‘O Atlético foi uma das melhores decisões da minha vida’. Aniversariante do dia e ídolo do futsal mundial, Manoel Tobias relembra passagem pelo Galo

 

 

Bruna Vargas
19/04/2020 – 00h13
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Considerado um dos melhores e mais importantes jogadores do futsal mundial, Manoel Tobias da Cruz, é natural de Salgueiro/PE, nasceu no dia 19 de abril de 1971 e hoje, completa 49 anos.
Três vezes eleito pela FIFA o melhor jogador do mundo, (2000, 2001 e 2002), e bicampeão mundial com a seleção, Manoel teve uma passagem muito vitoriosa pelo futsal do Atlético.

Foto: Reprodução Internet

No fim dos anos 90, o torcedor atleticano passou a dividir atenções entre o campo e a quadra, entre o Mineirão e Mineirinho. Com um alto investimento, o alvinegro montou uma equipe estrelada de futsal, que conquistou importantíssimos títulos e entrou para a história como um dos maiores times dos últimos tempos.
E uma das grandes estrelas desse time era Manoel Tobias. O pernambucano chegou a Minas Gerais em janeiro de 1998 e apesar de apenas dois anos no alvinegro, o jogador deixou seu legado. Além da artilharia, de 52 gols em uma só liga, jamais alcançado por outro jogador, Manoel conduziu o Galo aos títulos do Campeonato Mineiro (1998/99), do Intercontinental em 1998 e da Liga Futsal em 1999.

Confira a entrevista do eterno camisa 5 do Atlético Pax de Minas, Manoel Tobias, para o Fala Galo.

Fala Galo: O que e quem te trouxe ao Atlético? Queria que falasse um pouco como começa sua história com o alvinegro.
Manoel Tobias: O que me trouxe ao Atlético em 1998 foi a vontade de querer participar de uma equipe tão tradicional de futsal. Eu tinha atuado contra o Atlético em 1997, quando jogava no Internacional, que também era um time tradicional. Mas nas minhas participações contra o Atlético, eu fiquei impressionado e desde então fiquei pensando: “Poxa, eu poderia jogar no Galo”. E aí, no final de 97, veio um convite do Miltinho, que era o técnico, e Zé Roberto, o presidente e patrocinador máximo da época, e eu não pensei duas vezes, acertamos o nosso contrato e cheguei em janeiro de 1998 com a maior motivação em poder dar alegria a massa atleticana. E para mim, sem dúvida nenhuma, foi uma das melhores decisões da minha vida. Passamos, no início, momentos muito difíceis, pois cheguei vindo de cirurgia, mas mesmo assim, o apoio foi muito grande. Foram anos maravilhosos que passamos aí. Além do Atlético Mineiro, do Galo, da torcida, do ambiente, da atmosfera, tivemos também uma receptividade do povo mineiro que nunca vou esquecer.

Foto: FMF

Fala Galo: A marca de público de mais de 25 mil torcedores do Atlético na final da Liga Futsal em 1999 é o recorde mundial em ginásio. Qual foi a importância da Massa, para vocês, jogadores, na conquista de tantos campeonatos? Era o 6° jogador?
Manoel Tobias: Eu fico até emocionado em falar da torcida do Galo. Porque teve e tem até hoje um papel importantíssimo. A torcida do Atlético é uma torcida diferenciada. Em 98, sendo campeão mundial, mesmo jogando ali na Rússia, a nossa volta, no aeroporto antigo da Pampulha, fomos recepcionados de uma forma incrível. Acho que tinha mais de 30 mil atleticanos ali naquele aeroporto, nos abraçando, nos dando uma receptividade que é inesquecível. Em todos os jogos, não só aí em Belo Horizonte, mas jogos fora, era contagiante porque sempre tinha uma torcida nos lugares que a gente passava, nos lugares que a gente ia jogar. A massa atleticana foi fundamental. Aquela final de liga no Mineirinho, quando teve o recorde, aquele dia está na minha memória, nas minhas lembranças favoritas. A gente viu aquele Mineirinho totalmente tomado e graças a Deus conseguimos presentear todos os 25 mil atleticanos com o título. Todos nós sabíamos da responsabilidade e o que a gente mais queria fazer, todos juntos, atletas, comissão técnica, diretoria, presidente; a gente queria realmente retribuir com o título. Para aqueles atleticanos pudessem desfrutar daquele dia. Foi de fundamental importância e era realmente nosso 6° jogador. Incrível! O Galo tem um torcedor que sou eu hoje. Sou torcedor número 1 do Atlético.

Foto: FMF

Fala Galo: No Atlético, reza a lenda que: “Entra jogador e sai torcedor”, para você também foi assim? Ainda acompanha o Atlético no futebol?
Manoel Tobias: Essa máxima realmente prevaleceu na minha vida. Eu entrei como atleta profissional de futsal e mesmo ali atuando, eu não perdia nenhum jogo do Atlético no futebol. E hoje, tudo que acontece a nível de futebol no Galo, eu tô sempre acompanhando. O Atlético vai jogar aqui em Fortaleza, onde eu moro, eu acompanho, fico na torcida. E não tem como você deixar de torcer pelo Atlético. Quem conviveu como nos convivemos, no futsal, que vista a camisa do Galo, não tem como você não se apaixonar pela torcida e pelo clube. É uma honra dizer que torço para o Clube Atlético Mineiro.

