À mulher de César…
Por: Prof Denilson Rocha
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Nos últimos dias, os noticiários esportivos voltaram a se misturar com as páginas policiais. Felizmente, o Galo não esteve presente nas manchetes, mas não devemos nos esquecer que, eu um passado recente, vivíamos com notícias de processos trabalhistas, penhoras e confusões. Mais que “zoar” o rival, precisamos avaliar nossos próprios problemas e adotar as medidas para proteger o clube.
Por muito tempo – especialmente no pós-2013 – ouvimos analistas apontando como as contas do Atlético não fechavam. “Medalhões”, aumento considerável nos custos e na folha, endividamento… A fala tradicional era de que “a conta vai chegar”. E deixava muitos de nós, torcedores, bravos, irritados. Por que se falar tanto dos problemas do Galo enquanto outros estavam iguais ou piores?
Ainda hoje, muitos de nós continuam acreditando no “devo não nego, pago quando puder”, imaginando que nada mudou e que não terão coragem de aplicar punições. Mas o mundo mudou. E quem está disposto ao risco de não pagar e sofrer as punições? Quer não pagar para ver?
Se a atual diretoria do Galo teve inúmeros erros no futebol, especialmente na montagem do elenco, administrativamente vem desarmando a bomba relógio que estava prestes a explodir. As diversas dívidas junto a outros clubes estavam na FIFA e, uma a uma, seu prazo de pagamento ia ficando cada vez menor e as punições cada vez mais próximas. A cada dia uma bomba era desarmada – Victor, Tardelli, Otero…
Político sabe que obra de saneamento não aparece e, portanto, não dá voto. E gestor de futebol sabe que pagar dívida também não agrada a torcida – e, nos tempos atuais, também não dá voto. Gestor de futebol sabe que o que agrada torcida é contratação de jogador importante e ganhar jogos e títulos. A questão é que não deveria ser coisa excludente: ter um time competitivo e disputando títulos não é impedimento para pagar as dívidas. Ao contrário, atrai patrocínios, ganha premiações, aumenta receitas e ajuda a colocar as contas em ordem. A questão é, então, o equilíbrio entre time e gestão. Do lado de cá da Lagoa, o foco foi na gestão e o esportivo ficou prejudicado. No lado de lá, vieram os títulos, mas a conta chegou.
Al Capone, considerado o maior mafioso da história, somente foi preso e condenado por sonegação de impostos, pois conseguia ocultar seus negócios ilícitos. Sem afirmar existir qualquer ilicitude – não temos o poder ou a capacidade para tal julgamento –, o outro lado da Lagoa também foi abalado por algo diferente do que se esperava. Todos sabiam que a conta não estava fechando, mas foi o balanço patrimonial, com o registro de uma transação de maneira questionável, que chamou atenção e levou a todas as denúncias agora publicadas.
E esse é nosso ponto sensível: o balanço patrimonial do Galo consegue ser um dos menos transparentes dentre todos os clubes brasileiros. Traz muito menos informações, inclusive, que o do rival. A página de transparência no portal do Atlético nos dá vergonha quando comparada às publicações de Flamengo, Grêmio ou Inter, por exemplo. Existe um movimento para que os balanços sejam melhor detalhados, com mais informações e análises; para prestação de contas em prazos menores, em geral, trimestralmente, com apresentações públicas e exposição dos números dos clubes. Mas o Galo não faz parte desse movimento. Ao contrário, o último balanço teve menos informações que o dos anos anteriores. Não há transparência, não há prestação de contas à torcida.
Se as notícias do outro lado da Lagoa envolvem legalidade e moralidade, buscar olhar o que acontece no nosso lado não tem qualquer insinuação, suspeita ou afirmação quanto a estes quesitos. Ainda que possamos questionar várias das decisões tomadas na gestão atleticana, uma grande conquista dessa diretoria é a recuperação da credibilidade do clube. Estão pagando dívidas e limpando a casa. Mas não é suficiente. Como diz o ditado, “à mulher de César não basta ser honesta, é preciso parecer honesta”. É preciso transparência, porque “a mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita”.