CPF na nota? Galo vence o rival!
Por Jéssica Silva
Envolvendo o adversário, o Galo venceu o rival pela 13ª rodada do Brasileirão, no Independência, e alcançou a marca de quatro jogos sem sofrer gols.

A lembrança do último jogo do Atlético contra o maior rival não era muito prazerosa. O Galo havia vencido por 2×0, mas o placar não foi o suficiente para nos classificar na Copa do Brasil e o triunfo teve um gosto amargo de derrota. Ontem, no entanto, a vitória pelo mesmo placar nos manteve na parte de cima da tabela e deixou o segundo time de Minas na zona de rebaixamento.
É comum que o time de Mano Menezes deixe os adversários com maior posse de bola e aposte em contra-ataques, mas ontem foi o dia em que o treinador retranqueiro provou do seu próprio veneno. Rodrigo Santana optou por deixar o rival com a bola na maior parte do tempo, a fim de fazê-lo sair para o jogo e proporcionar espaços para que o Galo pudesse chegar à sua área mais facilmente, o que funcionou exatamente como o esperado.
Ultimamente tem sido comum ver o Galo dominando as partidas, criando muitas oportunidades, mas não sendo muito objetivo. No clássico, quando decidiu não priorizar a posse de bola e sim a efetividade de suas ações, o Atlético fez com que o rival sofresse com lances de perigo.
À medida que ficava com a bola e ainda assim via o Galo ser mais efetivo, o rival se comportava como quem não sabia o que fazer. O jogo do 17° colocado do Brasileirão normalmente é o contrário do que foi ontem no Independência, e isso mostrou que os comandados de Mano Menezes não sabem lidar com partidas em que conseguem ficar com a redonda nos pés.
Vinícius, que vive grande fase e vem se aproveitando das suas chances como titular, brilhou novamente e orgulhou a Massa. O camisa 29 inaugurou o placar no Horto, aos 45 minutos do 1° tempo, após receber de Ricardo Oliveira (que não marca, mas serviu para dar assistência) e não foi só isso. Vina deu trabalho ao rival, distribuiu bem a bola, buscou por ela durante todo o jogo e foi o nome do time mais uma vez, fazendo com que a noite atleticana fosse embalada pelo “Vuc Vuc”.
Na etapa complementar, o adversário já estava no prejuízo e tentava converter sua posse de bola em boas oportunidades para chegar ao empate, mas como já era esperado, novamente não soube jogar comandando as ações do jogo e foi pouco efetivo. Foi o Galo quem marcou novamente, dessa vez com Nathan, que apostou em contra-ataque e marcou nos acréscimos do segundo tempo, liquidando a fatura.
É certo que o comportamento do Galo foi de pura inteligência, já que mudou seu estilo de jogo para envolver o adversário. Apesar de ter desperdiçado chances de matar o jogo o quanto antes, dar a bola a um time que sempre jogou se esquivando dela para priorizar sua defesa foi uma tacada de mestre. Rodrigo Santana se aproveitou da maior fraqueza de Mano Menezes, o que nos faz lamentar apenas o fato de isso não ter acontecido antes, pela Copa do Brasil.
Fica também a ressalva de que o placar poderia ser mais elástico e só não o foi por conta da arbitragem. É verdade que o goleiro Fábio fez boas defesas, uma delas em belo chute de Cazares, mas os pênaltis não dados ao Galo, mesmo após as análises do VAR – que em nada nos foram úteis – demonstraram que Vuaden não tinha a melhor das intenções. A cada dia fica mais difícil lidar com a despreparada arbitragem brasileira sem perder a paciência, já que a mesma faz mau uso de uma ferramenta que deveria impedir injustiças no futebol e se perde em lances simples.
Mesmo sem a sua maior referência no gol, a defesa atleticana vem funcionando bem, o que explica a marca de quatro jogos sem sofrer gols. Cleiton vem mostrando a cada partida que não é apenas um substituto para Victor, mas sim um arqueiro que merece a titularidade pelo bom trabalho feito e por estar mais preparado hoje em dia. Na melhor chance do adversário no jogo, fez grande defesa em chute de Henrique e impediu o que seria um gol certo do rival. Mesmo quando Victor estiver à disposição, o mais correto é que Rodrigo Santana mantenha o camisa 40 no time titular, por uma questão de justiça. A história do Santo ninguém apaga, mas futebol é momento e os medalhões devem entender isso sem questionar as escolhas do seu comandante.
O Atlético de Rodrigo Santana vem mostrando não priorizar apenas o resultado, mas também o desempenho. Em suas últimas partidas, faltou ao Galo uma maior objetividade quando estava com a bola, mas ontem, mesmo sem tê-la por muito tempo e jogando de uma maneira diferente, agiu de forma efetiva e alcançou a vitória. Isso demonstra evolução, que é exatamente o que precisamos agora para fazer a temporada 2019 valer a pena.
Se manter bem no Campeonato Brasileiro, afundar o rival na zona de rebaixamento e fazer com que o treinador adversário prove do seu próprio veneno não tem preço. O Galo contribuiu para que a crise que se instalou no Barro Preto aumentasse e poderia estar melhor colocado na tabela, caso não tivesse perdido alguns pontos bobos até aqui contra times como Fortaleza e Goiás.
Intensidade, disputa pela bola até o último momento, jogo inteligente e poucas falhas: foi assim que a equipe atleticana venceu mais uma no Brasileirão, manteve a freguesia do rival e mostrou que o clássico das Minas Gerais tem dono: o Galo!
Ficha técnica
Atlético-MG x Crüzeiro
Motivo: 13ª rodada do Brasileirão
Local: Independência, em Belo Horizonte (MG)
Data: 4 de agosto de 2019 (domingo)
Horário: às 19h (de Brasília)
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS)
Assistentes: Fabricio Vilarinho da Silva (Fifa/GO) e Neuza Ines Back (Fifa/SP)
VAR: Daniel Nobre Bins (RS)
Gols: Vina – 45’/1ºT (1-0); Nathan – 46’/2ºT (2-0)
Cartão amarelo: Elias, Jair (Atlético-MG); Luis Orejuela, Thiago Neves, Fred (Crüzeiro)
Atlético-MG
Cleiton; Patric, Igor Rabello, Réver e Fábio Santos; Jair, Elias, Vina (Nathan) e Juan Cazares (Geuvânio); Yimmi Chará e Ricardo Oliveira (Rafael Papagaio).
Técnico: Rodrigo Santana.
Crüzeiro
Fábio; Orejuela, Dedé, Léo e Egídio; Henrique, Ariel Cabral (Robinho), Thiago Neves (David) e Marquinhos Gabriel; Pedro Rocha (Sassá) e Fred.
Técnico: Mano Menezes