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Orçamento do Atlético para 2022: Avaliações preliminares

Foto: Reprodução
Por: Prof Denílson Rocha

O Fala Galo teve acesso ao orçamento do Atlético para 2022, enviado aos conselheiros e que será apreciado em reunião do Conselho Deliberativo em 21 de dezembro de 2021.

Como já avaliamos nos últimos anos, parece que a Direção do Clube passou a adotar critérios mais reais para elaboração da peça de planejamento e fez um orçamento bastante prudente e possível de ser superado. O documento vir com a “chancela” da colaboração da Ernst & Young para elaboração já passa uma imagem de busca de maior credibilidade.

Chama atenção a previsão de mais de R$ 800 milhões em receitas, mais que dobrando os R$ 400 milhões previstos para 2021. Mas como é possível tamanho crescimento?

Inicialmente, o efetivamente arrecadado pelo Galo em 2021 deve ficar próximo aos R$ 500 milhões. Uma realização bastante superior ao previsto. E aí que se pode considerar o orçamento 2022 até prudente. Vamos aos números:

  1. Bilheteria: salta de R$ 19 milhões em 2021 para R$ 53 milhões em 2022. Mas é importante considerar que o Clube fechou o ano com R$ 47 milhões arrecadados, com menos da metade dos jogos previstos para o próximo ano.
  2. TV e premiações: a previsão para 2022 é R$ 20 milhões inferior a prevista para 2021. Mas é preciso destacar que houve um saldo de 2020, o que aumentou o esperado para 2021. De qualquer forma, para atingir o valor previsto, o Atlético não considera vencer torneios – o que é muito correto como planejamento. Assim, se vir a vencê-los (e é o que esperamos), permite superávit como foi neste ano.
  3. Galo na Veia: ainda tem números abaixo do que poderia realizar. Mas a previsão de R$ 30 milhões é a maior já registrada e é bastante possível de ser alcançada com o crescimento significativo de sócios em 2021.
  4. Patrocínios: são um caso à parte. O Atlético deu um saldo no ano de 2021, saindo de uma previsão de R$ 22 milhões para uma realização (segundo o Globoesporte.com) superior a R$ 60 milhões. Assim, a previsão de R$ 52 milhões para 2022 é bastante prudente.
  5. Venda de atletas: Ainda que não tenha alcançado os R$ 120 milhões previstos para 2021, o Galo espera arrecadar R$ 140 milhões no próximo ano. O número parece factível pois o elenco se valorizou bastante com a conquista de títulos e há vários atletas com perfil adequado para vendas ao mercado europeu.

Há, ainda, outras receitas menos significativas, como clubes, o Manto da Massa ou loterias, que mantém patamares próximos aos realizados em 2021.

Nas despesas, há um aumento no investimento no futebol, com aumento de R$ 172 milhões para R$ 231 milhões nos custos de pessoal, direito de imagem e comissões. Outro valor que aumenta bastante é o de “custos com atividade de futebol”, mas é preciso ressaltar que este valor inclui muitos itens com representação contábil, como amortização de ativos intangíveis (atletas). Todas as demais despesas apresentam variações que somente fazem a atualização monetária (inflação).

Mas há dois pontos que merecem muita atenção:

  1. As receitas e despesas financeiras: é onde são colocados os registros de pagamento de juros, por exemplo. Porém, para 2022, o Atlético espera ter resultado POSITIVO neste quesito. Como? Com acordos e renegociações que permitam registrar ganhos financeiros.
  2. As receitas patrimoniais: os R$ 350 milhões registrados nessa conta podem parecer, a princípio, simples movimentação contábil de variações da avaliação do patrimônio. Tanto que a projeção da “demonstração de resultados” mostra a receita e a despesa do mesmo valor. Porém, ao avaliar projeção do fluxo de caixa, observa-se apenas a entrada do recurso. Ou seja, o Atlético dá indícios que fará a VENDA de algum patrimônio no próximo ano.

Ainda na projeção de caixa, é importante ressaltar que o Atlético não prevê a tomada de novos empréstimos e, ao mesmo tempo, projeta o pagamento de mais de R$ 260 milhões de empréstimos, além de mais de R$ 116 milhões de dívidas com outros clubes. Ou seja, uma redução de mais de R$ 380 milhões no endividamento, SEM COMPROMETER O INVESTIMENTO NO FUTEBOL.

A crítica ao documento fica na (mais uma vez) por pecar em partes essenciais para dar maior transparência. O “custo patrimonial” de R$ 350 milhões deveria vir com as explicações no item 2.3. Porém, o documento não traz este detalhamento, o que impede de conhecer como o Atlético pretende utilizar os recursos patrimoniais. 

Para quem acompanhou o Galo Business Day e vem monitorando as ações do Atlético, não há surpresas. O Galo avança em sua reestruturação dentro e fora do campo. Os resultados começam a aparecer e o horizonte vai se mostrando mais promissor.