A volta do Galo forte vingador: verdade ou ilusão?

Foto: Flickr oficial do Atlético / Bruno Cantini

 

Max Pereira
14/07/2020 – 06h
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O investimento de mais de R$85 milhões em contratações durante a pandemia do novo COVID-19 e as dispensas ocorridas nesse meio tempo mostram que, de fato, o Atlético terá uma equipe diferente no clássico com o América, dia 26 de julho (domingo), às 16h, na retomada do Campeonato Mineiro, se até lá não acontecer nada de diferente.

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Um sentimento cada vez maior e que se renova dia após dia tem tomado conta do imaginário atleticano: finalmente o Atlético está montando um elenco de ponta, capaz de fazer frente e até superar seus mais temíveis adversários no cenário nacional. E o tão sonhado “bi” do Campeonato Brasileiro poderia finalmente se tronar realidade ainda neste 2020.

O fantasma do tal “bi” foi criado e vem sendo explorado à larga pelos inimigos do clube, em especial pelos torcedores do rival, uma espécie de tortura moderna imposta ao atleticano que, ruminando a sua síndrome de Estocolmo particular, comprou e reproduz esse “fracasso” aos quatro ventos.

Assim, a agressividade do Atlético no mercado durante esta pandemia não poderia provocar um efeito mais obvio e singular no espírito atleticano que é essa euforia destilada nas redes sociais.

Um dos principais causadores de tanto orgasmo precoce, o “Vovô” Menin, não se faz de rogado e anuncia, para dentro de cinco anos, uma potência mundial vestida de preto e branco.

E tome especulações. A bola da vez é Nahuel Bustos, a joia argentina e, segundo rezam as más e as boas línguas, o Atlético chega forte para contratar o jogador e, par isso, conta a ajuda imprescindível e decisiva de um investidor de peso. Dou um doce para quem adivinhar que é esse benemérito.

Mesmo reforçado e com o comando diferenciado de um dos maiores técnicos do continente de renome mundial, tudo não passa, ainda, de especulação, de propaganda e de afago ao torcedor.

Não que Bustos não possa vir. Pode até ser que, antes mesmo que essa coluna seja publicada, a sua contratação seja anunciada. E, confesso, ficarei bastante satisfeito. Afinal, sou atleticano e também ando sonhando muito.

A história do próprio Atlético já demonstrou, entretanto, que não basta apenas contratar. A “SELEGALO” e outros elencos fortes montados em algum momento viveram altos e baixos e, aos olhos de muitos, fracassaram e decepcionaram.

Nem a extraordinária geração de Reinaldo, Cerezo, Marcelo (Oliveira), Paulo Isidoro, Marinho da Betânia, Ângelo, Danival, Heleno, Marcinho, João Leite, todos revelados em casa, engrossada pelo talento inegável de Éder Aleixo, Luisinho, Ziza, Pedrinho, Serginho, Chicão, Jorge Valença, Osmar Guarnelli, Palhinha, Orlando, Nelinho, Olivera, Caio Cambalhota e outros, passou incólume diante da lupa irascível da massa.

No artigo “PROJETO OU “PÔJETO”? EIS A QUESTÃO!!!” tentei mostrar que o Atlético ainda não encontrou a solução definitiva e acertada de todos os seus problemas e tampouco está no caminho, sem volta, de se tornar um dos maiores clubes, não do Brasil apenas, mas do mundo. É que ajustes precisam ser feitos. Ou seja, é preciso arrumar a casa e este é o grande desafio de Sette Câmara e de seus pares.

Em relação à montagem do elenco, muita água vai passar por baixo da ponte. Embora, do ponto de vista afetivo e prudencial, não queira admitir, devo reconhecer que algumas saídas deverão ocorrer.

Primeiro, porque alguns jogadores terão o seu vínculo encerrado com o clube ao final dessa temporada e julgo pouco provável a renovação de seus contratos. São os casos de Victor, Cazares e Fábio Santos. O equatoriano é um caso especial e já dissecado fartamente nesse espaço. Infelizmente o craque deverá deixar o clube, deixando atrás de si a certeza de que muita coisa deve mudar no Atlético em termos de gestão de elenco.

O que pesa contra Victor e Fábio Santos é o binômio alto salário e idade. Se estariam ou não nos planos de Sampaoli, é pura especulação. E não vou investir nesse tema.

