Atlético procura técnico pelo LinkedIn

 

Silas Gouveia
Do Fala Galo
16/12/2019 – 10h42
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Desde o começo da “Era Kalil” o Galo vem se tornando uma máquina de triturar técnicos. Temos uma média de quase três técnicos por temporada. Mas o mais desestimulante é pensar que nesses anos todos, mesmo entre os técnicos que obtiveram êxito e trouxeram títulos para o clube, não há um perfil semelhante ao outro na busca desse profissional quando se vai contratar. Vamos do perfil “retranca” ao perfil “Galo doido” com a mesma desenvoltura como trocamos de roupas no dia a dia.

O resultado disso são, em geral, as famosas “barcas” de jogadores contratados a cada técnico que chega e um acúmulo de dívidas e despesas trabalhistas com jogadores que muitas vezes sequer teriam condições de vestir a camisa do clube. Claro que somado a isso a interferência ou o pagamento de “favores” a empresários credores do Galo também contribuem para este inchaço e desperdício de energias com atletas sem a menor condição de jogar por aqui.

Nem mesmo a chegada do Rui Costa, que todos diziam ser diferente dos demais e um cara com visão de futuro, que privilegia a construção de uma identidade de estilo, ou um padrão de jogo, melhorou este cenário. Continuamos na mesma toada de sempre, parece que continuamos vivendo de resultados e imediatismo. Não há, aparentemente, um planejamento razoável, principalmente neste período mais recente do clube. Mesmo quando vencemos a Libertadores o excesso de jogadores e o acúmulo de dívidas com despesas salariais e trabalhistas foram enormes, tanto que até hoje algumas delas estão sem pagar.

Hoje em dia, na atual gestão administrativa do Galo, a torcida sente um amadorismo total quando são tratadas as questões relativas à contratação ou manutenção de técnicos. Não há o menor critério para se pensar numa contratação deste profissional. Não se preocupam com o que se tem de elenco, com os poucos padrões já atingidos, tampouco em tentar buscar um nome que possa construir algo mais duradouro dentro do clube.

Com isso, vemos nomes como os de Jorginho, Luxemburgo, Carille e Sampaoli sendo cogitados para substituir um técnico que veio como “tampão” a um técnico inexperiente mas alçado ao cargo principal do clube, para cobrir a saída de outro técnico que já estaria aposentado caso não viesse pro Galo. Mancini veio há dois meses, sabedor de que seu prazo de validade seria de apenas dois meses no cargo. Haveria de se pensar então que desde sua contratação o clube já estaria se preparando e negociando com algum técnico capaz de substituí-lo e levar o time para o caminho das vitórias em 2020. Mas, para a surpresa de todos, o que estamos vendo é um clube mais uma vez perdido em suas opções de escolha. Pior que isso é que nos nomes que vêm sendo cogitados, nota-se que eles não guardam relação alguma em seus estilos de trabalho, tampouco com as características básicas do atual elenco, embora haja promessas de mudanças profundas do mesmo.

Aquela rejeição ou resistência a nomes de técnicos estrangeiros, tão firmemente defendida por alguns diretores do Galo, parece que aos poucos vem caindo. Talvez isso possa ter mudado, sob a influência do excelente trabalho apresentado pelo técnico do Flamengo na atual temporada. Afinal, o idealizador da vinda de Jorge Jesus para o Brasil foi Ricardo Guimarães. Alguma influência este ainda têm no Galo, não é mesmo?

A contratação do Rui Costa soava como um raro momento de lucidez dentro do clube, mas as primeiras contratações do atual diretor, deixou a torcida ainda mais desanimada com o futuro do Galo a partir de 2020. Há, contudo, de se esperar um pouco mais para avaliarmos com mais critério o trabalho de Rui Costa, mas a turma anda cada vez mais desconfiada de sua capacidade de trabalho para chefiar a principal atividade do Galo. Suas primeiras contratações depois que chegou ao clube ainda causam uma certa revolta e indignação por grande parte da torcida.

Já estamos na metade do último mês do ano. Hoje, 16/12/19, haverá reunião do Conselho Deliberativo do CAM para apreciação e votação do Orçamento de 2020. Uma preocupação que atinge a todos é o fato de se apresentar o planejamento para o próximo ano, sem sequer saber qual técnico estará à frente da equipe. Não se sabe quais serão as necessidades ou exigências do novo comandante para se montar uma equipe competidora para o próximo ano. Mas isso parece não preocupar os dirigentes alvinegros, que devem pensar que qualquer um serve, desde que não incomode muito e não faça exigência alguma em termos de contratações, assim como foi no período em que Rodrigo Santana foi o técnico. 

Quando será que nós torcedores poderemos sonhar que um dia a diretoria do Galo pense um pouquinho maior, tenha um pouquinho mais de ambição e se preocupe mais com o carro chefe do clube, que é o futebol? Seríamos, a partir daí, certamente contemplados com análises e avaliações de mercado para contratação de profissionais que de fato pudessem trazer algo mais duradouro em termos de filosofia de trabalho, implantação de metodologias de avaliações, definição de perfis de atletas e de comissão técnica e, principalmente, visão de mercado para o trato da instituição.

Sonhamos com Sampaoli e corremos o risco de acordar com Enderson Moreira. Sem demérito algum ao Enderson, mas vislumbrando tão somente a discrepância de estilos. Parece de fato que o Galo busca técnicos consultando os perfis do LinkedIn.