A encruzilhada alvinegra: Eternamente um Galo bipolar ou uma Fênix que renascerá das cinzas? Depende de cada um de nós!
Max Pereira
Do Falo Galo, em Belo Horizonte
08/10/2019 – 04h
As últimas atuações do Atlético e os resultados obtidos pelo Glorioso estão fundindo a cuca dos atleticanos.
Uma pergunta tornou-se recorrente nas rodas de torcedores, nos bares, nas ruas e nas redes sociais:
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM O ATLÉTICO?
Muitas são as respostas e as ilações, e poucas, muito poucas, as conclusões que fazem algum sentido. E, menos ainda, as certezas.
As reações mais comuns da torcida depois de uma atuação ruim ou de uma sucessão de maus resultados como vem ocorrendo agora, mostram que o atleticano, em sua maioria, ainda continua incapaz de enxergar os verdadeiros e mais cruciais problemas do Atlético.
E não apenas os torcedores mais extremados têm a sua parcela de responsabilidade por este clima gerado pelas cobranças equivocadas que em nada ajudam o clube, vez que apenas acabam desviando o foco dos verdadeiros problemas do clube.
Mesmo os torcedores menos passionais e pouco ou nada virulentos em suas reações e cobranças têm também sua parcela de responsabilidade ao NÃO fazerem a luta certa.
Muita gente está defendendo demissão em massa da comissão técnica. Embora essa comissão necessite sofrer mudanças pontuais sim, o buraco é muito mais embaixo.
Outros defendem passionalmente uma limpa no elenco, acreditando ingenuamente que a saída destes ou daqueles jogadores e a chegada de outros resolverá todos os problemas do clube.
O bom senso indica que, tanto a frustração dolorida por uma derrota acachapante, pela perda de um título ou em razão de uma eliminação sofrida, quanto a euforia inebriante em consequência de uma vitória estrondosa não são boas conselheiras.
Da mesma forma que o Atlético mostra por vezes uma capacidade de reação e de superação que só os gigantes possuem, também é verdadeiro que o time, ao longo dos tempos, com exceção do hiato relativo ao biênio 2013/2014, vem perdendo o brilhantismo e o viço típico de um clube gigante.
Não por acaso o Atlético se vê ultrapassado com frequência nas tabelas de classificação do Brasileiro e, ainda, vê também os adversários abrirem diferenças muito difíceis de serem revertidas. E o fantasma do rebaixamento sempre assombra aqui e ali.
Se pensarmos no agora, i.e., na conquista de uma vaga na próxima Libertadores, é induvidoso que a preocupação imediata e essencial é detectar as causas de tamanha oscilação e de tão brusca queda no rendimento do time.
E a resposta para esta questão não é tão simples como pode imaginar a vã filosofia de qualquer torcedor apaixonado e passional.
O problema maior está no comando central, derivado de uma forma de governança furada, feudal, ultrapassada. É aqui que devemos concentrar nossas atenções e energias.
O grau de desequilíbrio e inabilidade com que os problemas e as dificuldades vêm sendo tratadas internamente no clube ao longo das últimas décadas tem se reproduzido dentro de campo e não é preciso usar de muita imaginação para concluir que os insucessos e a irregularidade dos times atleticanos são decorrentes de um comando que historicamente tem pecado pela falta de planejamento e pela sua incapacidade crônica de se blindar das ações lesivas dos mais variados agentes externos.
Não canso de repetir que tudo o que ocorre dentro de campo é consequência do que ocorre fora dele. Embora não seja apenas uma questão de causa e efeito que a física explica, as leis dessa ciência são implacáveis. O Atlético deveria saber o quão terrível pode ser desconsiderar esse binômio (causa e efeito).
Geralmente, o torcedor comum se esquece ou não dá importância às várias variáveis que estão na raiz dos problemas vivenciados pelo clube, que vão, “in casu”, desde um agudo desgaste físico e mental (o desgaste do time e o cansaço físico e mental de vários jogadores saltam aos olhos e é algo muito preocupante) até problemas de foco e de postura coletiva e individual, de comando, de governança, de falta de transparência e de planejamento financeiro e de elenco, etc…
A pergunta é: será que os jogadores, a comissão técnica e o alto comando estariam, cada qual no seu nível de responsabilidade, conscientes da complexidade deste momento vivido pelo time?