Fala Galo: Manoel, pra quem não viveu e não acompanhou de perto a época dos anos 90 e glorioso futsal do Atlético Pax de Minas: como você resumiria esse momento, sendo um dos principais jogadores daquele elenco?
Manoel Tobias: Pra quem não acompanhou, infelizmente, perdeu, na minha opinião, um dos melhores times do futsal mundial atuar. Porque não é só eu que falo isso. Dentro mesmo de uma pesquisa na Liga Nacional, o Atlético Pax de Minas, de 1999, foi eleito a melhor equipe de todos os tempos. Quem não teve a oportunidade, perdeu, realmente, uma grandíssima equipe. Desde a sua organização, do mestre Miltinho, e de grandes atletas e companheiros. Hoje analisando, foi um momento ímpar, e dificilmente vai existir uma equipe tão equilibrada, tão harmônica, tão heterogênea. Toda equipe tem seus grandes destaques individuais e eu tenho a consciência que eu tive essa qualificação, mas o importante é que sempre joguei, em todas as equipes e seleção brasileira, com a única fidelidade de facilitar as coisas para a equipe. Esse momento foi um marco inesquecível, até hoje os estudiosos e técnicos do futsal, sempre nas suas palestras e artigos científicos, sempre inserem essa equipe do Atlético Pax de Minas de 99. Quem realmente acompanhou essa época, sabia que a cada jogo era uma exibição de competitividade, de intensidade, de talento, de brilhantismo e acima de tudo, de uma equipe organizada do início ao fim. Jogávamos desde o primeiro minuto até o último com a mesma intensidade e alegria. Todos os participantes desse elenco tinham o maior prazer de vestir essa camisa do Atlético. Ficou marcado na história.

Fala Galo: Com uma passagem tão vitoriosa e memorável como a sua por Minas Gerais, qual é, pra você, o jogo mais inesquecível com a camisa do Atlético?
Manoel Tobias: Diante de tantos jogos que tive o prazer e honra de vestir a camisa do Galo, eu não poderia deixar de falar da final da Liga Nacional, contra o Rio de Janeiro/Miécimo. Mais de 25 mil atleticanos no Mineirinho, para mim, vai ficar na história. Foi a coroação dessa equipe. Vínhamos desde 1998 fazendo história, sendo campeão mineiro, mundial, iniciamos o ano muito bem. Dentre todos os jogos, esse eu tenho guardado como inesquecível. Não só pelo título, mas principalmente por causa de quem o presenciou.

Fala Galo: Uma parceria de muito sucesso que define toda essa glória com o Galo é a de Manoel Tobias e Falcão. Gostaria que falasse sobre essa parceria dentro das quadras, já que são considerados pelo mundo os dois maiores gênios da modalidade.
Manoel Tobias: Olha, o Galo é tão grande que conseguiu reunir além de dois fenomenais desportistas, (Manoel Tobias e Falcão), por tabela tinha outros espetáculos de jogadores como: Lenísio, Rosinha, Piu, Cacau, Índio, Euler, Rogério goleiro. Enfim, todos brilhantes. Foram decisivos em momentos importantes. Manoel Tobias e Falcão tiveram o privilégio de ter estas parcerias aos seus lados.

Fala Galo: Há alguma curiosidade interessante desse time e dessa época para compartilhar com a torcida?
Manoel Tobias: A grande curiosidade é que a grande maioria era de outros estados e depois que todos atuaram no Galo, além de um forma profissional, todos, sem exceção, se apaixonaram e hoje são torcedores número um do Galo. O Atlético conseguiu unir profissão, o prazer e honra de defender o Galo.

Fala Galo: O que você sente ao olhar para trás e ver hoje, além das vitórias e títulos dentro das quadras, o reconhecimento do esporte mundial fora delas? Qual a sensação de ser considerado o melhor do mundo?
Manoel Tobias: O que eu sinto é gratidão! Por tudo que Deus me proporcionou, por ter me dado talento, por ter colocado pessoas na minha vida que sempre disse que eram anjos que Ele me enviou. Meus pais, meus irmãos. No esporte conheci a minha esposa, no esporte meu filho nasceu, e eles que me incentivaram nos momentos mais difíceis. Porque a vida de um atleta não é apenas vitórias, existem derrotas, aprendizados. O atleta é exigido para que tenha resiliência que se pondere principalmente nos momentos difíceis. Sem dúvidas, o grande responsável pelo meu sucesso, por chegar a ser o melhor do mundo no futsal do planeta da forma que foi feita, com trabalho, dignidade, respeitando a todos, sem querer passar por cima de ninguém. Aproveito para dividir com todos os meus companheiros, não só do Atlético Mineiro, com todos que faziam parte da comissão técnica, departamento médico. Sem dúvidas, o Manoel Tobias, aquele garoto que saiu do sertão pernambucano, que tinha um sonho, que tinha projetos, todos pautados na proposta de Deus. Aproveito para glorificar o nome do Senhor neste momento e dizer para Ele que transferi para Deus toda honra e toda glória que aconteceu na minha vida e da pessoa que sou hoje. Eu tenho consciência que tenho esse legado impressionante no futsal, não me refuto em não aceitar, porque tudo isso é honra que Deus me permitiu.

Manoel Tobias: Aproveito para mandar um abraço cheio de saudade, saudades boas e positivas, a toda a torcida do Galo, a massa atleticana. Quero agradecer a essa massa, que desde a minha chegada, em janeiro de 1998, me recepcionaram de uma forma brilhante. Claro que tivemos nessa trajetória, problemas, dificuldades, desacertos, mas que foram importantes acontecer para que tivéssemos o êxito, êxito que é de todos!