Mais um ano perdido….

 

 

Prof Denílson Rocha
27/02/2020 – 11h18
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Enquanto alguns dizem que o ano começa após o Carnaval, para o Atlético, o ano de 2020 já terminou no Carnaval. Ainda estamos no segundo mês de 2020 e o ano do Atlético já acabou. Parece incrível que, mais uma vez, tenhamos que assistir ao filme de terror cujo roteiro é repleto de erros de planejamento, indefinições quanto a equipe técnica, demora na definição e montagem do elenco e, finalmente, eliminações, frustrações e demissões. Esportivamente, não nos resta esperança de conquistas relevantes em 2020 e financeiramente já temos um orçamento comprometido.

O jornalista Victor Martins abordou como as recentes eliminações comprometem a saúde financeira do Atlético. A previsão orçamentária indicava 39 milhões em receitas de premiações. Porém, fora da Copa do Brasil e da Copa Sul-americana, o número se torna impossível.

Como tratamos neste espaço sobre o orçamento 2020, para atingir os valores previstos, e considerando os valores praticados em 2019, seria necessário classificar às quartas de final tanto da Copa do Brasil quanto da Sul-Americana, além de um oitavo lugar no Campeonato Brasileiro – lembrando que não há premiação no Campeonato Mineiro. Porém, as eliminações vexatórias nas Copas eliminam a maior parte da premiação esperada. Além disso, a premiação do Campeonato Brasileiro deve ser reduzida porque os clubes chegaram a um acordo para nova distribuição, incluindo os clubes rebaixados, o que não ocorreu em 2019. Enfim, temos uma certeza: o Atlético não terá os 39 milhões previstos.

Mas esta é só a consequência direta das eliminações. Há outros problemas…

O Clube ainda previa receitas de 18,5 milhões em bilheteria e 21,5 milhões no Galo na Veia e ambos serão impactados pelas vergonhosas desclassificações.

O efeito na bilheteria começa com a redução no número de jogos. Para cada fase nas Copas, teríamos mais um jogo em Belo Horizonte. E são jogos que se tornam mais rentáveis na medida em que se avança nas competições. Ou seja, para alcançar os 18,5 milhões, será necessário aumentar significativamente a receita de bilheteria no Campeonato Brasileiro. Mas como fazer isso? Só é possível com uma campanha que empolgue a torcida e leve grandes públicos ao Mineirão. Na situação atual, é algo pouco provável de acontecer.

Quanto ao Galo na Veia, já começamos o ano com a expectativa de uma reformulação para atrair novos sócios e ampliar a arrecadação. Porém, a eliminação precoce nas Copas joga uma ducha de água fria no programa de sócios. Afinal, qual a atratividade para a torcida de associar a um Clube que só terá um torneio relevante no resto do ano? Conseguir 21,5 milhões no GNV será uma tarefa das mais difíceis.

Para complicar ainda mais a história, é importante considerar que os preços de ingressos (bilheteria) e os valores dos planos do GNV estão diretamente associados. Um dos elementos que gera atratividade nos programas de sócio-torcedor é oferecer bilhetes por valores inferiores aos que são praticados para os “não-sócios”. E tanto o GNV quanto o valor do ingresso na bilheteria têm relação com a quantidade de jogos como “mandante”.

Vamos a um exemplo: com as Copas do Brasil e Sul-Americana, Brasileiro e Mineiro, era possível prever uma média de 3 jogos em Belo Horizonte a cada mês. Se o GNV custasse 30 reais e o ingresso para o sócio fosse 10 reais, em média, um sócio estaria pagando 20 reais por jogo. Daí, seria possível cobrar do “não-sócio” um ingresso a 25 reais. Entretanto, com as eliminações nas Copas, passamos a ter 2 jogos em Belo Horizonte a cada mês.  Usando os mesmos valores para o GNV (R$30,00) e o ingresso para o sócio (R$10,00), o valor médio para o sócio passaria a 25 reais. Assim, a venda para o “não-sócio” precisaria passar a 30 reais ou mais.  E, novamente, qual a atratividade para torcida pagar ingressos mais caros se só teremos um torneio relevante até o final do ano – e tudo indica que seremos coadjuvantes, mais uma vez?

Engana-se, porém, quem pensa que a causa dos problemas do Atlético é a eliminação nas Copas. O problema não está nos vexames contra Union e Afogados. Já vivemos derrotas trágicas. Já temos em nossa história Raja, Brasiliense e outros times de menor expressão. O problema é não aprender com os erros e buscar correções. Especialmente neste ano, os erros estão escancarados para qualquer pessoa ver: vamos iniciar o mês de março e não temos o elenco definido, não temos um time titular e, obviamente, um modelo de jogo definido. Quem será o goleiro titular em 2020? Quem será o centroavante titular em 2020? E, agora, quem será o “estagiário” que vai comandar o time até outubro (a partir daí já voltaremos à busca de um novo ex-treinador em atividade)?

Para 2020, é juntar os cacos, organizar o que resta e tentar uma campanha minimamente digna no Campeonato Brasileiro. No mais, é começar a pensar em 2021. Será que agora haverá tempo suficiente para um planejamento adequado?