O veterano lateral esquerdo, que deverá ser titular contra o América na volta do campeonato mineiro, vez que Arana, expulso de forma bizarra no jogo contra o Villa Nova em Nova Lima, deverá cumprir a suspensão automática, já revelou que estaria sendo testado pelo treinador argentino como um terceiro zagueiro pelo lado esquerdo, em uma formação tática em que não estaria obrigado a apoiar sempre e a lá estaria entregue a ouro companheiro que pode ser, por exemplo, o próprio Arana, ou Júnior Alonso, que já cumpriu essa função em outros clubes e na seleção de seu país, além, claro, de outro jogador.

Fábio Santos, de forma absolutamente profissional e inteligente, colocou-se plenamente disponível às experiências do treinador.

E, mostrar que pode ser multiuso, multifuncional e também aberto a novas experiências parece-me ser, não só para Fábio Santos apenas, mas também para qualquer outro jogador do grupo, o pulo do gato para cair nas graças do comandante. Digo isso em razão de outros testemunhos que indicam que Sampaoli tem feito experiências táticas, funcionais e posicionais com vários jogadores.

Tardelli se diz incomodado. E, ao contrário, do que muitos alarmistas entenderam e buscaram explorar, entendo este incomodo como uma sadia e necessária saída da zona de conforto, processo fundamental á evolução de qualquer ser humano. Afinal, não é senso comum que um profissional acomodado pouco produz e prejudica o grupo em que estiver inserido?

Viva o incômodo! Comemora o companheiro do Fala Galo, Betinho Marques. Que todos os jogadores do Atlético se sintam incomodados e estimulados a brigar por um espaço no time titular de forma transparente, profissional, respeitosa e colaborativa.

Na próxima quarta-feira o atlético fará realizar na Cidade do Galo um jogo treino, exatamente contra o América, seu primeiro adversário na reabertura do Campeonato Mineiro. E TV Galo irá transmitir o que, par a massa atleticana, já é um evento mais do que esperado.

Muitos são os times montados pelos torcedores que, nas redes sociais, brincam de treinadores e se desafiam a acertar qual vai ser o time titular de Sampaoli. Muito cedo para cravar qualquer formação, mesmo porque, além das contusões (Gabriel é o último exemplo), há o desnível natural de condicionamento físico entre os atletas, seja porque uns estão se recuperando de lesões e até de cirurgia (Jair), outros estão chegando e precisam se adaptar ao clube e ao próprio país e se recondicionar, além de terem as suas condições legais de jogo definidas.

O time que certamente iniciará este jogo treino será forçosamente muito diferente de todos aqueles que estão sendo desenhados pelos torcedores e mais ainda distante daquele dos sonhos da maioria dos galistas apaixonados. E, particularmente, longe daquele que eu, particularmente, gostaria de ver jogar.

Muita calma nesta hora, diria um velho sábio. Qualquer crítica a essa escalação é precipitada. É apenas um primeiro time que Sampaoli pode e deve escalar agora.

Falei sobre saídas prováveis e lembro agora que o Atlético, premido por um passivo muito alto e crescente, buscará fazer caixa com a “venda” de alguns de seus jogadores. Aliás, recados para possíveis interessados continuam pululando tanto na mídia tradicional, como também nas redes sociais atleticanas.

Otero e Maílton são a bola da vez, assim como, até há algumas semanas atrás, Igor Rabelo era alvo de uma “noticia” bastante explicativa. Divulgou-se, aqui e ali, que, o Atlético aceitaria conversar e negociar o zagueiro por um valor cerca de 6 a 8 vezes menor do que a multa estipulada em contrato.

E seria mera coincidência que uma matéria sobre valor de mercado de jogadores viesse, mais um vez, avaliar por baixo o elenco atleticano? Segundo o site alemão Transfermarkt, especializado em valor de mercado de jogadores, o elenco do Atlético, apesar das contratações já anunciadas, e realizadas esse ano, valeria menos da metade de Flamengo e Palmeiras.

O que me intriga é não conhecer os critérios desta e das diversas outras avaliações que sempre minoram o valor dos ativos atleticanos. E, somado a isso, a tradição histórica de mau vendedor do clube, esse cenário me assusta.

Não vejo nenhum problema para o Atlético que seu elenco seja avaliado menos valioso que os de Palmeiras e Flamengo. É até lógica essa avaliação. O time do atlético está em formação e, apesar de já terem mostrado em seus clubes de origem, potencial e muito futebol, a transição deles para o futebol brasileiro e, para o Atlético, em especial, os coloca a todos na condição apostas.

Se vai surgir um novo Galo Forte Vingador que irá encantar o mundo e conquistar todos os títulos sonhados, não sei e ninguém sabe. E, tampouco, estará espelhado no time que iniciará o jogo treino e muito menos naquele que reestreará no campeonato mineiro.

Esse Galo será, sim, um produto de construção e de muita responsabilidade. Verdade ou ilusão, só futuro dirá.