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Racha político, declarações polêmicas e aprovação por unanimidade: A última reunião do Conselho Deliberativo será o divisor de águas do Atlético

Foto: Flickr oficial do Atlético

 

Silas Gouvêia
01/08/2020 – 22:04
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O dia 31/07/2020 está sendo considerado por muitos, como o divisor de águas na vida do Clube Atlético Mineiro. Uma reunião Ordinária do Conselho Deliberativo, cumprindo com as regras brasileiras de gestão de entidades e empresas, como se faz em todos os anos na rotina administrativa do clube, acabou tomando ares de batalha campal devido ao racha político da corrente majoritária que controla os rumos do clube há mais de vinte anos. Ninguém estava tranquilo o suficiente, para cravar qualquer prognóstico sobre o resultado desta reunião de Conselho. Havia, é claro, a expectativa que as contas do exercício de 2019 fossem aprovadas. Mas não se imaginava o quanto poderiam ter de dificuldades e questionamentos acerca destas contas.

O clima que antecedeu esta reunião era tenso e toda imprensa estava aguardando ansiosa pelo desenrolar dos acontecimentos, numa busca frenética por informações de suas fontes internas do clube. Foi um começo tenso para todos os presentes, em especial para os Conselheiros, que compareceram em grande número à reunião.

Entretanto, o discurso de abertura dos trabalhos proferido pelo presidente do Conselho, Dr. Castellar, já dava mostras de que as desavenças políticas enfim pareciam estar sendo deixadas de lado e uma provável recomposição de posturas estava ali sendo costurada. Foi um discurso repleto de elogios à família Menin e quase um pedido de desculpas ao Rafael Menin, quando teve seu nome citado com grande ênfase e respeito pelo presidente, talvez tentando com isto apagar o tom bélico que esteve presente em várias falas do próprio Castellar, em entrevistas concedidas aos diversos meios de comunicação, quando da publicação da convocação desta mesma reunião plenária do Conselho, feita pelo vice-presidente Rafael Menin, com o objetivo claro de impedir que qualquer manobra de regimento fosse responsável pela inviabilidade legal de se promover a referida reunião. 

Este discurso tranquilizou a maior parte dos presentes, embora também tenha deixado uma certa preocupação por parte dos presentes, em relação às doações de terreno e também de empréstimos ao clube pela família Menin. Sem a necessidade de pontuar mais claramente sobre a necessidade de se tornar registrado e oficial, que estes empréstimos e a doação do terreno, fossem devidamente documentados e explicitado de que se tratavam de situações sem cobranças de juros ou correção monetária.

Um início de trabalho mais suave que o esperado, embora ainda com um toque de desconfiança aos que hoje praticamente controlam a vida financeira do clube. Mas a fala de Rubens Menin veio em um tom firme, seguro e de forma a deixar claro e oficial, que eles (a família Menin) não têm nenhuma pretensão de extorquir o clube. Ao contrário, estavam ali fazendo uma doação legal de um terreno e emprestando dinheiro sem juros ou correção, para que o clube consiga sobreviver com suas próprias pernas e, caso haja venda de alguns destes jogadores, ele pudesse ter de volta ao menos o valor básico emprestado. Seu discurso além de muito claro, iniciou fazendo uma referência a um provérbio que diz: “À mulher de César, não basta ser honesta. Deve parecer honesta!” Rubens Menin disse: “A gente antes de qualquer coisa, a gente não precisa ser honesto. Tem de provar que é honesto.” E a partir daí, passou a esclarecer todos os investimentos e doações que ele e sua família fizeram ao clube até aqui.

Rubens Menin foi claro ao afirmar que o dinheiro emprestado ao clube, não deverá sofrer qualquer tipo de juros ou correção monetária. Receberá, quando o clube puder, ou vender algum atleta, o valor então emprestado mas sem qualquer acréscimo. A mesma coisa em relação ao terreno doado para a construção do estádio. Foi um “cala boca” à maior parte da imprensa do Eixo Rio São Paulo, ao mesmo tempo que uma satisfação a todos os conselheiros e, em especial àqueles que haviam até então colocado em dúvida a legalidade e lisura dos procedimentos feitos pela família Menin.

