Vexame: Atlético leva 3 na Argentina e se complica muito na Copa Sul-Americana
Jéssica Silva
07/01/2020 – 00h44
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O Galo visitou o Unión de Santa Fé, no estádio 15 de Abril, a fim de construir um bom resultado para trazer ao Independência e alcançar a classificação para a próxima fase da Copa Sul-Americana. No entanto, abusando de desorganização, o time de Dudamel foi amassado pelos donos da casa e viu o sonho da competição continental ficar muito distante.
O treinador atleticano colocou em campo o considerado time titular do Galo. O plano certamente era se segurar ao máximo e impedir que o Unión construísse alguma vantagem, porém, logo aos dois minutos do primeiro tempo, a defesa alvinegra foi superada e viu a equipe do técnico Leonardo Madelón iniciar o que seria um massacre.
Tomar um gol tão cedo com certeza desestabilizou a equipe, mas a postura covarde adotada pelo Atlético durante toda a partida não pode ser justificada. Contando com uma defesa inoperante e jogadores sem poder de combate, o Galo foi facilmente dominado pelo Unión de Santa Fé, que costuma jogar nos erros do adversário, e diante do time atleticano encontrou falhas de sobra para construir um placar praticamente perfeito.
Réver, tão habilidoso em outros tempos, protagonizou lances inacreditáveis na companhia de Gabriel, que também não se salvou. Lento e sem a menor possibilidade de fazer frente aos jogadores adversários, o zagueiro veterano foi facilmente superado e deu a impressão de ser um ex-atleta em atividade, jogando apenas por hobby.
Jair, que não costuma errar, também teve suas ações anuladas pelos jogadores do Unión e foi mais uma presença irrelevante em campo.
Ainda na primeira etapa, Di Santo teve a oportunidade de presentear Hyoran com um gol feito, mas preferiu agir com egoísmo e perder o que seria o empate do Atlético. Nada funcionava para o Galo e, apesar de conseguir ficar com a bola, o time comandado por Dudamel deixou de criar jogadas por falta de qualidade, não chegou ao gol e foi incapaz de apresentar qualquer poder de reação.
A apatia apresentada pelo Galo foi bem aproveitada pelo time argentino e o Unión ampliou ainda no primeiro tempo. Em um contra-ataque fulminante, Cabrera invadiu a área e mandou a bola no ângulo. O que já estava ruim ficou ainda pior e a principal preocupação era, sem dúvidas, o fato de olhar para o banco de reservas e não ver ninguém que pudesse realmente mudar o cenário do jogo
O que vimos foi um show de horrores coletivo. A postura para o segundo tempo deveria ter mudado, já que o prejuízo ainda não era tão grande, mas com a mesma atitude – ou falta dela, o Atlético fez da etapa complementar um novo vexame. Não demorou muito e o Unión transformou sua vantagem em goleada quando Carabajal superou Réver com uma facilidade ridícula e fez cair pela terceira vez a defesa alvinegra.
A temporada mudou, mas os problemas pelos quais o Atlético passa, não. Ainda temos uma equipe covarde e inoperante e, aparentemente, o sofrimento estará presente em 2020, assim como foi nos anos anteriores. Ainda é cedo para julgar com propriedade comissão técnica e jogadores, mas com a postura que vimos ontem não é possível imaginar nada além disso.
A amarga noite em Santa Fé ainda contou com uma penalidade máxima desperdiçado pelo Atlético. Fazer um gol fora de casa poderia amenizar o vexame atleticano, mas Allan bateu mal o pênalti sofrido por Guilherme Arana e, como se não bastasse, ainda foi expulso e está fora da partida de volta, que será disputada na Arena Independência.
Encarar uma partida sem um plano de jogo que passe por um meio de campo bem organizado, construindo jogadas, e possa chegar ao ataque com alguém que chame a responsabilidade é pedir para ser sufocado por qualquer adversário, por mais frágil que seja. O Galo não tem quem pense o jogo, muito menos quem execute as ações da partida. Somando a tudo isso uma defesa omissa é possível entender exatamente o que aconteceu no 15 de Abril.
Apesar de tudo, ter um camisa 10 como Cazares em jogos como este faz uma falta imensa. Já presenciamos muito descompromisso da parte do jogador, mas também sabemos do potencial do equatoriano e o quanto ele seria útil no que terá que ser uma virada épica no próximo dia 20, no Horto. Com a falta de uma cabeça pensante e Cazares sem ocupação, o penalizado nessa história toda é o próprio clube, que sofre com a falta de qualidade no plantel.
O Galo já protagonizou viradas épicas em jogos emocionantes, mas isso aconteceu há muito tempo. Imaginar uma reviravolta como a que precisamos logo no início da temporada, com tanta desorganização, fica muito difícil até para o mais otimista dos atleticanos. Andar ao lado do clube é dever de todo torcedor, mas também não se pode ser inocente o bastante para amenizar o horror vivido pelo Atlético em Santa Fé.
Ao contrário do que muitos disseram, a noite de quinta-feira não deve ser esquecida. O ideal é tomar esta partida vexatória como exemplo do que não pode mais acontecer durante a temporada, já que noventa minutos de uma série de erros fez com que o Galo voltasse para casa praticamente eliminado de uma competição que poderia nos trazer um título internacional, mas agora está longe disso. Mais uma vez, o Atlético se esqueceu da grandeza que tem e se deixou superar por um adversário inferior, complicando assim sua própria trajetória.
UNIÓN-ARG 3 X 0 ATLÉTICO
Unión-ARG
Moyano; Blasi, Calderón, Bottinelli, Corvalán; Cabrera (Bonifacio, aos 32’ do 2ºT), Elias, Méndez, Carabajal (Milo, aos 20’ do 2ºT); Bou (Mazzola, aos 25’ do 2ºT), Troyansky
Técnico: Leonardo Madelón
Atlético
Michael; Mailton, Réver, Gabriel e Fábio Santos (Guilherme Arana, aos 33’ do 2ºT); Zé Welison, Jair (Edinho, aos 12’ do 2ºT) e Allan; Hyoran (Dylan Borrero, aos 29’ do 2ºT), Marquinhos e Franco Di Santo
Técnico: Rafael Dudamel
Gols: Walter Bou, aos 2’, e Cabrera, aos 42’ do 1ºT, Carabajal, aos 6’ do 2ºT (UNI)
Cartão amarelo: Javier Méndez, a 1’, e Blasi, aos 21’ do 2ºT (UNI); Allan, aos 46′ e 48′ do 2ºT (ATL)
Cartão vermelho: Allan, aos 48′ do 2ºT (ATL)
Motivo: partida de ida da primeira fase da Copa Sul-Americana
Local: Estádio 15 de Abril, em Santa Fé, na Argentina
Data e horário: quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020, às 21h30
Árbitro: Jesús Valenzuela (VEN)
Auxiliares: Carlos López (VEN) e Jorge Urrego (VEN)