Essa clara e perigosa dissonância entre os atores da vida do clube, cada qual em sua esfera de atuação e nível de responsabilidade, escancara de vez que o modelo de governança e de trato do futebol praticados há anos no Atlético se esgotou.
Um dos maiores desafios da gestão de um clube de futebol é saber caminhar na linha tênue que separa o pensar com os pés no chão, com responsabilidade, do pensar pequeno que leva ao planejar estreito.
Refém de gestões temerárias, muitas vezes inconsequentes, e pensando sempre pequeno ou de forma meramente mercantilista, o Atlético definhou, os títulos rarearam, as dívidas se multiplicaram e os problemas se agigantaram.
Não raro, vários dirigentes sempre puseram o lucro e o resultado financeiro imediato e irrefletido acima de tudo. Não havia planejamento de temporada, de elenco, nada. Ou se havia, não se sustinha diante da primeira proposta considerada lucrativa.
Títulos? Cada vez mais distantes. Regularidade? Peça de ficção. Os negócios, feitos com uma simples calculadora na mão onde apenas se mensurava o lucro imediato, via de regra, sempre desconsideraram quaisquer outras variáveis que um bom planejamento de elenco, de temporada e de condução de um clube, exige.
É sabido e ressabido que a política é a arma mais poderosa para quem quer defender a sua cidadania, os seus direitos.
Assim, a ideia de renovar, revolucionar, transformar o Galo no clube campeão e vencedor dos sonhos de sua massa torcedora, só sairá do papel e da boa intenção se for um ato político na excelência de seu significado.
E aqui, um recado ao sócio torcedor: por que vc que injeta dinheiro no Atlético, você que anuiu em ter com o clube de seu coração uma relação jurídica de deveres e de direitos, não tem a prerrogativa de participar da vida política da agremiação, de votar e de ser votado e, em consequência, de saber o que é feito com o seu dinheiro e de influenciar na condução e na governança da entidade?
Por que esta questão é tratada pela diretoria e por ampla maioria do Conselho como um tabu?
Por que um sócio de clube, mesmo não sendo atleticano, pode se eleger conselheiro, e a partir daí participar dos fóruns decisivos do Atlético e, eventualmente, até se candidatar à presidência do Glorioso, porquanto não existe nenhum óbice estatutário para que isso se materialize?
Já passou da hora do sócio torcedor colocar em xeque toda essa situação e buscar conquistar seus direitos políticos no clube, claro às expensas de regras claras e de filtros a serem definidos em um estatuto moderno, avançado e democrático pelo qual também se deve lutar com igual perseverança.
Essa ideia de transformar o “Eu Acredito” em uma força motriz capaz de provocar uma revolução no Atlético traduz a esperança que todo atleticano deve, mais que nutrir, lutar e agir por ela.
Esperança aqui é do verbo esperançar e não do verbo esperar. E isso significa que é algo que não devemos esperar que nos caia do céu e, em nosso colo, graciosamente.
É algo que devemos perseguir, tornar realidade, fazer concretizar.
O Atlético é um gigante que sempre viveu uma história atribulada. Um gigante cujo torcedor, apaixonado e sofrido, tal qual um devoto das causas perdidas, lobotomizado por uma catequese diabólica e inebriado por uma paixão irracional, é quase sempre o primeiro a esquecer ou a subestimar, não só o gigantismo, a trajetória e as conquistas desse Galo tão querido, como também a própria força transformadora da qual ele, galista, é dotado.
O Galo nasceu gigante, ainda que possivelmente não soubessem disso aqueles garotos que se reuniram no coreto do Parque Municipal no longínquo 25 de março de 1908, há, portanto, 111 anos.
E embora gigante por sua própria natureza, o Galo só renascerá das cinzas, forte e vitorioso, tal e qual uma fênix, se cada um de seus torcedores, em uma grande corrente de mobilização e de ação, mergulhar nesse braseiro em que o clube foi jogado e resgatá-lo, fazendo-o ressurgir tão viçoso quanto era o Galo que cantou pela primeira vez naquele distante 1908.
Um Galo eternamente bipolar ou uma fênix, renascendo vigoroso das cinzas. Sair dessa encruzilhada pelo lado certo depende de cada um de seus milhões de torcedores.
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Edição: Ruth Martins
Edição de imagem: André Cantini