2021 DC, o ano de um novo Galo…
Foto: Flickr oficial do Atlético / Pedro Souza
Por Max Pereira (@pretono46871088 @MaxGuaramax2012)
A contratação midiática de DC coroa de vez o ano de 2021 como o ano da virada definitiva do Atlético rumo àquele gigantismo já encravado na sua história desde aquele já longínquo 25 de março de 1908 e cantado e verso e prosa pelo saudoso Vicente Mota que imortalizou no hino mais bonito do mundo as indefectíveis expressões “Lutar, Lutar, Lutar” para “Vencer, vencer, vencer”, pois, “este é o nosso ideal”.
“Ah! Mas, o Atlético ainda não ganhou nada”, diriam os imediatistas. Nesse momento, responderia eu, a construção de um Atlético vencedor, dentro e fora de campo, é o que de mais importante está e poderia estar acontecendo com o Glorioso.
Em 2012, com a chegada de R10, o clima no mundo atleticano, se não foi exatamente o mesmo, guardou semelhanças incríveis com o que está acontecendo agora nas rodas alvinegras em qualquer parte do planeta. Se naquela época, ainda que a alegria e a felicidade dos atleticanos explodissem com a chegada do Bruxo, algumas vozes, presas à razão, temiam pelo insucesso de sua passagem pelo Atlético, vez que não conseguiam esquecer as turbulências que vinham sacudindo a carreira do astro nos últimos tempos antes que ele por aqui desse o ar de sua graça.
Eu, particularmente, nunca escondi outra preocupação. À medida que o craque desfilava o seu talento e mostrava o acerto de sua contratação, eu me perguntava e, cobrava do comando atleticano, o que estaria sendo feito para que o Atlético continuasse no patamar que o clube havia ascendido com a chegada do Astro.
Na época eu dizia que, mais do que chegar à prateleira de cima, o importante era manter-se lá. E emendei: se nada for feito nesta direção, o clube fatalmente voltará à mesmice de sempre. E foi exatamente isso que aconteceu. R10 deixou o clube logo após a conquista da Recopa em 2014 e a sua marca foi tão profunda que o time, mesmo órfão de seu talento, ainda conquistou de forma autoritária e mítica a Copa do Brasil daquela temporada. Era como se Ronaldinho Gaúcho ainda estivesse em campo e a sua magia embalasse aquelas viradas históricas contra Flamengo e Corinthians e o rolo compressor que passou por sobre o rival na grande final, começando por “roubar” a quarta-feira de Ricardo Goulart.
A partir de 2015, entretanto, o feitiço do Bruxo acabou e o Atlético, de tropeços em tropeços, acabou se afogando na Copa do Brasil de 2020. Afogados diante de um adversário limitado, porem brioso, os jogadores atleticanos protagonizaram aquele que, para muitos, era o maior vexame da história do Gigante da Colina de Lourdes. Um goleiro que usava um fantasmagórico boné e que, nas horas vagas era frentista de um posto de gasolina, entraria para a história alvinegra, ao defender um pênalti que eliminaria o Galo daquela competição e marcaria o fim das passagens de Dudamel, Rui costa e Marques pelo clube.
Mal sabia o insuspeito pegador de pênaltis que ele estava, sem o querer, estabelecendo um marco que mudaria a história do Atlético para sempre. Ou seja, há um Atlético antes do homem do boné e outro Atlético depois que o frentista entrou em seu caminho.
E é este último Atlético que, pandemia à parte, crava 2021 como o ano de Diego Costa no Galo. DC chega a um Atlético anos luz mais organizado e estruturado do que aquele que R10 encontrou.
Ainda que o Atlético não conte com a magia do Bruxo, o momento é mágico e embala as melhores e mais otimistas fantasias do galista apaixonado. Afinal, o artilheiro hispano-brasileiro chega ao clube exatamente depois de uma vitória que ratificou a liderança absoluta do Atlético no maior certame do país e às vésperas de um jogo que pode remeter o Atlético a mais uma semifinal da Libertadores.