A leitura que muitos fazem, por pessoas ligadas ao clube e também por aqueles que acompanham a vida política e administrativa do clube, é que o resultado da reunião do Conselho Deliberativo, com a aprovação unânime das contas relativas ao exercício de 2019, trouxe junto alívio e uma garantia de continuidade da forma de gestão atualmente implantada pela atual diretoria. A tranquilidade administrativa e fiscal do clube, torna viável a continuidade de investimentos que estavam sendo planejados. E por isto esta reunião está sendo considerada por muitos como o divisor de águas do clube.

Uma simples aprovação já poderia trazer alguma tranquilidade. Mas a aprovação por unanimidade traz consigo a hipoteca de credibilidade a todo o trabalho que está sendo definido e implementado no clube. Este resultado traz, além disto tudo, a certeza de que a ala descontente deste grupo que vinha dominando e controlando a vida do clube, a partir desta reunião e deste resultado expressivo, está definitivamente escanteada do controle administrativo do clube. Tornou-se uma oposição sem força, com menos capacidade de mobilização que a outra oposição que sempre existiu dentro do clube e que por vezes tenta competir nas eleições presidenciais, sempre sem qualquer chances de vitória, mas fazendo grandes estardalhaços. 

Podemos então ter hoje um Conselho dividido em três grupos, sendo que o grupo que dissidente da atual gestão se tornou a ala mais fraca politicamente dentro do clube. Nem mesmo uma possível união entre as alas oposicionistas dentro do Conselho, será capaz de afetar minimamente a hegemonia produzida pela união de Sette Câmara, Rubens Menin, Ricardo Guimarães e Lásaro Cândido, antes ligado à ala que hoje se torna desafeta da atual administração. Mas claramente, todos agora devem obediência e respeito a uma pessoa: Rubens Menin. Fica claro para qualquer um, atém mesmo o mais ingênuo ou desinformado torcedor, que o candidato a ser eleito para a próxima administração, pode ser qualquer um, até mesmo um simples torcedor das arquibancadas. Desde que seja ele, um nome abençoado por Rubens Menin. E pela primeira vez ao longo de pelo menos vinte anos, não haverá sequer a necessidade de composição com um vice de uma corrente diferente. A parte majoritária, depois desta votação das contas de 2019, pode se dar, enfim, ao luxo de ter uma chapa “Puro Sangue” sem precisar agradar quem quer que seja, tamanha sua força e influência. 

O discurso de todos, daqui para frente será pela união, pela negativa de uma cisão e pelo caminhar de mãos dadas em prol do clube. Na prática, entretanto, todos sabem que os bicudos agora é que não se bicam mais de forma alguma. Uns perderam terreno e hegemonia. Outros fincaram de vez sua bandeira de posse do território duramente conquistado. E um, apenas um, é o verdadeiro vencedor desta batalha. Nem precisa mais citar quem é ele. Está cristalino a qualquer um que não esteja cego ou surdo pela ideologia ou apologia de seus eternos ídolos.

Mas na verdade, o que o torcedor espera é tão somente uma tranquilidade e o bom senso administrativo. O desenvolvimento de um trabalho que de fato transforme o clube em algo administrável, com regras bem implantadas de compliance e governança. Com transparência de todas as ações, com planejamento e com um resultado que coloque este Clube centenário, em um lugar de destaque nacional e mundial. 

Que o resultado obtido neste dia 31/07/2020, seja de fato, um divisor de águas que tanto se almeja e que, enfim, os conchavos e as pífias administrações até aqui predominantes no Clube Atlético Mineiro, dê lugar ao o profissionalismo e a uma administração focada nos resultados positivos dentro e fora de campo.