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Gestão alvinegra: Cadê os R$ 6 milhões que deveriam estar aqui?

Foto: Reprodução Internet

 

Prof Denílson Rocha
08/07/2020 – 11:40
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A live do FalaGalo no último dia 03 de julho debateu o balanço do Atlético relativo ao ano de 2019. Os números já tinham sido exaustivamente discutidos e eram conhecidos pela maioria da torcida Atleticana, mas havia uma dúvida que merecia maior atenção. Em caso de dúvida, não se faz crítica ou elogio, não se tenta adivinhar nem tirar conclusões. É necessário ter a responsabilidade para buscar explicações.

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As demonstrações financeiras do Atlético publicadas em 30 de junho traziam, na nota explicativa 28, de “eventos subsequentes”, o item “b” que descreve a “venda parcial do Shopping Center Diamond Mall”, com o seguinte texto: “Em 03 de julho de 2017, o conselho deliberativo do Clube Atlético Mineiro e a MULTIPLAN Empreendimentos Imobiliários S.A. aprovaram a proposta de venda parcial do Shopping Center Diamond Mall, na qual o Clube detinha 100% e nessa operação cedeu 50,1%. No dia 20 de janeiro de 2020, as partes oficializaram o acordo parcial de venda, contemplando o desembolso da Multiplan de R$268 milhões, sendo R$ 297 milhões o valor atualizado na data do fechamento da operação. Desse montante, R$6 milhões já foram pagos”.

Então, a dúvida: quando foram pagos os R$ 6 milhões e como foram registrados nas demonstrações contábeis?

Se a venda do patrimônio foi aprovada em 2017 e o balanço 2019 descreve apenas que os “R$ 6 milhões já foram pagos”, então, o valor deveria constar do balanço 2017 ou 2018. O FalaGalo fez a avaliação das demonstrações contábeis dos dois períodos e não encontrou o registro desta transação.

Se não encontramos o valor nos documentos de quem vendeu (o Atlético), pesquisamos as informações com quem comprou (a Multiplan).

Em 21 de janeiro de 2020, a Multiplan publicou “Comunicado ao Mercado”, descrevendo as condições da compra do Shopping Diamond Mall. Como empresa listada em bolsa de valores, é obrigação que faça a divulgação de “fatos relevantes” para que os investidores possam ter ciência quanto ao que ocorre na organização. O documento apresenta o seguinte texto: “O valor da aquisição atualizado é de R$296,8 milhões, sendo pago 10% do total em até 45 dias a partir da data de assinatura da escritura e o saldo remanescente parcelado ao longo de três anos e indexado pela variação da taxa CDI.” Ou seja, este documento da Multiplan não faz qualquer referência a R$ 6 milhões já pagos. Porém, as demonstrações contábeis da empresa, disponibilizadas em março de 2020, com parecer dos auditores da EY, trazem, na descrição de “eventos subsequentes”, informação similar a apresentada pelo Atlético, com o montante pouco superior a 5,9 milhões já pagos, também sem identificação de quando tal movimentação foi realizada. Ou seja, os documentos da Multiplan trazem mais dúvidas que respostas. Os valores foram pagos ou não? E se foram pagos, quando isso ocorreu?

O que parece ser algo simples pode ter desdobramentos bastante complexos com impactos em todas as avaliações financeiras do Galo em relação aos últimos anos.

O FalaGalo buscou, então, algumas pessoas no Atlético para que pudessem sanar as dúvidas quanto ao caso. Porém, o máximo que se conseguiu de resposta foi que “explicaremos somente aos conselheiros”. Ou seja, mais uma vez, o discurso de transparência não se faz presente.

É importante ressaltar que não há qualquer questionamento quanto à possibilidade de qualquer irregularidade no caso. Não há qualquer questionamento quanto a legalidade ou moralidade. Não há, portanto, juízo de valor. A dúvida está pautada exclusivamente no princípio da transparência, que consideramos essencial a uma venda de patrimônio tão relevante para história do Atlético.

Caso a direção do Atlético deseje se manifestar, este espaço está como sempre esteve, aberto para esclarecer onde estariam então estes R$ 6 milhões.