Em tarde de apresentações, Atlético é derrotado pela Caldense no Mineirão
Carol Castilho
17/02/2020 – 07h30
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Era para ter sido uma tarde linda no Estádio Governador Magalhães Pinto, vulgo Mineirão, pois motivos não faltavam. Veja bem: primeira partida do ano no Salão de Festas, apresentação de Diego Tardelli, estreia de Savarino, retorno do goleiro Victor, a presença do time feminino do Atlético e claro, esperávamos uma evolução do time. Mas, infelizmente, nada disso aconteceu!
Público baixo, cerca de 14.757 pessoas presentes, praticamente nenhuma evolução tática e postura no time, insistência com jogadores que são abaixo da crítica e claro, não há como não mencionar o comportamento deselegante do “GALO DOIDO” com uma das jogadoras do Galo Feminino.
Quem vai discutir comigo sobre esse domingo desastroso são as torcedoras Andyara Martins, Luíza Dornas, Lorena Amaro e Whitney Santos. Vem com a gente em mais uma edição da ARQUIBANCADA FEMININA.
A Jornalista Luiza Dornas faz uma análise do 1° tempo e acredita que tudo pode ser ajustado: “O Atlético teve um primeiro tempo relativamente bom. Apesar de sofrermos o gol aos 18 minutos, grandes chances de empate foram criadas ainda no primeiro tempo, estivemos por diversas vezes cara a cara com o gol. O pior momento, com certeza, foi o gol da Caldense. Destaco também as chances perdidas de gol: fizeram parte dos bons e dos piores momentos deste primeiro tempo.
Tenho fé que o time pode ser ajustado. É preciso que tenhamos paciência para que as peças se encaixem com maestria e para que tenhamos um time bem preparado. Na minha opinião, o Campeonato Mineiro serve para que o time teste seus jogadores, estude as possibilidades. O jogo da Sul-Americana é um jogo sério, onde precisamos da vitória. É importantíssimo que até lá tenhamos um time bem encaixado. Acredito que os jogadores foram testados e que Dudamel irá escalar o time com as peças certas para que tenhamos um resultado favorável na quinta feira”.
A publicitária Lorena Amaro faz uma analise do 2° tempo do Galo e tenta justificar porque Dudamel insiste com Di Santo e Zé Welison: “Do céu ao inferno, vejo bem assim o segundo tempo do Galo. O time voltou do intervalo ofensivo. Apesar da notável falta de entrosamento em algumas áreas do campo, alguns jogadores estavam se destacando mais. Patric, que já vinha de um primeiro tempo de inúmeras tentativas, continuava participando das jogadas. No meio desse bate e rebate, aparecia o Nathan um pouco mais entrosado com Hyoran, levando mais perigo. O gol veio no tempo certo e o Galo tinha tudo para conseguir virar o jogo e ir pra cima, mas na sequencia houve a substituição do Nathan que, para mim, foi o ponto chave para a derrota. A revolta da torcida foi geral, e apesar do Di Santo não ter conquistado a Massa ainda, o fato maior estava na partida que o Nathan vinha desenvolvendo, não exatamente em ele ser substituído pelo Di Santo. Agora, vamos pular para os próximos minutos, entra Otero no lugar do Ricardo Oliveira, logo na sequência tivemos três faltas para o Galo. É aquele momento em que todo atleticano pensa ‘,amém, Otero tá em campo’, mas as expectativas não foram atendidas como esperávamos e o pior aconteceu. Daí pra frente todo mundo já sabe o final, principalmente por não haver mais tempo para reação.
Eu prefiro acreditar que o Dudamel está testando tudo o que for possível, e acho que ele realmente acredita que o Zé Welison precisa mostra a que veio, mas ele esquece que a torcida já viu o que tinha para ver. Zé não é um novo jogador que a torcida está conhecendo, já não há mais paciência para alguns erros técnicos e quando erra não há mais perdão. Para o Dudamel, TUDO é novo, ele precisa avaliar melhor e mais friamente os posicionamentos e substituições, tem hora que não faz sentido algum o que ele está fazendo ou tentando fazer. Isso pode parecer para o torcedor exatamente isso, um desconhecimento do elenco ou em alguns casos até um questionamento sobre o seu conhecimento em futebol”.
A torcedora Whitney Santos cita as substituições erradas feitas pelo técnico Rafael Dudamel: “Não foi inteligente, principalmente em colocar o Di Santo em uma posição que não é a dele, mostrou um desespero em deixar dois centroavantes em campo (ainda mais que nenhum dos dois vem apresentando um bom futebol), também errou ao tirar o Nathan ao invés do Zé Welison, que fez uma péssima partida. Resumidamente, o Galo apresentou uma melhora nas trocas de base, mas ainda carece nas finalizações. Dudamel, não me parece um tipo de treinador paciente, mas acho que no caso de Di Santo era falta de opção, vamos aguardar como será com a chegada do Tardelli. E sobre Zé, ainda não vejo motivos. Mas sem duvidas não podemos continuar com eles no time principal”.
