Sobrevivência estrangeira: os desafios de Rafael Dudamel no comando do Atlético
Bruna Vargas e Aline Cristina
Do Fala Galo
13/01/2020 – 14h16
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“Após quatro anos, o Atlético volta a apostar novamente em um técnico estrangeiro.”
Os técnicos estrangeiros estão em alta no futebol brasileiro em 2020. Jorge Jesus dá continuidade ao seu belo trabalho no Flamengo e Jesualdo Ferreira, também português, é o novo treinador do Santos. O argentino Eduardo Coudet, do Internacional e o venezuelano Rafael Dudamel, do Galo, fecham essa lista. Apesar do bom momento no mercado do Brasil, a média de trabalho dos técnicos estrangeiros no país é baixa: apenas cinco meses e meio no cargo.
A vez de Dudamel
Rafael Dudamel chega ao Atlético sendo o primeiro venezuelano a frente do alvinegro em toda a história. Ele tem o desafio de se manter no cargo e fugir da feroz máquina de treinadores.
Sendo o 12° estrangeiro a dirigir o Galo, Dudamel chega para um trabalho longevo, com contrato de dois anos, e com a confiança da diretoria para dar seguimento. Mas se dentro do Atlético o novo treinador tem o aval para trabalhar, seu maior “adversário” mora na arquibancada: a torcida. A Massa, conhecida por cobrar bastante, terá que ter paciência se quiser colher os frutos do trabalho do treinador. Um dos seus maiores desafios no time mineiro será lidar com esse imediatismo da torcida atleticana.
Se por um lado, encarar a torcida é um grande desafio, por outro lado Dudamel segue tranquilo, já que a diretoria alvinegra segue trabalhando e trazendo grandes nomes para Belo Horizonte. Ademais, a média de idade do elenco também será reduzida com jogadores mais jovens e promissores. Fato que é uma velha reclamação dos antigos trabalhos e pode fazer a diferença nas mãos do venezuelano. De seus 11 antecessores estrangeiros, apenas quatro conquistaram títulos no time mineiro.
Com boas peças e a torcida jogando junto, El Professor, como ele foi carinhosamente apelidado, tem boas chances de fazer história no Atlético, e ser a exceção dessa regra que derruba treinadores precocemente no clube de Lourdes.
A última experiência foi na rápida passagem do uruguaio Diego Aguirre
Aguirre dirigiu o time do Atlético de janeiro a maio de 2016. Em oito meses no Internacional, em 2015, venceu apenas o Campeonato Gaúcho. Após ser demitido do colorado, veio como aposta do presidente Daniel Nepomuceno, substituindo Levir Culpi.
No comando do Atlético, o treinador foi campeão em sua primeira disputa. Após derrotar Shalke 04 e Corinthians, o alvinegro venceu o campeonato da Flórida Cup, nos Estados Unidos. O torneio acontece durante a pré-temporada do futebol no Brasil.
Mas a partir daí o time do uruguaio não teve muito sucesso e apenas viveu de lampejos. Após cair na primeira fase da Primeira Liga, perder o título do Campeonato Mineiro para o América e ver o sonho da Libertadores deixar de existir nas quartas de finais contra o São Paulo, o treinador pediu demissão do comando do Atlético.
Características marcantes do treinador podem ter levado a sua saída precoce. Aguirre era adepto do famoso “rodízio”, permitindo um novo time a cada apresentação. As substituições sem nexo, insistências em jogadores que não rendiam e improvisos dos demais em outras posições também deixavam o time sem uma estrutura fixa.
Apesar de tudo isso, o time de Diego Aguirre teve algumas boas atuações e chegou a agradar boa parte da torcida, mas acabou se perdendo no meio do caminho. A ausência de Cazares em jogos importantes da Libertadores, por indisciplina também podem ter agregado para esse fim prematuro do treinador frente ao Galo. O uruguaio deixou a equipe após 31 partidas, contabilizando 16 vitórias, sete empates e oito derrotas.
Para alguns, ele foi queimado pela torcida. Para outros responsabilizado pelas escolhas que tomou. Mas o fato é que o técnico faz parte da estatística assustadora que assombra o Atlético: já são 14 técnicos nos últimos quatro anos.
Lista de treinadores estrangeiros do Atlético
Diego Aguirre – uruguaio (2016)
31 jogos: 16 vitórias, sete empates e oito derrotas.
Darío Pereyra – uruguaio (1999)
40 jogos: 21 vitórias, oito empates e 11 derrotas.
Título: Campeonato Mineiro (1999).
Walter Olivera – uruguaio (1985)
21 jogos: nove vitórias, 11 empates e uma derrota.
Título: Campeonato Mineiro (1985).
Fleitas Solich – paraguaio (1967-1968)
49 jogos: 30 vitórias, 10 empates e nove derrotas.
Ondino Viera – uruguaio (1954-1955)
42 jogos: 26 vitórias, oito empates e oito derrotas.
Ricardo Díez – uruguaio (1950-1951, 1955-1956 e 1958-1959)
171 jogos: 104 vitórias, 33 empates e 34 derrotas.
Títulos: Campeonato do Gelo (1950) e Campeonato Mineiro (1954 e 1955).
Darío Letona – peruano (1947)
4 jogos: 3 vitórias e um empate.
Felix Magno – uruguaio (1946-1948)
105 jogos: 69 vitórias, 19 empates e 17 derrotas.
Títulos: Mineiro (1946 e 1947).
Ignác Amsel – húngaro (1945)
10 jogos: quatro vitórias e seis derrotas.
Gregório Suárez – argentino (1944)
16 jogos: 10 vitórias, quatro empates e duas derrotas.
A primeira impressão é a que fica…
O venezuelano de 47 anos terá 13 dias de pré-temporada, antes da sua estreia no campeonato Mineiro, que será dia 21/01 contra o Uberlândia.
Na sua coletiva de apresentação, Dudamel se empolgou. Falando um espanhol pausado e tranquilo, ele demonstrou que sabe as dificuldades que irá enfrentar, que conhece as limitações da equipe e o mais importante, se mostrou disposta a trabalhar. Quer um time mais jovem, com DNA vencedor e jogadores que entendam a grandeza do Galo. Atletas que joguem para o coletivo, jogador individualista, com ele, não terá vez.
Nos treinamentos ainda não dá para ver o “dedo” do treinador no time, afinal tem uma semana no comando da equipe, que ainda realiza exames médicos. O que se pede é paciência, da diretoria e dos torcedores, para que ele consiga implantar sua filosofia de trabalho. Não dá mais para continuar com essa dança de técnicos, é hora de deixar o Duda trabalhar. São 13 dias de pré-temporada e 13 é Galo!