Austeridade x lucratividade: uma análise de todas as contratações da “era” Sérgio Sette Câmara
Malu Precioso
10/02/2020 – 08h00
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Muito se fala da montagem de elenco em 2020 e do perfil que o presidente Sérgio Sette Câmara e o diretor de futebol Rui Costa estão procurando.
Depois de dois anos de austeridade vazia, com poucos jogadores sendo vendidos e muitos chegando, mesmo que a maioria sem custos, o elenco do Galo não estabeleceu uma base e ficou refém de atletas limitados e/ou pouco comprometidos com o grupo.
Alguns torcedores, nessa situação, preferem apostar na experiência: um jogador mais velho tem mais “maldade” e sabe lidar com situações críticas, pois, em teoria, tem mais “maturidade esportiva”.
Outros — e eu sou um deles — veem a salvação do Atlético na mão de jogadores jovens e promissores, que tem alto valor de mercado e podem agregar em “ousadia e alegria”. Aparentemente, em 2020 é esse o core das contratações.
Austeridade x Qualidade
Não vou me estender antes do mandato de Sette Câmara, então começo minha jornada em 2018. Foram 14 contratações apenas no mês de janeiro — mais de um time inteiro de “reforços”.
Se eu citar os nomes, vocês entenderão o título desse tópico. O investimento em 21 atletas foi muito baixo — e isso não quer dizer que valeu a pena. Eles são: Maidana, Martin Rea, Juninho, Arouca, Samuel Xavier, Kevin (o lateral-esquerdo da base), Emerson, Tomás Andrade, Matheus Galdezani, David Terans, Leandrinho, Ricardo Oliveira, Roger Guedes, Erik e Chará. Ao longo do ano ainda chegaram Nathan, Denilson, Edinho e Zé Welison.
De todos eles, apenas 6 continuam no clube 2 anos depois. Kevin, de 19 anos, permanece no time sub-20 e é tido como promessa da lateral. Maidana não conseguiu se manter titular, Zé Welison está sendo utilizado agora em um esquema de 3 volantes, Nathan não tem uma posição específica, Edinho que voltou de empréstimo agora e Ricardo Oliveira está fazendo aniversário da última vez que marcou gol.
Dos 15 que saíram, apenas 3 não deram prejuízo: Chará saiu para a MLS pelo mesmo preço que foi comprado, Emerson foi vendido ao Barcelona e emprestado ao Betis e Roger Guedes saiu para a China e o Galo recebeu uma porcentagem de vitrine (o jogador pertencia ao Palmeiras).
Dá para entender porque a austeridade no primeiro ano foi um fracasso, certo?
Ídolos x Promessas
O ano de 2019 foi marcado por um “balanço” melhor sobre as contratações. O retorno do capitão da Libertadores de 2013 voltou com um novo companheiro de zaga: o zagueiro mais promissor do Brasil na época, Igor Rabello.
Ainda mais defensores chegaram: Jair e Guga também começaram a treinar na Cidade do Galo com Vinícius, Maicon e Papagaio. Notaram alguma coisa em comum com o ano anterior? Metade desses jogadores não estão mais no Atlético ou não estão sendo aproveitados.
No meio do ano, mais investimentos errados: Wilson para tapar o buraco deixado pela lesão de Victor e convocações de Cleiton, Di Santo, Geuvânio, Lucas Hernández e Ramon Martínez. Os dois últimos foram investimentos caríssimos que não deram nenhum retorno.
Investimento x Revenda
Estamos em 2020 e já percebemos uma mudança drástica no perfil de contratação. Seja por uma reeleição ou pela construção de um estádio, pela primeira vez na era Sette Câmara vemos um time que briga por grandes contratações no mercado.
De 21 no primeiro ano, chegamos no último com apenas 6 (até a finalização deste texto). O perfil é claro: jogadores jovens, promissores e com um valor de revenda maior que o de compra.
O primeiro reforço de peso eu vou colocar como Rafael Dudamel. É o décimo em 4 anos, mas a filosofia das contratações reflete na experiência do técnico: o venezuelano já treinou as seleções sub-17 e sub-20 do país, além da principal.
Em campo, temos Maílton (21), Dylan Borrero (18), Hyoran (26), Allan (22), Arana (22) e Savarino (23). Pela idade, dá para perceber que são jogadores de revenda (Hyoran é o único que foge um pouco do padrão e tem contrato de empréstimo, não de compra).
E ainda falta um venezuelano: se for confirmado, Soteldo é mais um jogador de 22 anos que pode ser revendido por um valor muito superior pelo qual está sendo comprado.
O que vocês acham de um elenco escalado com: Michael (24); Mailton (22), Rabello (24), Gabriel (24), Arana (22); Jair (25), Allan (22); Borrero (18), Savarino (23), Marquinhos (20), Felipe (17)? Temos nas mãos um time competitivo com uma média de idade de 21 anos!
Será que finalmente a austeridade vai dar certo? O Atlético finalmente vai se tornar um time que vende mais e compra menos? O ano está apenas começando. Os frutos serão colhidos daqui a 2 ou 3 temporadas.
Tudo tem que ter um início, certo?
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