Cem por cento: Galo vence o Ceará.

 

 

Os três primeiros jogos enfrentados pelo Galo no Brasileirão foram contra equipes frágeis em termos de técnica. Mesmo assim, é difícil apontar algum atleticano, por mais otimista que seja, que tenha imaginado três vitórias. O Atlético só havia vencido as três primeiras partidas do Campeonato Brasileiro em 1977 e 1980, portanto, o triunfo de ontem ainda nos rendeu um feito histórico, por incrível que pareça.

Ontem, contra o Ceará, a vitória foi alcançada no último minuto. A sensação de virar um jogo e conseguir três pontos quando o cenário parecia ser de apenas um é sensacional. No entanto, mesmo com os cem por cento de aproveitamento, o time ainda nos traz preocupação.

O gol do adversário foi alcançado muito mais por demérito dos defensores atleticanos que por qualidade dos jogadores cearenses. Isso não só pelo fato de Rever ter sido o último a tocar na bola, mas pela maneira como os rivais chegam à área do Galo tão facilmente. A impressão é que às vezes falta perna, ou simplesmente vontade para haver a marcação necessária em cima de quem possa balançar as redes de Victor.

O time está muito mais organizado sob o comando de Rodrigo Santana, mas sem boas peças para reforçar o elenco fica difícil imaginar uma boa sequência no Brasileirão. Atualmente, o Galo joga no erro dos adversários, se aproveita de contra-ataques e consegue seus gols pouco a pouco, porém, também erra bastante defensivamente e proporciona alguns bons momentos aos seus rivais.

No Galo também não há uma interação entre meio de campo e ataque, a falta de criatividade para criar jogadas é grande, tanto é que a bola parada foi quem nos salvou. A falta da famosa cabeça pensante entre os onze é refletida dentro das quatro linhas, jogo a jogo.

Maicon Bolt vem se apresentando muito mal há tantos jogos que nem chega a surpreender, destoa da maioria da equipe e não acrescenta em nada.

Apontar as falhas de Fábio Santos e sua falta de jeito com a redonda, o que compromete toda a equipe, já virou rotina. Um lateral esquerdo que chegue para ser titular e desbancar o ex-Corinthians talvez seja a maior das nossas necessidades.

Em contrapartida, Guga mostrou uma evolução na lateral direita. O jovem jogador não vinha atuando de maneira muito segura, inclusive perdeu a bola para Ricardo Bueno no gol do Ceará, mas ontem foi de suma importância para o triunfo atleticano. Apoiou bem o ataque e participou diretamente do resultado sendo o responsável pelas duas assistências, mesmo passando por um momento difícil em sua vida pessoal.

No meio de campo, Nathan fez mais uma boa apresentação. Isso não se trata somente do gol, mas o empenho e a boa movimentação do camisa 23 foram essenciais para a vitória, tanto é que após sua saída o pouco de criatividade com que o time trabalhava acabou.

Elias, que merece grande parte das críticas que recebe, vem se mostrando muito bem posicionado em campo neste início de Brasileirão e deixa claro que qualidade nunca lhe faltou. Um bom jogador, tecnicamente qualificado e que cresceu nas mãos de Rodrigo Santana. O que se espera é que sua falta de empenho e despreocupação, tão conhecidas por aqui, sejam deixadas de lado definitivamente.

No segundo tempo, o time mostrou uma queda muito grande de produção. Atletas que não estão muito bem preparados para jogar os 90 minutos em um mesmo nível só reforçam que o preparo físico da equipe não é dos melhores. Sendo assim, os reforços ao Atlético não podem se limitar apenas a jogadores. Precisamos de um time mais rápido, do início ao fim do jogo, e isso passa por um bom preparador.

O Ceará não é um primor em termos de técnica, até abafou há poucos dias o que alguns desavisados chamam de melhor elenco do Brasil, mas realmente não impõe grandes dificuldades. Justamente por isso, a vitória de ontem foi importantíssima.

O Galo soube se aproveitar da fragilidade do adversário e mesmo não fazendo uma partida impecável, se superou durante o jogo e conseguiu alcançar a virada. Somar mais três pontos e ter este aproveitamento perfeito no início do Campeonato Brasileiro também é importante para dar confiança ao plantel e ao comandante do time.

A sequência no Brasileirão não é nada fácil, enfrentaremos três grandes equipes e que atualmente são muito mais qualificadas que a nossa: Palmeiras, Flamengo e Grêmio. Se os pontos não vierem, não será surpreendente, mas não custa pagar para ver os resultados.

Fato é que a equipe vem evoluindo, não demonstra mais aquela despreocupação com o que mostra o placar e aparenta treinar de verdade, muito diferente do que acontecia nos tempos de Levir Culpi.

As três vitórias, os cem por cento de aproveitamento e a liderança provisória não devem ser fatores para iludir o torcedor. O início do campeonato é bom, ganhar de virada é melhor ainda, mas nós ainda sabemos que os erros existem e onde eles estão. Reconhecer as falhas é o primeiro passo para reparar o que está incorreto e só então melhorar.

No mais, nove pontos já foram, seguimos contando.

Ficha técnica:
CEARÁ 1×2 ATLÉTICO-MG
Motivo: 3ª rodada do Brasileirão
Data/Hora: 04/05/2019, às 21h (de Brasília) Local: Castelão, em Fortaleza (CE)
Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP) Assistentes: Alex Ang Ribeiro (SP) e Bruno Salgado Rizo (SP)
Árbitro de vídeo: José Cláudio Rocha Filho (SP)
GOLS: Ricardo Bueno, 23’1ºT (1-0); Nathan, 26’2ºT (1-1); Jair, 47’2ºT (1-2)
Cartões amarelos: Jair (CAM)
Cartões vermelhos: Não houveram Público/Renda: 16.815 / R$181.088,00
Ceará: Diogo Silva; Samuel Xavier, Tiago Alves, Luiz Otávio e Thiago Carleto; Fabinho, Edinho; Ricardinho (Bergson, 18’2ºT); Chico (Mateus Gonçalves, 27’2ºT) e Fernando Sobral; Ricardo Bueno (Pedro Ken, 35’2ºT). Técnico: Luís Fernando Flores (Enderson Moreira).

Atlético-MG: Victor; Guga, Rever, Igor Rabello e Fábio Santos; José Welison, Elias e Nathan (Jair); Geuvânio (Maicon Bolt), Chará e Ricardo Oliveira (Papagaio)
Técnico: Rodrigo Santana (interino)

 

POR: JÉSSICA SILVA.

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