Ataque falho, influência da arbitragem e derrota
Jéssica Silva
Do Fala Galo, em Montes Claros
08/09/2019 – 23h06
Com a estreia do goleiro Wilson, o Galo visitou o Botafogo no Rio de Janeiro, em jogo válido pela 18° rodada do Campeonato Brasileiro. Mesmo jogando fora de casa, o objetivo do time atleticano era fazer as pazes com a vitória no Brasileirão, mas a falta de efetividade de seu ataque e as más decisões da arbitragem deram ao Atlético sua quarta derrota consecutiva no campeonato nacional. O time de Rodrigo Santana ocupa agora a oitava posição na tabela, estacionado com 27 pontos.
Até nos momentos em que foi melhor na partida o Atlético não era brilhante, já que parava nas conhecidas falhas de ataque. No início do jogo, por exemplo, não era possível ver o time atleticano apresentando algum diferencial, mas o Galo tinha o controle da partida, chegava a ameaçar o adversário e poderia ter alcançado a vitória no Rio. Apesar de jogar em seus domínios, o Botafogo não parecia ser uma ameaça, já que sua equipe é limitada, vive uma fase ruim e não tem ambição alguma no campeonato.
As chegadas atleticanas não eram de qualidade, pois esbarravam na frequente falta de pontaria dos homens de frente. Ricardo Oliveira teve boa chance após cruzamento de Fábio Santos, mas não a aproveitou e o empate foi ficando barato para o Botafogo.
Aos 34 minutos do 1° tempo, Jair sentiu e precisou ser substituído às pressas. Considerando que o volante vem sendo o principal nome do meio de campo atleticano, a substituição forçada mudou o rumo do jogo, principalmente porque o escolhido para ocupar sua vaga, Zé Welison, foi determinante no lance que nos deixou atrás no placar.
Após Ricardo Oliveira ter nova chance no ataque e furar, o camisa 14 perdeu a bola e proporcionou ao Botafogo um contra-ataque perigoso. Igor Rabello fez falta em Alex Santana, parando o adversário da única maneira possível. Momentos mais tarde, o árbitro Bráulio da Silva Machado consultou o VAR, detectou um toque no braço de Igor Rabello, assinalou a penalidade máxima que foi convertida por Diego Souza, e expulsou o zagueiro atleticano ao apresentar o segundo cartão amarelo, uma atitude questionável e no mínimo exagerada.

Em lances como este, a orientação vem sendo marcar o pênalti mesmo que o braço do jogador em questão esteja bem próximo ao corpo e que não haja a chamada intenção. Mesmo assim, questionar a decisão do árbitro é necessário, pois na mesma partida houve um lance semelhante a nosso favor envolvendo Joel Carli e ele sequer considerou consultar o VAR, ou assinalar a penalidade máxima. Um árbitro não deveria trabalhar com dois pesos, duas medidas? Além disso, dar ao Igor Rabello o segundo cartão amarelo foi uma escolha exagerada e irresponsável, já que mudou a cara do jogo, o plano tático do Atlético e ajudou o Botafogo a alcançar a vitória, algo que dificilmente aconteceria sem toda essa polêmica.
Rodrigo Santana optou por abrir de mão de Ricardo Oliveira para trazer Léo Silva ao jogo. Levando em consideração a péssima fase do camisa 9 e sua irrelevância no ataque do Atlético, o “um a menos” do jogo ser o centroavante do Galo não comprometeu, pois a verdade é que ter o Bom Pastor e não ter nada vem sendo praticamente a mesma coisa.
Na volta do intervalo a partida se tornou mais intensa para ambos os lados. O Galo não se mostrava abatido pela diferença numérica, ou por estar atrás no placar. Uma chance ou outra foi criada pelo Botafogo, é verdade, mas era o time atleticano quem comandava as ações do jogo e quase marcou com Cazares em cobrança de falta e com Léo Silva, que mandou a bola na trave.
Como quem não faz leva, algo que o ataque quase nulo do Atlético já deveria ter aprendido, o Botafogo foi quem chegou ao gol novamente com Alex Santana, em novo contra-ataque. O Galo era melhor na partida, não desistiu mesmo após ver a vantagem dos cariocas ser ampliada, mas o máximo que conseguiu foi diminuir o prejuízo.
Os donos da casa recuaram, o Galo cresceu na partida e pressionou o Botafogo. Chará perdeu uma grande chance de balançar as redes, mas no finalzinho Léo Silva cruzou a bola e Franco Di Santo marcou o único gol atleticano da partida. Apitando o fim do jogo vinte segundos mais cedo, o árbitro fez o Botafogo alcançar uma vitória após três rodadas e sacramentou a quarta derrota consecutiva do Atlético.