MELHORES EM CAMPO: Nathan e Arana
PIORES EM CAMPO: Zé Welison, Patric
A torcedora Andyara Martins discute se o Campeonato Mineiro pode ser usado como teste e fala da postura do jovem Marquinhos: “Concordo em utilizar o Mineiro para testes. Mas o tempo é curto e no Brasil cobram-se resultados. Ele deverá já treinar o time principal algumas vezes no Mineiro para ter liga. A Copa Sul-Americana está aí e já saímos em desvantagem. Assim, se não trabalhar em campo o time titular não estará pronto em nenhuma partida principal, como o segundo jogo da própria Sul-Americana. Marquinhos é um jovem jogador que foi afoito no lance. Dudamel trabalhou com a categoria de jovens na Seleção da Venezuela, então saberá dar o discernimento a ele. Os erros são para ajudar e este irá amadurecê-lo”.
ARQUIBANCADA FEMININA
Infelizmente o jogo deste domingo foi marcado por um episódio totalmente desnecessário com o time feminino do Galo. Algumas pessoas enxergaram machismo e tacharam como assédio as atitudes tanto da torcida quanto do mascote do time, o Galo Doido. Confira o posicionamento das torcedoras sobre esse fato desagradável.
Sobre o episódio ocorrido na tarde de ontem, envolvendo a atleta Vitória Calhau, o Atlético lamenta e repudia o comportamento do funcionário, que foi sumariamente afastado.
Pedimos desculpas à atleta, às demais jogadoras e a todas as torcedoras e torcedores pelo lamentável ato. pic.twitter.com/eLyLnyH38h
— Atlético (@Atletico) February 17, 2020
LUIZA DORNAS: “A mulher no futebol sofre preconceito. Seja ela na arquibancada, na mídia ou na posse da bola. Porém, pode-se enxergar um avanço com relação a isso. Vemos cada vez mais mulheres ocupando lugares onde, antigamente, homens ocupavam. As jogadoras, carinhosamente chamadas de meninas do Galo, merecem respeito, assim como qualquer pessoa. Elas estão ali a serviço e, mesmo se não estivessem, os torcedores não têm o direito de cantar qualquer tipo de coisa que as deixe incomodadas. As meninas estão ali para representar a instituição Clube Atlético Mineiro. São jogadoras assim como os profissionais ou como os meninos da base. Acredito que isso não aconteceria caso fossem homens apresentados. Estive em meio a torcida hoje e, além de não cantar, senti vergonha.”
LORENA AMARO: “A repercussão sobre isso ficou entre as pessoas que acham que chamar uma mulher de “gostosa” é um elogio, outros que disseram que não eram para as jogadoras, mas sim para as mulheres representando a Auto Truck, e aqueles que reprimiram veemente a atitude da torcida. O assunto é polêmico, principalmente porque não são somente homens que continuam enxergando essas coisas com normalidade, temos mulheres apoiando que tudo isso é ‘mimimi’ e ‘lacração’. Resolvi engrossar o caldo com uma outra observação que passou um pouco despercebida hoje, no momento da apresentação do time feminino em campo, o Galo Doido (mascote do time) vai até uma das meninas e segura a mão dela para que ela dê um giro, depois sai de perto fazendo gestos, completando a sua ‘exibição’ da jogadora. É muito difícil, em uma coluna feminina do Galo, sendo mulher, ter que vir aqui e detalhar o quanto tudo isso me parece errado, o quanto isso reforça a sexualização da mulher, mesmo quando o papel dela naquele ambiente é completamente profissional, mesmo quando a torcida canta como um ‘elogio’, mesmo quando o mascote exibe sem ‘maldade’. São jogadoras do time feminino, são modelos da marca Auto Truck, não são objetos a serem exibidos, não são mercadorias sendo vendidas aos gritos e cânticos. Me desculpe a quem discordar, mas precisamos rever os valores da mulher na sociedade, essa coisa de ‘precisa consultar se elas se ofenderam’ é apenas procurar apoio pra continuar fazendo. Hoje em dia não podemos sequer defender uma mulher que, aparentemente, ficou sem graça com um ato de alguém, parece que só estamos liberados a fazer tal defesa se a mulher se pronunciar. Enquanto isso, ficamos de braços cruzados vendo mulheres se calando, porque é perigoso falar, porque não há espaço e porque isso pode custar seu emprego ou sua posição. Difícil, bem difícil.”
WHITNEY SANTOS: “Sobre o fato dos gritos da torcida, completamente vergonhoso, as mulheres estão ali dando seu melhor para o time, e além de tudo existem mulheres na arquibancada que com certeza não ficaram confortáveis. Não vemos isso com o time masculino, não podemos aceitar machismo em nossa torcida.”
ANDYARA MARTINS: “A canção é uma característica de uma sociedade patriarca na qual vigora nos dias de hoje. A mudança será lenta, principalmente na área futebolística, que é um campo de maioria masculina, mas aos poucos as mulheres estão ocupando seu lugar.
É um desrespeito! Mas acho que o seria para qualquer pessoa que está ali representando o time. Tanto homem ou mulher não se resume ao adjetivo usado,mas são mais do que isto. Tendo cada um a importância no futebol tanto masculino quanto feminino.”
Quero agradecer a colaboração das torcedoras Andyara Martins, Luiza Dornas Lorena Amaro e Whitney Santos. Muito obrigada pelo tempo reservado e análises feitas.