Mas, atenção, o Atlético passa por um processo de construção de um novo clube, dentro e fora do campo. E Diego Costa vem para se integrar a este projeto. Sobre a revolução que vem sacudindo o Glorioso fora das quatro linhas deixo para escrever em um ensaio à parte. Agora, vou falar da engenharia tática que está sendo engendrada por Cuca e de como a peça Diego Costa pode ser encaixada na máquina atleticana.
Assim, antes de escalar Diego Costa é preciso, além de saber se ele está em suas melhores condições físicas e que ele precisa de um tempo para se adaptar ao futebol brasileiro, saber também como encaixa-lo e melhor explorar o seu potencial. O que quero dizer é que não basta pura e simplesmente colocá-lo ao lado de Hulk e esperar que os gols saiam em profusão.
Sem conhecer em profundidade o time do Atlético e o elenco que está disposição do treinador, pecados e virtudes, não há como saber quais ajustes deverão ser feitos no esquema tático para melhor encaixa-lo e quais são aqueles companheiros mais indicados para atuar ao seu lado. Afinal, DC e Hulk podem e devem jogar juntos? Se sim, como posiciona-los e aos outros companheiros?
Aqui é importante destacar que Cuca, ao usar os intervalos dos últimos jogos para fazer as correções necessárias para que o time do Atlético pudesse buscar os resultados colimados, conseguiu algumas vezes ajustar e corrigir a equipe, potencializando a defesa e o ataque, sem realizar uma substituição qualquer. Portanto, muitas vezes não é necessariamente a entrada deste ou daquele jogador o fator principal de uma mudança e de um resultado positivos.
Alguns pecados que o time atleticano, por vezes, ainda vem cometendo é a falta de compactação e de aproximação dos seus jogadores, deixando em seu campo defensivo espaços importantes para os adversários ocuparem e construírem. E, ao mesmo, tempo deixando seus atacantes muito distantes entre si e com poucas opções de passe permitindo, dessa forma, que eles sejam facilmente neutralizados.
Assim, como nas etapas finais dessas últimas partidas, Cuca tem corrigido o time, compactando e aproximando os jogadores, fazendo com que a equipe atleticana fique mais agressiva e conectada para se proteger, pressione a saída de bola do adversário em marcação, ora média, ora alta, recupere a posse e, em seguida, ataque com intensidade, com
Diego Costa em campo torna-se necessário rever este plano de jogo, definindo quem vai sair e dar o lugar ao atacante, quem vai fazer as dobras de marcação pelas laterais, quem vai fazer o preenchimento dos espaços e quem vai dar liberdade a quem para aparecer mais no ataque e, fortuitamente, até chegar à área contrária, seja para finalizar, seja para criar uma situação de gol.
O galista e multifuncional Marco Coelho, ex-comentarista da Rádio Clube de Curitiba, a quem costumo recorrer em relação às questões táticas que me afligem, me brindou com algumas pérolas que a seguir compartilho com vocês, pois ajudam muito a intuir o que pode e deve acontecer com o time do Atlético agora com Diego Costa.
Inicialmente, Coelho alerta que o atleticano precisa aprender que hoje o time tem, ao menos 16 titulares e, muitas vezes, pouco importa quem for jogar e aonde jogar. Cabe ao trinador definir quem está melhor no momento e por em campo.
Para muitos torcedores a única dúvida que concedem a Cuca é em relação ao companheiro de DC e de Hulk no ataque. Savarino? Keno? Vargas? Ah! Claro, Nacho também já teria cadeira cativa no meio de campo desse time considerado o ideal.
