Foto: Flickr oficial do Atlético
Atlético prevê orçamento de R$ 401 milhões, 30% superior ao de 2020 e com superávit de R$ 5 milhões. O tripé de receitas TTP (TV + Transferência de atletas + Patrocínios) segue intacto em mais de 80% do gráfico de Pareto, mas o GNV já divide expectativas de recebimentos anuais próximos aos parceiros patrocinadores. No futebol profissional o investimento previsto supera em 52% as expectativas do ano anterior chegando próximo de R$320 milhões
Por: Betinho Marques
O Conselho do Atlético está de posse da planilha orçamentária do ano de 2021 que será apreciada em 30 de novembro de 2020, no clube Labareda. Abaixo a descrição de todas as contas do documento, de forma resumida para a Massa. Além disso, o Fala Galo vai disponibilizar no Portal o documento na íntegra, “completão”.
Ao analisar, mais uma vez o documento percebe-se que o tripé TTP do gráfico de Pareto continua valendo, ou seja, mais de 80%, na verdade, 81% estão em: Transmissão de TV + Transferência de Atletas + Patrocínios, nesta ordem de relevância financeira. Ou seja, o modelo continua dependente dos mesmos personagens e mudar isso conta com ações e empenho de fidelizar a marca através de avanços muito batalhados pela gestão de mercado, através da participação popular que gere o pertencimento. O programa de sócios Galo na Veia tem como desafio de Leandro Figueiredo engajar muito e gastar pouco.
Receitas 2021 – R$ 401,17 milhões (2020 foram R$ 308,76 milhões)
1 – Bilheteria – R$ 19,25 milhões – Em função da pandemia e das restrições de público, mesmo quando o futebol voltar haverá uma mudança brusca em relação a 2020 que previa R$ 57,96 milhões;
2 – Receitas de Transmissão e imagem de TV + Premiações – Previstos R$ 183, 3 milhões no centro de custo. Valor muito acima do orçado em 2020 de R$ 78,9 milhões (ver motivos);
Observação: vale ressaltar que as premiações por avanço de fase foram mudadas de centro de custo. Saíram da bilheteria e incorporadas na conta receitas de transmissão. Outro detalhe é que ainda no orçamento faltam memórias de cálculo que exemplifiquem as projeções de premiação, já que, passar de fase e colocações em torneios interferem nas previsões. No entendimento da análise, percebe-se que estar na Libertadores é uma convicção e que uma boa colocação no brasileiro pode ajudar bastante a confirmar os números propostos.
3 – Receita de transferências de atletas – Mudanças e previsões menos bruscas, de R$ 100 milhões em 2020 para R$ 120 milhões de previsão em 2021;
4 – Outras receitas e atividades esportivas – Conta destinada às loterias federais. Para o ano vindouro, são previstos R$ 6,6 milhões acima dos R$ 3,6 milhões de 2020;
5 – Galo na Veia – O Atlético espera arrecadar R$ 24 milhões no seu programa de sócio em 2021. Com o novo formato, mais acessível em valores, o Galo fideliza mais pessoas, mesmo que as previsões sejam similares a 2020 que considerava receitas de R$ 21,5 milhões;
6 – Receitas com patrocínios e marketing – Foram previstos R$ 22,194 milhões para o centro de custo. Esse valor é menor que o previsto em 2020 (R$ 26, 3 milhões) e maior que o realizado, de fato, no ano extremamente comprometido pela pandemia do Covid-19;
7 – Receitas com comissões de cadeiras e camarotes – Com o advento da obra da Arena MRV, o orçamento prevê R$ 1,8 milhão para o clube;
8 – Labareda e Vila Olímpica (Clubes Sociais) – São previstas receitas de R$ 8,47 milhões, valores menores que os R$ 10, 5 milhões, obviamente, os clubes ainda sofrerão com as restrições em função da pandemia;
9 – Receitas Patrimoniais (Diamond) – O orçamento contempla R$ 8,19 milhões para recebimento de aluguéis, luvas e estacionamento do shopping Diamond Mall, referentes a 15% da receita bruta do centro comercial que também sofre com a queda das compras;
10 – Receitas de Equivalência Patrimonial – “Manto da Massa” – Ações similares ao Manto da Massa preveem R$ 7 milhões para o ano de 2021.
