Bilheteria do Mineiro vale R$ 10 Reais e 10% para a FMF
Betinho Marques
24/01/2020 – 14h30
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Começou o Campeonato Mineiro de R$10,00. As ideias de sustentabilidade e viabilidade dos clubes após os escândalos ocorridos no Cruzeiro, parecem que agora, pairam nas cabeças dos dirigentes dos clubes, contudo, ainda há muito por fazer, começando por campeonatos deficitários. De qualquer forma, o Campeonato Mineiro que já foi mais relevante que a Libertadores dos anos 70, não goza de prestígio comercial. O preço que se pagou antes da final de 2019, em média, nos jogos do Atlético prova que o simbolismo mudou. Este formato de campeonato estadual, pouca gente quer.
De trás para a frente – A final é outra história! Valeu mais que todos somados.
Antes de falarmos da fase classificatória, vamos analisar a final do campeonato. No ano de 2019, a final foi a esperada, Atlético x Cruzeiro. No jogo decisivo no Independência, 21.862 espectadores acompanharam o jogo que teve uma renda bruta de R$1.208.669,00, com um ticket médio para a grande final saindo a R$55,29. No primeiro jogo, o Cruzeiro, como mandante teve uma renda bruta de R$1.944.766,00, com 51.032 pagantes e o ticket médio chegou a R$38,11. Desta forma, uma inferência básica: apesar da final “convencional”, a rivalidade faz a torcida pagar por este jogo que mexe com o estado, um campeonato à parte. Na final, o lucro líquido do Galo por pessoa presente no Independência foi de R$25,10. Só na decisão, o Atlético lucrou R$548.673,99, valor que superou os lucros somados do clube no Independência e Mineirão para as outras oito partidas, que acumulou pouco mais de R$502.265,23, um absoluto abismo de interesse e valor. Isto mesmo! Um jogo foi maior que os outros oito, no caso do Atlético.
A fase classificatória – “Não vai não, ele não vai não! ”
O Atlético fez, desconsiderando a final, por ser um “mundo paralelo” no contexto, oito jogos como mandante. Foram cinco partidas no Independência e três no Mineirão. Vejamos alguns números relevantes:
Mineirão (América, Tupynambás e Boa)
Média de Público do Galo no Mineirão (3 jogos) – 45.014/jogo
Média de Lucro Líquido do Galo no Mineirão (Borderô) – R$65.517,28/jogo
Lucro Líquido médio do Atlético por pessoa no Mineirão – R$1,46
Observação: o Mineirão por ter maior capacidade, possibilitou na competição de 2019 o Atlético levar muitas crianças aos jogos. O Galo teve um lucro médio de R$65.517,28/jogo, porém o “lucro” por “cabeça” foi irrisório. Olhando pelo lado de interação time e ambiente familiar, o saldo foi positivo e não mensurável.
Independência sem considerar o jogo final (Boa, URT, Guarani Tupi e Villa Nova)
Média de Público do Galo no Independência – 14.368/jogo
Média de Lucro Líquido do Galo no Independência (Borderô) – R$61.142,68/jogo
Lucro Líquido do Atlético/pessoa no Independência – R$4,26
Observação: o Independência teve média de público 3 vezes menor que o Mineirão. Entretanto, o valor de “lucro líquido” manteve-se equilibrado, na casa de pouco mais de 60 mil reais. O lucro por pessoa do “Indepa”, na proporção, também aproximou de ser 3 vezes maior que o gigante da Pampulha. Ou seja, Mineirão permite mais interação, mas lucro mesmo, em bilheteria, o Campeonato Mineiro não proporciona, nem no Independência, nem no Mineirão. O produto, hoje, é ruim e sem apelo.
Quanto vale o show
Como dito no início do texto, os dados apurados, apesar da análise, se baseiam em informações, é matemática. Confrontando duas planilhas, uma nossa e uma delas do pesquisador atleticano, Stéfano Bruno, alguns números são relevantes, vejamos:
Campeonato Mineiro 2019
- Público Total do Atlético como mandante – 221.250 espectadores;
- Média do Atlético para nove partidas – 24.583
- Renda Bruta do Atlético (não é lucro) – R$3.353.044,00 reais
- Média de Renda Bruta do Atlético por jogo – R$372.560,04
- Ticket Médio Independência (sem considerar a final) – R$9,03
- Ticket Médio Mineirão – R$11,58
- Lucro Atlético Mineirão para três jogos – R$196.551,85
- Lucro Atlético Independência para cinco jogos (sem a final) – R$305.713,38
- Lucro do Atlético na final contra o Cruzeiro – R$548.673,99
- Lucro Total do Atlético em nove jogos – R$1.050.939,22
- Ticket médio do Atlético no Campeonato (bruto) sem a final – R$10,75
- Ticket médio da final Atlético x Cruzeiro – R$55,29
- Média de público do campeonato (todas as equipes) – 5.399/jogo
- Taxa de ocupação (todas as equipes) – 25%
Portanto, ao verificar os números de bilheteria sobre o Campeonato Mineiro, percebe-se facilmente que o torneio perdeu a significância que tinha até o início dos anos 90. A Federação Mineira continua na sua mesmice e obsolescência programada. De cada partida, participa em 10% da renda bruta. O campeonato não entende as peculiaridades do estado que tem 853 municípios, não pensa sequer no local da final com antecedência, não interage com o público que vai ao estádio, não otimiza em logística e não busca parcerias de forma conjunta, organizada, ou como dizem, não há links, conexões de ideias. O que poderia ter um bom uso na exposição das marcas de Atlético, Cruzeiro e América, fica enfadonho e não leva a quase nada.
No fim, o torcedor “empurra com a barriga”. Assiste aos jogos que filmam barrancos e pastos e dá o seguinte recado econômico: “Só pago dez real!” O plural seria um excedente absurdo para quem faz de um campeonato tradicional e importante, uma chatice tamanha, sem criatividade, até chegar ao jogo da taça.
O show é ruim, vale R$10,00 para o torcedor, 10% de cada partida para a FMF, com 25% de ocupação, média de 5,4 mil pagantes por partida e empurramos com “catchup” até a final!