Ver a postura e a falta de qualidade do Botafogo só deixa claro que o Galo poderia ganhar esse jogo sem grandes dificuldades. A entrada de Zé Welison e as más decisões da arbitragem mudaram o rumo de uma partida cujas ações eram comandadas pelo Atlético.
O time começou em marcha lenta, é verdade, mas o jogo estava totalmente controlado. O primeiro gol do Botafogo fica na conta da arbitragem e o segundo é consequência de o Galo estar com um a menos e tentar empatar a partida.
Uma reclamação formal da postura do árbitro Bráulio da Silva Machado é algo válido, já que o uso do VAR deveria trazer ao clube e aos torcedores tranquilidade, não dor de cabeça. Porém, não se pode fechar os olhos para as falhas cometidas pelos jogadores do Atlético. Não é de hoje que o ataque atleticano não vem funcionando bem e isso faz com que o Galo perca pontos para seus próprios erros, já que as últimas derrotas sofridas claramente não são consequência do mérito de seus adversários.
Ricardo Oliveira, Alerrandro e Papagaio já tiveram chances de comandar o ataque do Atlético de maneira efetiva, mas falharam em balançar as redes adversárias. Por isso, por mais que pensar em Di Santo como titular tão cedo pareça exagero, o recém-chegado deveria ter mais oportunidades e começar as partidas jogando, a fim de tentar melhorar nosso aproveitamento cara a cara com o gol.
Mais uma vez, o Galo foi derrotado no Brasileirão e fez com que a responsabilidade de se classificar na Copa Sul-Americana ficasse ainda maior. Pouco a pouco, a competição internacional vai se tornando cada vez mais uma obrigação, já que o Atlético parece ter aberto mão de qualquer objetivo no Campeonato Brasileiro.
Para tentar fazer as pazes com a vitória, o time de Rodrigo Santana receberá o Inter, às 11 horas do próximo domingo, na Arena Independência. Possivelmente o Colorado se apresentará com time reserva, mas isso não quer dizer que vencer a partida será tarefa fácil. Para alcançar o triunfo, é necessário que o Galo deixe de perder as oportunidades que cria e volte a ser o time competente que vinha se apresentando no Campeonato Brasileiro há pouco tempo.
Vencer a Copa Sul-Americana pode até ser o principal objetivo da temporada e é algo bem possível para a nossa realidade. Mesmo assim, manter um bom aproveitamento no Brasileirão é necessário, pois não é possível prever nosso futuro e sendo o futebol algo decidido dentro das quatro linhas, é importante estar preparado para o caso de as coisas não saírem como o planejado. Aparentemente, só falta ao Galo entender isso de uma vez por todas.
FICHA TÉCNICA
BOTAFOGO:
Diego Cavalieri; Fernando (Gustavo Bochecha, aos 13′ do 2°T), Joel Carli, Marcelo Benevenuto e Gilson; Cícero, Alex Santana e João Paulo (Leonardo Valencia, aos 13′ do 2°T); Luiz Fernando, Marcinho e Diego Souza (Vinícius, aos 31′ do 2°T).
Técnico: Eduardo Barroca
ATLÉTICO:
Wilson; Patric, Igor Rabello, Réver e Fábio Santos; Jair (Zé Welison, aos 34′ do 1°T); Chará (Di Santo, aos 32′ do 2°T), Elias, Vinícius e Cazares; Ricardo Oliveira (Leonardo Silva, aos 44′ do 1°T).
Técnico: Rodrigo Santana
Gols: Diego Souza, aos 45′ do 1°T e Alex Santana, aos 20′ do 2°T (BOT); Franco Di Santo, aos 47′ do 2°T (CAM).
Cartões amarelos: Réver, aos 35′ do 1°T, Igor Rabello, aos 38′ do 1°T e Fábio Santos, aos 37′ do 2°T (CAM); Joel Carli, aos 48′ do 1°T, Fernando, aos 6′ do 2°T, Marcelo Benevenuto, aos 19′ do 2°T, e Luiz Fernando, aos 37′ do 2°T (BOT).
Cartão vermelho: Igor Rabello, aos 42′ do 1°T (CAM)
Motivo: 18° rodada da Série A do Campeonato Brasileiro
Estádio: Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Bráulio da Silva Machado (FIFA/SC)
Assistentes: Kleber Lucio Gil (Fifa/SC) e Henrique Neu Ribeiro (SC)
Árbitro de vídeo: Jean Pierre Gonçalves Lima (RS)
Assistentes de VAR: Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza (PB) e Carlos Berkenbrock (SC)
CONFIRA O PODCAST FALA GALO: PÚBLICO X ARRECADAÇÃO:
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Edição de imagem: André Cantini