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Crônicas do torcedor: O dia que quase me ferrei pelo título

 

 

Ludmila Palhares
23/06/2020 – 04h00
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Foto: Reprodução / Instagram

Essa foto tem uma história interessante: tirada na quinta-feira, dia seguinte após o título do Galo pela Copa do Brasil, em 2014. Eu tinha uma audiência no fórum às 13 horas (TREZE HORAS) e precisei segurar a comemoração da véspera por isso.

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O problema é que estava eufórica e a cidade em festa decretava “ponto facultativo”, sem de fato ser. Impossibilitada de expressar abertamente minha alegria, fiz algo juridicamente “inusitado”: coloquei o terninho, o saltão e vesti a camisa do GALO por debaixo do paletó.

Quem conhece a praxe forense sabe que camisa de time de futebol NÃO é aceita na realização de audiências, conforme o Estatuto da OAB; ou seja, usar o manto poderia me trazer problemas. Num ato de insanidade fechei o blazer, coloquei uma echarpe (que calor), para cumprir o protocolo de apresentação.

Só conseguia pensar como aquele dia era importante para não ostentar na pele o escudo alvinegro! Não levei outra camisa ou um plano B: saí de casa com a cara, o orgulho e o medo de talvez não poder praticar aquele ato. Antes, fiz esse registro e fui ter-me com a sorte.

A audiência seria a primeira da pauta, mas a juíza não chegava. Meu colega adverso só reclamava do caos que tinha tomado conta da cidade por causa do título atleticano. Não pude responde-lo na hora porque a camisa denunciava a quebra do protocolo. Parecia que todos podiam vê-la.

Demorou uma eternidade até a chegada da juíza que desculpou-se por causa do trânsito. Na presença da magistrada, mais uma vez o colega insistiu em repudiar as comemorações que “atrapalhavam a boa ordem de quem queria trabalhar”. Nesse momento a juíza lhe disse: “Deixe o povo comemorar! Se fosse seu time, vc também estaria nas ruas”. Essa resposta inusitada foi determinante para o silêncio do advogado sobre o tema.

Sem acordo entre as partes, foi declarado o fim da conciliação. A grande sensação de alívio por chegar até ali impune, me fez repentinamente abrir aquele paletó na presença de todos como num ato de libertação. Sem avaliar o devaneio do gesto, cumprimentei cada um sem nada declarar.
Foi então que a nobre juíza proferiu o melhor despacho do dia: “Dra, a rua lhe espera, vá comemorar!”