Em uma resposta simples e direta, Marco Coelho não escalaria nenhum desses três de cara ao lado dos dois atacantes. “Se quiserem jogar com os dois, DC e Hulk, o meio tem que ser Allan, Tche², Nacho e Zaracho, com os laterais passando, agudos, e os dois atacantes centralizados, mas fechando a marcação nos volantes adversários”, defende. E vai mais além: “Eu montaria um time para as copas e outro para o Brasileiro, com alguns titulares nos dois”. E sugere essas duas escalações:
“Everson, Mariano, Nathan, Alonso, Arana. Allan, Tche², Nacho. Savarino, Hulk, Vargas”.
“Everson, Guga, Rabelo, Micael, Dodô. Jair, Zaracho, Dylan, Calebe. Diego Costa, Keno”.
E para mostrar o quão qualificado é hoje o elenco atleticano ele lembra que ainda ficaram de fora desses dois times: Franco, Hyoran, Nathan, Sasha, Neto, Savinho, Echaporã, Rever, Matheus Mendes, Rafael e Jean.
Na realidade, não respondendo o que a grande maioria da massa quer ouvir, Coelho não usaria DC e Hulk juntos por enquanto, pois, no seu entender, o time precisa treinar para que os dois pudessem funcionar juntos e não haverá tempo para isso, em razão do calendário ajustado. Além disso, não se pode esquecer que o “Animal” está chegando fora de forma e sem ritmo, pois, está parado há algum tempo.
Muitos analistas defendem a teoria de que o nível de exigência do futebol brasileiro em relação ao europeu é bem baixo, o que poderia facilitar o rendimento de Diego Costa. Ainda que compreenda o porquê desse entendimento, assim como o meu interlocutor, entendo que seria mais interessante usar DC em alguns jogos, dando descanso ao super-herói e, em outros utilizando Hulk normalmente.
Marco Coelho tem razão ao defender que, com DC e Hulk juntos, o meio tem que ser mais pegador e dinâmico, e no caso da ala esquerda, Arana tem que sair mais, com Tchê² na cobertura?
E o que dizer da função tática e do posicionamento de Nacho no time com Hulk e DC jogando juntos? Muda alguma coisa? Para mim, o grande desafio de Cuca será escalar Hulk, DC e Nacho juntos, de modo que cada um deles renda o que deles se espera taticamente e o time não comprometa a sua consistência defensiva, não tenha problemas de recomposição pelas beiradas do campo e também tenha intensidade ofensiva pelos flancos. Ou seja, que nesse time tenha em seu meio de campo três jogadores mais pegadores que, ao mesmo tempo, tenham boa chegada ao ataque.
O importante é perceber que pode haver um rodízio entre eles, já que muitas vezes não haverá necessidade de escala-los juntos e que, colocar os três juntos em campo, vai depender da proposta do adversário e do momento do jogo.
Por fim, repasso ao leitor uma última provocação do grande Marco Coelho: qual Galo vence este jogo hipotético?
Galo A: Matheus Mendes ou Rafael, Guga, Rabelo, Nathan e Arana. Jair, Tche² e Dylan ou Calebe. Savarino, Hulk e Vargas
Galo B: Everson, Mariano, Rever, Alonso e Dodô. Allan, Zaracho e Nacho. Sasha, DC e Keno.
Prognóstico difícil, principalmente se esse jogo hipotético for jogado com todos os jogadores na ponta dos cascos. Talvez Nacho desequilibre, porque no outro time e no elenco não existe um craque similar, diriam muitos. Mas, Hulk é decisivo, não faz equilibrar? Essa provocação quer mostrar o quanto o plantel do Atlético hoje é rico e equilibrado. E que Cuca deve buscar escalar sempre o melhor time para cada jogo, respeitando, claro, o momento e os limites físicos e táticos de cada jogador.
Mas será que a torcida vai entender isso? Prevejo uma cobrança insana para a escalação dos três juntos. Gente, paciência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
Aliás, escalar o melhor time e buscar fazer o jogo mais equilibrado possível é a receita que o Atlético deve continuar aplicando no jogo de hoje contra o River. Espero que seja assim desde o primeiro segundo do primeiro tempo e em todos os jogos daqui para frente.