Receita Bruta ———————————————————————————- R$ 401,17 milhões
Impostos/contribuições + direitos de arena ——————————————– R$ (19,44 milhões)
Receita Líquida ——————————————————————————– R$ 381, 72 milhões
Observação 2: direitos de Arena são distribuídos aos atletas (rateio) no percentual de 5% dos valores negociados com federações, direitos de transmissão e afins.
Custos + Despesas 2021 – R$ 396, 15 milhões
11 – Custos com futebol profissional (pessoal + direito imagem + comissão + atividade futebol + custos gerais ———————————————————————————- R$ 319,77 milhões
Aqui está o “pulo do gato”. No ano de 2020 foram previstos para a mesma rubrica R$ 209,56 milhões em investimentos no futebol. Ou seja, serão investidos no futebol mais de 52% a mais do que foi feito em 2020, tudo isso considerando o cenário real de restrição de consumo do esporte.
A conta “custo de venda de atleta” estimada em R$ 42 milhões é relevante, porém não tem uma memória de cálculo ou nota explicativa. Para quem prevê receber R$ 120 milhões em transferências, ter mais de 1/3 com custos de venda de atleta seria preciso um melhor detalhamento.
12 – Custos com clubes sociais —————————————————————- R$ 6,9 milhões
Serão propostas algumas ações para reduzir os custos dos clubes sociais em relação à realidade. O orçamento de 2020 previa custos de R$ 8,79 milhões. A ideia é aumentar os lucros dos clubes na ordem de 3% com ações pontuais.
13 – Despesas Operacionais —————————————————————— R$ 26,03 milhões
Neste contexto são considerados como itens relevantes os custos seguintes previstos:
- Despesas com pessoal R$ 12 milhões que baixaram um pouco em relação a 2020 que era de R$ 13,23 milhões;
- Despesas administrativas R$ 11,38 milhões também reduzidas em comparação ao ano anterior que previa R$ 17,45 milhões;
- Despesas tributárias saíram de R$ 1,46 milhões em 2020 para uma previsão de R$ 168 mil, outra redução considerável;
- Despesas com contingências diminuídas de R$ 735, 27 mil para R$ 500 mil de 2020 para 2021;
- Despesas com depreciação baixando de R$ 2,85 milhões para R$ 1,98 milhões em 2021
14 – Receitas e Despesas Financeira ————————————————— R$ 24 milhões
O Atlético espera reduzir em mais de 30% as despesas financeiras em 2021, através de renegociações dos custos de endividamento. O orçamento em 2020 previa custos de R$ 39 milhões.
Mais uma vez, os conselheiros precisam saber também qual o formato de negociação que torna palpável ou real as projeções.
15 – Outros muito importantes
Empréstimos novos —————————————————————————– R$ 57, 5 milhões
Pagamentos Fifa ————————————————————————————-R$ 40 milhões
Pagamentos de empréstimos/juros/acordos ———————————————— R$ 90 milhões
Investimentos da base —————————————————————————- R$ 15 milhões
Separamos alguns itens relevantes para o documento proposto e para elucidação. Acima, retirado do documento orçamentário de 2021, verificamos que o Atlético prevê aportar em 2021 cerca de R$57,5 milhões em empréstimos para pagar contas inclusive de empréstimos e juros calculados na casa de R$ 90 milhões, além disso, prevê pagar R$ 40 milhões à Fifa em 2021. Por fim, a base que é um pilar tido como vital para a nova gestão terá investimentos maiores, na casa de R$ 15 milhões, 50% a mais que em 2020 que previa R$ 10 milhões no departamento comandado por Júnior Chávare.
O orçamento seguiu para avaliação e estudo dos conselheiros (apreciação em 30/11) com melhorias nas descrições, mas ainda sem memórias de cálculo claras em algumas contas, o que torna o documento muito aberto a diversas óticas subjetivas. No mais, a planilha orçamentária mostra que o clube recorrerá ainda a empréstimos novos de mais de R$ 50 milhões, fará muitos investimentos no futebol (na casa de R$ 320 milhões), e que claramente, precisará muito do engajamento da torcida e de ações de gestão moderna que parem de corroer em juros o seu patrimônio. O ano de 2021 é vital para findar com a “oxidação” do Atlético.