentro e fora de casa, chegar aos 45 pontos, que é a meta para a competição, pode ficar mais fácil. Haverão as dificuldades contra os times mais bem preparados, portanto, se aproveitar de partidas teoricamente mais simples deve ser o objetivo atleticano.

Como o futebol tem lá suas surpresas, o Galo quebrou o tabu de nunca ter vencido o Vasco em São Januário na era dos pontos corridos mesmo não vivendo boa fase. Para a nossa alegria, nossos tempos difíceis são mais fáceis que os da equipe carioca e muito por isso estamos falando de uma vitória agora.

Nossas necessidades seguem sendo as mesmas, do comando aos comandados ainda precisamos de grandes mudanças. O que é feito fora de campo reflete dentro dele, por isso é necessário que o Atlético comece a pensar como a grande equipe que é, para não sofrer mais com tantos erros.

Faltam 39 pontos, seguimos contando!

FICHA TÉCNICA
VASCO-RJ 1 X 2 ATLÉTICO

Local: São Januário, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 1° de maio de 2019 (Quarta-feira)
Horário: 21h30(de Brasília)
Árbitro: Raphael Claus (Fifa-SP)
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (Fifa-SP) e Daniel Luis Marques (SP)
Gols: Elias, aos 13 do segundo tempo, Chará, aos 45 do segundo tempo (Atlético); Maxi Lopez, aos 20 do segundo tempo (Vasco)

VASCO: Alexander; Claudio Winck, Weley, Ricardo, Henrique, Fellipe Batos (Andrey), Lucas Mineiro, Yago Pikachu (Rossi), Yan Sasse, Marrony (Valdívia), Maxi Lopez.
Técnico: Marcos Valadares

ATLÉTICO: Victor; Guga, Réver, Igor Rabello e Fábio Santos; José Welison (Jair), Elias, Yimmi Chará, Luan (Maicon) e Geuvânio (Nathan); Ricardo Oliveira
Técnico: Rodrigo Santana (interino)

 

Por Jéssica Silva